Líderes da UE enfrentam novo teste à unidade na gestão do euro. (Público)
A esquerda europeísta, na qual me incluo há muitos anos, contra os comunistas de várias cores que alimentam mais ou menos descaradamente versões do nacionalismo económico, tinha uma certa ideia da "Europa" (CEE, UE). A ideia era: temos de ganhar escala, aqui neste canto do mundo, para não termos de nos limitar a imitar os "grandes" (os EUA, designadamente) e podermos ser mais "sociais". A dimensão da Europa seria a sua muralha para proteger a sua diferença: um capitalismo menos selvagem, mais protecção de quem trabalha, mais equidade. Assim chegamos a 27 membros da UE, com candidatos à porta e mais em preparativos para o serem.
Ora, a ver como esta crise tem sido gerida, é compreensível que muita gente comece a interrogar-se: vale a pena? Eu acho que não há alternativa, que é dentro da UE que temos de procurar as soluções. Mas parece-me tragicamente certo que a esmagadora maioria dos dirigentes europeus neste momento, a começar pelos "grandes", não perceberam ainda que arriscam o feito histórico de virar definitivamente os povos europeus contra a "Europa". Do imaginário dos Barrosos e das Merkeles não faz parte a ideia de uma Europa mais justa e que, se avança, avança por ter mobilizado o esforço consciente dos povos que precisam de um futuro melhor. A crise trouxe muitas palavras e promessas de mudança - mas, no essencial, está tudo na mesma e, como alguém disse, a finança já está a engendrar a crise seguinte.
E cada vez se percebe menos o que se passa nas reuniões de Bruxelas. Ou, se calhar, até se percebe...