Autoeuropa aumenta salários e compensa trabalhadores pela conjuntura nacional.
Sim, uma parte do "modelo alemão" é participação dos trabalhadores na gestão das empresas. O que se passa hoje na Autoeuropa não é fruto do acaso, nem algo que tenha começado ontem. Na Alemanha, é o que resta do sistema de co-gestão (uma cultura, para lá das regras, mas que não vive sem garantias legais) que tem amortizado o choque da liberalização das relações de trabalho. Por cá, o sistema de relações laborais na Autoeuropa demorou muitos anos a construir, sendo que os trabalhadores deram muito em empenho e flexibilidade, mas sempre em troca de mais poder dentro da empresa. Acima de tudo, o que tem de essencial "a participação" é que, sendo a empresa um sistema que tem de ser gerido com atenção às condicionantes ambientais, a governação partilhada permite que os trabalhadores e a administração percepcionem a gestão como um assunto de todos, em que todos podem ganhar juntos (se se articularem) ou perder juntos (se atentarem apenas no interesse presente de uma das partes). O contrário deste "modelo alemão" é a miopia dos "patrões" que confundem gestão com rapinagem, com "soluções" imediatistas que, destruindo a vida das pessoas, enfraquecem a economia. O contrário deste "modelo alemão" também é a irresponsabilidade sindical, que também existe. Esta é a face do modelo alemão que os troikismos domésticos não vêem. E esse nem sequer é um defeito exclusivo da direita: nem o PS, alguma vez na sua história governativa, deu alguma vez relevo suficiente a esta questão.
(No meio disto, o que é que o Público escolhe como legenda da foto que ilustra a notícia? Isto: "Empresa compromete-se com a dinamização de actividades desportivas e culturais." Sem dúvida, o que mais merece ser destacado, não é?!)