10.9.25
O que é isso rearmar a Europa?
6.9.25
Mini-podcast 6 - Uma comissão para o 25 de novembro?

5.9.25
É preciso uma comissão para os 50 anos do 25 de novembro?
Não sou fã da designação desta rubrica - Duelo - , mas trata-se de um espaço tradicional de opiniões contraditórias no Expresso. Na edição de hoje, na habitual página 2, opino quanto ao expediente de criar uma comissão para comemorar o 25 de novembro. Deixo aqui, para registo, o texto.
***
Entre o derrube da ditadura e a institucionalização da
democracia, a liberdade andou à procura dos seus caminhos e essa procura teve
percalços: 28 de setembro de 1974, 11 de março e 25 de novembro de 1975. Comemorar
o 25 de abril é comemorar o resultado: a democracia constitucional vivida em
paz. É sarar feridas entre democratas. Pelo contrário, insistir nos passos em
falso, nas divisões, é salgar as feridas por despudor político.
No 25 de novembro houve duas classes de perdedores. Os que
perderam, porque se achavam os donos da legitimidade revolucionária e queriam
sobrepor a legitimidade revolucionária à legitimidade democrática, aferida pelo
voto popular em eleições livres. Esses perderam, porque no 25 de novembro
prevaleceu a continuidade do processo de construção constitucional e foi
afastado o cenário de o rumo político do país poder ser imposto por correntes minoritárias
apoiadas em sectores militares. Também perderam, por outro lado, aqueles que
queriam aproveitar a oportunidade para mutilar o pluralismo político-partidário
e voltar a atirar para a clandestinidade uma parte da esquerda portuguesa: os
que quiseram ilegalizar o PCP (ou, talvez: começar por ilegalizar o PCP).
Os únicos que saíram vencedores do 25 de novembro foram
aqueles que permaneceram fiéis à ideia de que a democracia representativa é
para todos. Foi o caso do PS, sob a liderança de Mário Soares, entre os civis.
Foi o caso de Melo Antunes e os seus colegas do Grupo dos Nove, entre os
militares. Aí não temos, pois, lições a receber de ninguém.
O país não merece ficar pendente da guerrilha dos que tentam
relativizar a importância histórica singular do 25 de Abril. O 25 de novembro é
um momento do processo aberto a 25 de abril de 1974 e é nesse quadro que o
devemos lembrar e sobre ele refletir. Como, sobre isto, dizia o General Ramalho
Eanes há alguns anos: “Os momentos fraturantes não se comemoram, recordam-se
apenas para refletir sobre eles.”
Mário Soares entregou o bastão de marechal a Spínola e
apoiou a amnistia a Otelo, duas personagens envolvidas com promotores de atividades
terroristas. E explicou que, compreendendo a legítima discordância das vítimas,
“não podemos viver 20 anos a pensar sempre no passado; temos de olhar para a
frente e dar passos no sentido da reconciliação nacional”. Fechar feridas. Tudo
o contrário de criar comissões para confortar politicamente quem se sente
incomodado com o 25 de Abril e quer produzir, artificialmente, alternativas à
sua comemoração, para a diminuir.
Porfírio Silva
(Deputado do PS)

