9.5.07

Leviathan de trazer por casa


Parece ter-se generalizado o discurso de que o nosso país vive em gravíssima falta de liberdade. Em sufoco. Debaixo da pata controladora de uma só pessoa. Com a imprensa (quase) amordaçada.

Uma única qualificação encontro para esse discurso: ridículo. Esse discurso vem, as mais das vezes, dos que sentem os seus privilégios ameaçados. Daqueles que pensavam que todos podiam ser alvos de políticas públicas, excepto eles próprios.

Há neste país quem não tenha acesso à palavra. Há, sim senhor. Mas são os mesmos de sempre: os pobres, os velhos, os que trabalham até se esquecerem de que a liberdade existe, os pequeníssimos agricultores dos recantos esquecidos, as vítimas das redes de imigração clandestina e do tráfico de seres humanos. Por exemplo. Esses não têm acesso à palavra. Estão tão radicalmente desprovidos de palavra que nem pensam em falar.

Esses não podem escrever nos jornais todos os dias que não têm acesso à palavra. Mas não é nesses que pensam os que se queixam de falta de liberdade.

Cuidado com gritar pelo lobo...