15.10.09

[Que não acabes nunca de me esquecer]



Que não acabes nunca de me esquecer
(A memória como um dente-de-leão
Que resiste a todos os sopros,
Um lume de partículas suspensas
Pairando como luz num dia de Verão,
Enxames crepusculares sobre um curso de água).
Que indelével seja qualquer coisa,
Um cristal de noite, o resto de um riso,
Uma cintilação na nebulosa de instantes
Em que acordámos juntos
E percebemos, num misto de alívio e alegria,
Que o amor não tinha acabado ainda,
Que ainda não nos deitáramos a perder.



Nuno Rocha Morais, Últimos Poemas, Quasi, 2009