11.4.13

não havia necessidade.


A Junta de Freguesia do Troviscal, Oliveira do Bairro, anunciou ter uma oferta de trabalho para Miguel Relvas, mediante ordenado mínimo e contrato a termo, já que a freguesia é extinta no final do ano.

Isto informa o Diário de Notícias. E mais informa que "O 'anúncio' foi colocado na última edição do Jornal da Bairrada pelo presidente da Junta, Adelino Cruz, independente eleito pelo CDS". E mais: "A criação da 'vaga de emprego' para Miguel Relvas, que mereceu parecer favorável dos restantes elementos da junta, é para desempenhar tarefas como operador de máquinas, à experiência e mediante contrato a termo certo, até outubro, porque no final do ano está determinada a extinção da freguesia."

Pois bem, é sabido, no círculo restrito dos que me lêem (e, eventualmente, ouvem) que não tenho grande apreço por Miguel Relvas. Nem grande nem nenhum, ponto. Mas, francamente, não acho de todo graça à graçola do presidente de junta. De um modo ou de outro, um órgão político deste Estado que é de todos decidiu usar essa qualidade para achincalhar um político, no caso, um ministro parece que demissionário ou a pensar ser demissionário. Uma junta, que é uma parte do Estado, poderia aprovar moções, protestos e sei lá mais o quê para dar voz à indignação das populações que representa, fosse essa indignação justa ou injusta. Mas divulgar um falso anúncio de emprego, usando - acho eu, indevidamente - o nome da junta, parece-me simplesmente uma palhaçada. Tenho, aliás, dúvidas - mas não sou jurista - de que a brincadeira seja legal.

Já agora, tinha piada se Miguel Relvas se apresentasse a aceitar o lugar. Era uma cena que eu gostaria de fazer, se estivesse no lugar dele. Mas não estou certo de que ele se leve tão na desportiva como eu tento levar-me a mim.

Mas o que interessa não é isso. O que interessa é que há muita gente espalhada por esses capilares do Estado que pode ser muito esforçada e muito útil às populações, mas sem chegar a perceber que os órgãos de poder não devem ser brinquedos que cada um usa como bem entende. Porque as pequenas palhaçadas legitimam as grandes. E as grandes e as pequenas, todas juntas, poluem muito este ar que escasseia.