O actual momento social e político na Turquia constitui uma boa oportunidade para reflectir sobre um tema fundamental: a eventual adesão desse país à União Europeia.
Sejamos breves. Muitos têm dúvidas acerca da bondade dessa adesão. Outros respondem acusando os autores dessas dúvidas de quererem que a UE seja um "clube cristão", supondo que a oposição à adesão turca é uma rejeição cultural-religiosa. Nós, é claro, não equacionamos a religião como um motivo de apreciação de qualquer adesão: basta lembrar o papel actualmente representado pela Polónia na UE, para vermos um catolicíssimo país a agir como um terrorista institucional dominado pelo egoísmo nacional, pela irresponsabilidade e pelo mais rasteiro desrespeito pelas normas da convivência. Não, a questão com a Turquia não é essa. Não é a diferença de religião que está em causa.
A actual situação turca relembra outro aspecto da questão. Mais uma vez, como ciclicamente tem acontecido desde há muitos anos, são os militares que colocam o seu peso na balança para preservar o carácter laico do estado turco e para impedir que a república seja tomada por aqueles que, mais depressa ou mais devagar, a querem transformar num "braço secular" de uma certa visão religiosa do mundo. Se não fossem os militares turcos e as suas intervenções, umas vezes mais próximas do golpe de estado e outras vezes mais aparentadas com conselhos amigáveis, a Turquia há muito que teria soçobrado ao obscurantismo de feição muçulmana. Os militares têm sido, na Turquia, o seguro de vida dos que querem viver num país relativamente "moderno".
Ora, o problema que se põe com a eventual adesão da Turquia à UE é este: não poderíamos, depois, permitir que os militares dessem golpes de estado num país membro da União! Desculpem o cinismo: a Turquia não pode aderir à União Europeia pela simples razão de que não devemos impedir os militares turcos de continuarem a exercer o seu papel moderador nessa república sempre à beira do abismo obscurantista.
Sejamos breves. Muitos têm dúvidas acerca da bondade dessa adesão. Outros respondem acusando os autores dessas dúvidas de quererem que a UE seja um "clube cristão", supondo que a oposição à adesão turca é uma rejeição cultural-religiosa. Nós, é claro, não equacionamos a religião como um motivo de apreciação de qualquer adesão: basta lembrar o papel actualmente representado pela Polónia na UE, para vermos um catolicíssimo país a agir como um terrorista institucional dominado pelo egoísmo nacional, pela irresponsabilidade e pelo mais rasteiro desrespeito pelas normas da convivência. Não, a questão com a Turquia não é essa. Não é a diferença de religião que está em causa.
A actual situação turca relembra outro aspecto da questão. Mais uma vez, como ciclicamente tem acontecido desde há muitos anos, são os militares que colocam o seu peso na balança para preservar o carácter laico do estado turco e para impedir que a república seja tomada por aqueles que, mais depressa ou mais devagar, a querem transformar num "braço secular" de uma certa visão religiosa do mundo. Se não fossem os militares turcos e as suas intervenções, umas vezes mais próximas do golpe de estado e outras vezes mais aparentadas com conselhos amigáveis, a Turquia há muito que teria soçobrado ao obscurantismo de feição muçulmana. Os militares têm sido, na Turquia, o seguro de vida dos que querem viver num país relativamente "moderno".
Ora, o problema que se põe com a eventual adesão da Turquia à UE é este: não poderíamos, depois, permitir que os militares dessem golpes de estado num país membro da União! Desculpem o cinismo: a Turquia não pode aderir à União Europeia pela simples razão de que não devemos impedir os militares turcos de continuarem a exercer o seu papel moderador nessa república sempre à beira do abismo obscurantista.