Chega (finalmente, a 10 de Junho) ao circuito comercial o filme documentário Muitos Dias tem o Mês, de Margarida Leitão. Vimos a obra quando ela andava a circular aí pelo circuito dos festivais, a ganhar prémios e reconhecimento, e só podemos aconselhar vivamente: vão ver, vão ver.
Há várias razões para isso.
O tema é actualíssimo: talvez nos ajude a ver que a crise dói - e, ao mesmo tempo, como é que nós, pessoas concretas e discretas, fazemos parte da crise.
O filme é de uma enorme inteligência: mostra o que não quereríamos ver, mas de uma forma que até somos capazes de compreender. Tem um lado pedagógico, mas sem ter esse tom: o que, numa obra de arte, seria um problema de primeira grandeza.
Da inteligência do documentário faz parte a sua inteligência emocional: mostra-nos ao espelho, o que não nos poupa de ver as figuras que fazemos, mas coloca o espelho em posição tal que ele até consegue ser gentil.
A verdade é que este documentário nem parece um documentário, tal a sua poesia. Mas, com tudo isso, não é um objecto mole. Bem pelo contrário: é um acto profético. Se soubermos dar-nos conta disso, claro, já que as profecias são palavras que só abrem caminhos se nós as soubermos ler. Bem assim as imagens em movimento com vidas dentro. Como este filme documentário.
MUITOS DIAS TEM O MÊS é um documentário sobre uma realidade actual na sociedade portuguesa: o endividamento das famílias. Depois da selecção para a competição nacional e na secção ‘Pulsar do Mundo’ no Festival Indie Lisboa 2009, e do Prémio Especial do Júri em Santa Maria da Feira, chega às salas. No cinema City Classic Alvaldade.
Sessões comentadas a partir de 14 de Junho as 19h:
Segunda (14/06): Presidente do Tribunal de Contas - Guilherme Oliveira Martins
Terça (15/06): Psiquiatra - Afonso Albuquerque
Quarta (16/06): Jornalista e Responsável de economia da RTP -Paulo Ferreira
Quinta (17/06): Padre e Poeta Tolentino Mendonça
Sexta (18/06): Sociólogo – Pedro Vasconcelos