A companhia Histrión Teatro, de Granada, estreou, em Outubro de 2009 no Teatro Central de Sevilla, e pode ver-se agora em Madrid, mais uma vez no âmbito do Festival de Otoño en Primavera, a peça "Los Corderos", ou, mais exactamente, "Del maravilloso mundo de los animales: Los corderos". A peça foi escrita e encenada por Daniel Veronese, um homem de teatro com uma carreira volumosa e saliente, Director do Festival Internacional de Teatro de Buenos Aires e membro fundador do mítico grupo Periférico de Objetos, e é uma paródia dura à sociedade moderna nos aspectos em que ela nos colhe na suposta intimidade.
Ponto de partida: Gómez aparece amarrado e vendado na casa de Berta, sua ex-mulher, à qual não vê há vinte anos. E não compreende a que vem isso. E também não vai ser fácil explicar-lho. E, contudo, …
Em Los Corderos, essa parte do “maravilhoso mundo dos animais”, os “reencontros familiares” podem ser falsos e afinal reproduzir “cá dentro” a ferocidade do mundo de “lá fora” e a degradação das relações humanas em campo social aberto. A violência da dissolução, o simulacro preenchido com desamor, indiferença e desconhecimento, quando não incesto e violência, não são mais fáceis do que o bairro cheio de olhos críticos disfarçados de vizinhos acolhedores.
Num muito pequeno espaço (2,5 metros quadrados, seria?), uma espécie de sala mal enjorcada, ali mesmo à nossa frente sem nenhum tipo de intervalo arquitectónico, actores como se fossem gente real, uma violência nada gratuita, uma companhia que já andou pelos clássicos e desde há algum tempo se dedica a entrar pelas frigideiras dentro. Foi isto. A pressão era aliviada, de vez em quando, com um traço de humor: que algum do público, significativamente, aproveitava logo. A malta ria-se porque estava mesmo com medo de sobrar para os espectadores... (parecia).