... é algo que podemos ajuizar com base em duas pistas que nos deixa esse semanário na sua edição de sábado passado.
Primeira: a propósito de Correia de Campos, ministro da saúde, por a esse homem "não lhe passar pela cabeça sair do Governo", escreve-se na primeira página, como legenda de fotografia do dito: "Agarrado à cadeira". Aparentemente, pois, o Expresso o que gosta não é de ministros que levam o seu trabalho até ao fim, arcando se necessário com a respectiva impopularidade, mas de ministros que desistem face às dificuldades. Um governo onde os ministros só ficariam enquanto durasse o estado de graça, um governo guiado pela bússola da popularidade, parece ser o que aqui se deseja.
Segunda pista: o ministro da agricultura, Jaime Silva, é avaliado nos "baixos" (p. 6) por causa das subidas do preço do leite e da suspensão da passagem à mobilidade especial de 60 funcionários - e o responsável pela coluna comenta isso assim: "Quem semeia ventos...". Aparentemente, pois, o bom governo é o que não semeia ventos: não se trata de avaliar políticas (coisa que não se pode fazer numa coluna de "bocas" como esta), mas de aconselhar a ser dos que deixam as coisas quietas. Porque, claro, não há revés que chegue a quem nada faz.
Política em Portugal. Comentadores à portuguesa. O que conta é embarcar na onda e salvar as aparências.