4.3.08

presidente, excelência, acabemos com o esconde-esconde

Apaziguar não é igual a lavar as mãos como Pilatos.
Não pode ser, num país que precisa de fazer rupturas para se reformar. Quer dizer, precisa de mudar de vida. E para isso precisa de fazer muito melhor.
Precisamos, pois, de compreender o significado de certas palavras presidenciais, quando elas querem ser vistas como apaziguadoras.
Quando Cavaco-presidente vem colocar-se acima das partes no confronto entre Ministério da Educação e professores acerca da avaliação, cabe perguntar: o que quer Cavaco como solução para o problema será a receita que ele próprio seguiu quando era primeiro-ministro? Para quem não se lembre, foi: fazemos uma coisa a que chamamos avaliação, mas todos podem ter a nota máxima (como também acontecia na generalidade da função pública). Isto é: fazemos de conta que avaliamos, mas isso não serve para nada e não tem quaisquer consequências.
Devemos a Cavaco-PM mais essa pérola do nosso atraso, mais essa responsabilidade pela debilidade do serviço público. O que Cavaco quer é que o Estado ceda mais uma vez nessa pedra de toque, fugindo às responsabilidades, como ele próprio fez? É para isso que tanto invoca a sua qualidade de ex-governante?
Nesse ponto está sintonizado com os sindicatos e com alguns professores. Mas é nesse ponto que o governo não pode ceder ao esconde-esconde do Presidente, para não perpetuar o esconde-esconde nacional.
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Adenda: O COGIR propõe uma viagem pela blogosfera acerca de professores e avaliação. Útil para quem, interessando-se pelo tema, não é viajante costumeiro deste universo.