7.12.11

uma guerra civil a prestações.


Passo a citar:
A alma colectiva e a alma infantil reagem de forma muito semelhante. Os conceitos com que se alimentam e se mobilizam as massas nunca serão suficientemente infantis. Para que as verdadeiras ideias se convertam em forças históricas capazes de influenciar as massas, têm primeiro de ser simplificadas de forma a poderem ser compreendidas por uma criança. E uma quimera pueril, forjada no cérebro imaturo de crianças da geração então rondando os dez anos, e aí permanecendo durante quatro anos, pode perfeitamente reflectir-se vinte anos depois na política em grande escala, como "ideologia" de uma seriedade letal.
Sebastian Haffner, História de um Alemão. Memórias. 1914-1933, Dom Quixote, p. 29

A infantilização continua a ser um programa muito popular. Depois de ter sido adoptado como programa para gerir povos, dentro de nações onde a democracia se parece cada vez mais com uma guerra civil a prestações, a infantilização está agora a ser adoptada como programa para gerir a Europa. A mestre-escola, mais o menino limpinho que a segue, tomam conta do rebanho; os meninos maus levam com a cana na cabeça para se deixarem de marotices (são sempre os sacanas dos pobres que se lembram de fazer marotices) e, no fim, todos comem um caldinho na cantina social, que será estofo suficiente para passarem a noite. Mas tudo tem um lado bom: o lobo mau, quando vier, encontra morta a avó e a menina há-de estar tão escanzelada que não dará azo a qualquer pecado.