5.7.13

o meu burrico desvalorizou.


Na segunda-feira passada, ia eu com o meu burrico a caminho da feira, encontrei o compadre Manel que me disse: "Compadre, se me quiser vender o burrico dou-lhe 10 contos de réis por ele." Agradeci e segui.

Na terça-feira, encontrámos de novo o compadre Manel, desta feita junto ao chafariz cá da terra. Disse-me, voltando à mesma tecla: "Compadre, venda-me o burrico que lhe dou 5 mil réis." Gracejei qualquer coisa e andei. E pensei cá para mim: andas variando, compadre.

Comentário dos nossos comentadores políticos de serviço: o meu burrico desvalorizou 50% num só dia.

Só que o meu burrico continua o mesmo, nem mais gordo nem mais magro. E preciso dele para o trabalho, é isso que ele me vale: o meu burrico não está à venda. As variações de humor do compadre Manel só teriam importância se eu tivesse de vender o burrico. Não servem para determinar como se resolve a crise. (Como não estamos a financiar-nos nos mercados e estamos com os dois pulmões emprestados pelo Banco Central Europeu, o nosso burrico não está à venda, apesar das larachas do compadre Manel. Quem tiver ouvidos para ouvir, qu'ouça.)