Lembram-se daquela "notícia" da suposta espionagem da Presidência que teria sido feita pelo Governo? E do papel que o Público teve no assunto?
Para ajuizar das coisas "sãs" que certos órgãos de comunicação social andam a fazer, vale a pena ler o que apurou o Provedor do Leitor, uma instância do próprio jornal, que publica no próprio jornal, neste domingo. Está, na íntegra, aqui: Subitamente neste Verão. O Provedor promete voltar ao assunto no próximo domingo.
Deixamos, entretanto, alguns excertos.
Este caso não só se reveste de enormes implicações, por estar em causa a relação entre dois órgãos de soberania, como suscita diversas questões relacionadas com a prática jornalística, o que levou o provedor a aprofundar a sua investigação muito para lá da queixa do adjunto governamental, abrangendo todo o procedimento do PÚBLICO no processo.
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Salvo melhor prova, tudo não passa de um indício, sim, mas de paranóia, oriunda do Palácio de Belém. Só que tal manifestação é em si já notícia, porque revela a intenção deliberada de alguém próximo do PR minar a relação institucional (ou a "cooperação estratégica") com o Governo.
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Pelo que o provedor percebeu, só há uma fonte, que é sempre o mesmo colaborador presidencial que tomou a iniciativa de falar ao PÚBLICO em 2008, mas este milagre da multiplicação das fontes é uma velha pecha do jornalismo político português e não vale a pena perder agora mais tempo com ela.
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Solicitados pelo provedor a explicar por que razão os dados recolhidos há ano e meio por T.N. [Tolentino de Nóbrega], e que de algum modo contrariavam a versão do assessor de Belém, não entraram na notícia sobre o "espião" de S. Bento, nem J.M.F. [José Manuel Fernandes] nem L.A. [Luciano Alvarez] responderam (S.J.A. [São José Almeida] disse que a parte sobre R.P.F. não foi da sua responsabilidade, mas sim de L.A.).
Como o leitor já terá intuído chegado a este ponto, estamos perante um caso que se reveste de grande complexidade e gravidade, pelo que ao provedor não é possível esgotar a sua análise numa única crónica. Voltaremos ao assunto no próximo domingo.
Esperamos, francamente, que muitos dos "casos" que por aí andam sejam, mais cedo do que tarde, devidamente esclarecidos. Ou, como vai tornar-se popular dizer dentro de poucos dias, sejam devidamente esmiuçados.