18.12.08

castanhas (II)

Como é sabido, há por aí umas teorias económico-políticas que concebem o ser humano como um oportunista voraz, mesmo que pouco sistemático. Essas cabeças entendem que o egoísmo é o motor principal do indivíduo e que a sociedade, bem como a comunidade política, deviam ser estruturadas a contar antes de mais com isso. Alguns desses pensam que, então, cada um de nós engana o próximo sempre que pode. Não vem agora aqui ao caso esmiuçar o assunto, mas ele levou-me (ao longo já de vários anos) a fazer uma experiência.
Sempre que compro castanhas assadas na rua tenho um comportamento que penso seja pouco normal (pelo menos no sentido estatístico). Como, imagino eu, a maior parte das pessoas não se dá ao cuidado de contar as castanhas que compra embrulhadinhas, e não fica sequer ao pé do vendedor a comê-las, porque não haveria o vendedor de colocar, de cada vez, menos uma no embrulhinho? Se fosse descoberto podia sempre, simpaticamente, desculpar-se com um erro. Ora eu, e isto já há vários anos, conto sempre as castanhas que compro (uma dúzia, porque sou comilão). E, este é o resultado, nunca tive menos do que as que paguei. Quando houve desvio, foi para mais. Será que os vendedores de castanhas são sérios - ou, como defendem aqueles teóricos que mencionei acima, o que são é tansos, porque "deveriam" estar a roubar uma castanhinha em cada dúzia este tempo todo?