18.9.12

a tomada da pastilha.


~bucz, sem titulo

Lendo algumas opiniões disponíveis na blogosfera e nas redes sociais acerca das manifestações do passado dia 15, duas coisas me espantam.
A primeira: há quem julgue que não aconteceu nada, ou que o que se passou foi uma mera passeata de portugueses irresponsáveis. Sobre isso não há muito dizer: todos os governos têm os seus tolinhos de serviço, capazes de matar o pai e a mãe e os irmãos em lugar de reconhecer quando se fazem disparates e as pessoas se cansam.
A segunda: há quem julgue que os portugueses detestam a troika, os credores, o equilíbrio orçamental, que são partidários do "não pagamos" e de optarmos pelo estatuto de pária na economia internacional, marimbando-se para os compromissos assumidos por Portugal em troca de dinheiro fresco. Acho completamente errada essa leitura: creio que a maioria esmagadora dos portugueses acredita que temos de pagar o que nos emprestaram, que temos de endividar-nos menos e só para o que seja importante. E creio que a esmagadora maioria dos portugueses "apenas" exige que não haja filhos e enteados, que o governo tenha juízo e não se sinta livre para fazer o que lhe der na real gana, que a manta não seja curta só para alguns, que se gira com muito cuidado o produto dos nossos sacrifícios.
Afinal, já toda a gente o disse: as pessoas querem equidade.
Confundir isso com o apoio da maioria dos portugueses ao "não pagamos", é um abuso. E, sejamos claros, as pessoas estão tão fartas dos abusos dos "austeritários" como dos abusos dos "revolucionários" que interpretam as nossas dores como vermelhidão e vontade de tomar de novo a Bastilha.
Há que não confundir as dores da "tomada da Bastilha" com as da "toma da pastilha"...