A Argentina anunciou a intenção de nacionalizar uma empresa petrolífera que é controlada por uma empresa espanhola. A nacionalização, uma vez que o governo argentino quer que o respectivo preço seja fixado por um tribunal do país, pode vir a ter o aspecto de uma expropriação. Esta decisão pode vir a ter consequências económicas negativas para a Argentina, uma vez que pode assustar parceiros potenciais que seriam necessários para explorar recursos naturais que parecem estar à vista. Mas a Argentina está habituada a apostar em mandar os parceiros internacionais às malvas, como mostrou quando "reestruturou" unilateralmente a dívida soberana, embora pagando o preço de ainda hoje estar fora do "mercado" normal desse equivalente universal.
Contudo, o que me chamou mais a atenção neste caso foi o facto de um representante da empresa espanhola mais afectada pela decisão ter dito que a medida da Presidenta se devia à (ou era para desviar as atenções da) crise económica e social. Pois, se calhar. Extraordinário é que o dito dirigente dessa empresa não se tenha ainda apercebido que, por causa da crise, estão a acontecer muitas coisas estranhas por esse mundo fora. É o desemprego, é a precariedade, é a redução dos rendimentos do trabalho, é a destruição de direitos, é a destruição do Estado, é... não vale a pena fazer a lista. Andam por aí indivíduos que, assim de repente, parecem distraídos: só quando os negócios lhes correm mal é que se lembram de que há uns inconvenientes motivados pela crise.