20.7.25
Imigração: assumir esta reforma estrutural

18.7.25
Um risco existencial ameaça o PS
Intróito. Há momentos em que seria mais cómodo estar calado.
É nesses momentos que é preciso falar. Ir ao que dói. Alertar para os perigos.
Deixarmos de tratar com paninhos de lã o que ameaça o essencial. Por isso
escrevo hoje.
***
1. Quando, em 1969, as tropas do Pacto de Varsóvia, sob o comando da União Soviética, invadiram a Checoslováquia para impedir o “socialismo de rosto humano”, o processo de reformas democratizantes que tinha sido lançado pelo Partido Comunista daquele país, essa invasão abalou politicamente a esquerda, em especial os comunistas ocidentais. Por muitas razões políticas que separassem os observadores de esquerda daqueles acontecimentos, a rutura provocada foi uma rutura emocional: havia quem tolerasse a invasão de “um país socialista” por outro “país socialista” e engolisse as “explicações” ortodoxas – e havia quem não encontrasse maneira de tolerar tal ato de violência em nome do “socialismo real”. Foi um trauma para os comunistas ocidentais e mudou muita coisa na história desse movimento. Aconteceu aí um choque de emoções políticas que as razões não conseguiram conter.
O que interessa isto agora? Vejamos.
3. Quando, dentro de um partido, as emoções dividem, esse partido está em risco existencial. A própria viabilidade do coletivo estará em causa se, perante alguma opção séria, deixarmos o terreno das diferenças de opinião e passarmos ao terreno das diferenças de emoção. Quando uns olharem para uma situação real e a sentirem como humanamente insuportável, enquanto outros a consideram apenas um problema a resolver com as ferramentas da gestão legal, temos uma brecha perigosa perante nós. Sentirmo-nos violentados na nossa sensibilidade por qualquer coisa que outros consideram apenas um assunto a ser gerido pelas ferramentas legais que estejam mais à mão, já não é somente uma matéria de debate racional. Sem deixar também de ser isso, passou a ser um choque de emoções. Aí, estaremos noutro patamar. E o patamar das emoções democráticas é indispensável à democracia.
Um coletivo partidário afetado por um choque de emoções, que o divida, é um coletivo partidário em risco existencial. Lembro sempre (faço-o há alguns anos, dentro do meu partido e na praça pública) que os partidos também morrem. Os partidos podem morrer por variadas razões. Algumas dizem respeito apenas ao ecossistema: alguém passa a representar melhor os que eram representados por esse partido. Mas, as razões mais dolorosas para um partido morrer verificam-se quando a sua degenerescência vem de dentro. Quando as emoções de uns deixam de jogar com as emoções de outros.
Atentemos: a existência de um choque de emoções não significa que as razões estejam todas de um lado e o outro lado não tenha razão nenhuma. Raramente, num confronto, um lado tem todas as razões e o outro lado não tem razões nenhumas. Só que isso conta pouco como primeiro patamar de um choque de emoções. O choque de razões pode ser dirimido racionalmente. O choque de emoções pode ser impossível de sanar ou, pelo menos, custar muito suor e lágrimas – e muito tempo – para ser sanado. Podemos fazer marcha atrás num confronto de razões: amainar, arredondar, compor, articular, negociar. Não há, de imediato, nada que remedeie um choque de emoções.
Exemplo prático. Vemos crianças a dormir ao relento por efeito de uma ação de uma autoridade pública. As razões trocadas acerca da situação podem não estar exclusivamente, todas, em qualquer dos lados que se posicionam face à situação. Um debate racional acerca da situação podia ser viável. Só que é impossível juntar no mesmo barco os que se arrepiam por essa situação ter sido causada, os que veem essas crianças como o primordial problema do que está em causa, e os que encontram uma imensa lista de justificações para a ação que causou essa situação. O debate racional acerca da situação podia ser gerível; o choque de emoções básicas envolvidas não é gerível.
O choque de emoções básicas, tal como o tenho vindo a refletir aqui, tem todo o potencial para destruir por dentro uma agremiação política, um coletivo partidário. Este choque de emoções básicas nunca antes tinha acontecido no PS. Está a acontecer agora.

14.7.25
A democracia não é um mercado
Em 2002, nas eleições de 17 de março, o PS teve uma das suas derrotas tangenciais: Ferro Rodrigues, numa situação de partida muito desfavorável, acabou por perder para Durão Barroso por cerca de 130 mil votos.
9.7.25
"Sempre que um homem sonha"
Para a edição de ontem do Acção Socialista digital diário, o novo Diretor, Pedro Cegonho, propôs-me que escrevesse um "Editorial Convidado" (ali, o editorial costuma estar reservado ao diretor - daí o "convidado").
Aceitei e aproveitei para clarificar, um pouco, o meu entendimento do que deve a imprensa partidária de um partido profundamente plural como é o PS.

7.7.25
Mini-podcast 4 - Entre a Democracia e a Oligarquia

30.6.25
Entre a Democracia e a Oligarquia
ENTRE A DEMOCRACIA E A OLIGARQUIA
