22.5.25

PS, não nos esgotemos em etiquetagem




𝐒𝐞𝐫𝐢𝐚 𝐛𝐨𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐨 𝐏𝐒 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐯𝐞𝐳 𝐧ã𝐨 "𝐝𝐞𝐬𝐩𝐚𝐜𝐡𝐚𝐬𝐬𝐞 𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐠𝐫𝐞𝐬𝐬𝐨",  𝐢𝐧𝐯𝐞𝐧𝐭𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐭𝐞𝐦𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐬ó 𝐬𝐞𝐫𝐯𝐞𝐦 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐞𝐯𝐢𝐭𝐚𝐫, 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐮𝐦𝐚 𝐯𝐞𝐳, 𝐮𝐦𝐚 𝐫𝐞𝐟𝐥𝐞𝐱ã𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐫𝐮𝐭𝐮𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐧𝐝𝐚𝐦𝐨𝐬 𝐚𝐪𝐮𝐢 𝐚 𝐟𝐚𝐳𝐞𝐫.

Antes de se ter iniciado a anterior campanha interna para o Congresso do PS, alertei para a necessidade de não nos reduzirmos a rótulos uns aos outros, porque a etiquetagem serve muito para cimentar tribos, mas não ajuda nada à reflexão e ao debate aberto e livre. (Esta notícia velha que deixo linkada AQUI serve para lembrar isso, que, infelizmente, se mantém actual.) A história de que uns são moderados e outros são de esquerda é apenas um inibidor de pensamento, um dispositivo para evitar discutir os problemas a sério e ficarmos pela rama.

Hoje, repetir o mantra da divisão entre "moderados" e "esquerdistas" (ou centristas e geringonços) dentro do PS é apenas insistir num erro conhecido: a repetição ad nauseum dessa conversa prejudicou muito o esforço de PNS para recentrar o seu próprio discurso (PNS cometeu erros, claro que sim, mas fez um trabalho consistente para tirar razão a quem previa que ele iria radicalizar a orientação política do PS, coisa que não fez, pelo contrário).

Por outro lado, esse tipo de conversa desvia-nos de outros debates necessários. Por exemplo, a prioridade parece-me, agora, saber como evitamos que perder as eleições se traduza em perder também o regime constitucional em que vivemos.

E, ainda por exemplo, esse tipo de conversa desvia-nos, também, da necessária discussão sobre o estilo organizativo anquilosado e o aparelhismo atroz que limita a capacidade política do PS.

Para dar apenas outro exemplo, também precisamos de debater a perda ideológica que faz com que, no PS, hoje, se ignore aquela parte da nossa tradição mais libertária e menos estatista, deixando campo aberto a que os liberais de direita pareçam a única alternativa a um discurso nosso demasiado centrado no Estado e pouco atento à iniciativa social. 

Nada disto se debate a sério se continuarmos a repetir rótulos para evitar ir mais fundo.



Porfírio Silva, 22 de Maio de 2025
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