Há muitos anos li na revista semanal "Opção" (quem se lembra?) um conto, do qual ainda me lembro do acontecimento-chave. Apenas isto: um homem em cadeira de rodas está junto a um declive acentuado e pede insistentemente à pessoa que empurra a cadeira que o aproxime mais da beira, desprotegida, "para ver a vista", apesar da cautelosa resistência do cuidador. Chegado, afinal, junto da beira, impulsiona bruscamente as rodas para se lançar no precipício, ao mesmo tempo que, caindo, vai gritando como se em desespero, bem alto para ser ouvido pelos circunstantes: "tem pena de mim, não me empurres, não me mates".
Esta é a cena preferido do governo que temos.