20.9.07

Vida Artificial, o que é isso? (2/4)

Como é a criação da forma? Há vários caminhos por onde se tenta uma resposta: embriologia, biologia molecular, teorias físicas da auto-organização – e ciência da computação. Em Setembro 1987, no Laboratório Nacional de Los Alamos, teve lugar a primeira conferência sobre vida artificial, organizada por Chris Langton, que tinha vindo a trabalhar em autómatos celulares. (Numa nota posterior explicaremos o que são autómatos celulares.)

Os sete mandamentos da Vida Artificial, seguindo (Langton, 1989). A forma mais ambiciosa da Vida Artificial é passível de ser descrita por sete pontos, sendo essenciais os primeiros quatro e de natureza mais operacional (metodológica) os últimos três.
1. A biologia do possível. Enquanto a biologia actual está limitada a um único exemplo (diz respeito apenas à vida tal como ela existe presentemente neste planeta), a biologia poderia desenvolver-se mais se estudasse todas as formas possíveis de vida. VA segue esse projecto: trata da vida como ela poderia ser.
2. Método sintético. Enquanto a biologia tradicional usa o método de analisar os seres vivos em termos das suas partes constituintes, a VA procura sintetizar processos ou comportamentos vivos (em computadores, por exemplo).
3. Vida (artificial) real. A VA é o estudo de sistemas criados pelos humanos que exibem comportamentos característicos dos sistemas vivos naturais e considera que nas formas de vida artificial só são artificiais as componentes utilizadas (elas são criadas pelos humanos), enquanto os comportamentos produzidos são realmente vida (não são produzidos pelos humanos, mas pelas formas de VA).
4. Toda a vida é forma. A vida, seja o caso concreto que conhecemos ou outros, é forma: a vida é um processo – a lógica, a forma desse processo é que importa. A matéria em que se realiza essa forma não é essencial. A vida é fundamentalmente independente do meio.
5. Construção de baixo para cima. As formas de vida artificial emergem de pequenas unidades de base, às quais são dadas apenas regras simples relativas às suas interacções locais: só isso é programado. É destas interacções locais, definidas apenas para as unidades de base, que surge o comportamento global coerente. Isto contrasta fortemente com a abordagem da AI tradicional.
6. Processamento paralelo. O processamento da informação em VA é massivamente paralelo (cada unidade de base processa informação ao mesmo tempo que todas as outras).
7. Permissão da emergência. Das meras interacções locais das unidades de base emergem comportamentos do todo que não foram programados enquanto tal.


REFERÊNCIA


(Langton, 1989) LANGTON, Christopher G., “Artificial Life”, in LANGTON, Christopher G., (ed.), Artificial Life: The proceedings of an interdisciplinary workshop on the synthesis and simulation of living systems held September, 1987 in Los Alamos, New Mexico, Redwood City, Addison-Wesley, 1989, pp. 1-47