Certas classes profissionais fazem manifestações, com os respectivos dirigentes sindicais a pedir aos manifestantes para não levarem bandeiras partidárias (para não se ver o real empenhamento partidário?). Partidos da oposição fazem manifestações para mostrar as cores: os cartões de militante, as suas palavras de ordem. Todos estão no seu direito. É também disso que vive a democracia.
Entretanto, o partido que apoia o governo anuncia um comício e surge um ramalhete de vozes a criticar o descaramento do PS em se atrever. Em se trever a mostrar publicamente as suas posições. Vários, designadamente na blogosfera, dizem que isso é comparável às manifestações de apoio ao regime do Estado Novo. Essas vozes, para quem as liberdades só valem para aqueles que partilhem as nossas ideias, só podem merecer o epíteto de vozes fascistas de serviço à blogosfera. É o fascismo tolo de quem não mede as suas palavras, ou não sabe o que elas querem dizer, mas o impulso fascista está lá. É o impulso dos que julgam que cabe aos iluminados determinar quem é povo e quem é anti-povo, e que ainda pretendem que o "povo" tem o direito de mandar calar o "anti-povo".
Será que o PS, para se manifestar publicamente, tem de fugir às regras de convocação de manifestações, fazê-lo a encoberto, clandestinamente, tipo gato escondido com o rabo de fora, como outros fazem sistematicamente para fazer alastrar o desrespeito pelas leis?
Será que o PS, para se manifestar publicamente, tem de convocar por SMSs anónimos?
Coisa que não acontece há milhões de anos, começo a suspeitar que dia 15 de Março vou a um comício. Ao do PS no Porto. E nem vou dar a desculpa de ir ver umas exposições (o que é verdade) e visitar uns amigos (o que também é verdade).