31.1.08

O dilema da saúde

Segundo os jornais (neste caso, o Público), um habitante de Anadia teria dito: "Agora até para levar um ponto num dedo temos que ir para Coimbra."
Não interessa agora se isso é ou não exacto. O que interessa é que esse lado da questão é legítimo. E interessa também que há outro lado da questão que não é menos legítimo.
É que não pode estar incondicionalmente cativada uma equipa de médicos e outro pessoal de saúde para dar um ponto num dedo, especialmente se isso significar que há mais urgentes e mais graves doenças que ficam sem ter quem acuda.
O dilema da saúde está também aí: é que "a rua" (ou pelo menos os que exploram "a rua") acha que o primeiro aspecto importa, mas o segundo não pesa nada. Mas pesa. Só não pesa para quem pode pagar o privado. (Sim: racionalizar o SNS só interessa verdadeiramente a quem precisa dele, não aos que preferem pagar para não usar o serviço público.) Só não pesaria num país onde não houvesse qualquer tipo de constrangimento financeiro.
Infelizmente, ainda não tive ocasião de visitar nem um único país completamente desprovido de limitações à despesa pública.