13.5.11

o programa eleitoral IKEA


Pois. Houve tempo em que "o essencial" para o país era o Freeport; a licenciatura de Sócrates; o andar da mãe de Sócrates e as contas ignorantes acerca do mercado imobiliário, para acusar Sócrates de uma imundície qualquer; a sexualidade de Sócrates; os projectos de moradias de Sócrates; Sócrates que andava a espiar Belém.
Até chegaram a fazer uma comissão parlamentar para investigar se Sócrates tinha mentido, para se meter na cabeça das pessoas - mesmo que a comissão parlamentar não concluísse coisíssima nenhuma - que Sócrates é um mentiroso. Foi preciso Mota Amaral zangar-se com os seus correlegionários para o parlamento não fazer um uso perfeitamente abusivo de escutas.
Fizeram desse emporcalhamento da vida política nacional uma ferramenta da política do ódio, cimento essencial para a "esquerda da esquerda" e a direita poderem andar de braço dado como se não fosse nada de estrnhar. E isso passou por espectáculos degradantes como aquela coisa de sexta-feira à hora de jantar na TVI.
Nessas alturas muito menino bonito nunca se lembrou de que era preciso "falar do essencial". Até me lembro de um artigo no Expresso, de um tal Raposo, a gozar com o "respeitinho", quer dizer, a gozar com a ideia de que um mínimo de respeito deve ser... isso: respeitado na vida política.
E agora gostariam de, em nome do "essencial", ter uma comunicação social que desviasse os olhos do espectáculo do "programa eleitoral tipo IKEA": leve as peças para casa e monte você mesmo.