24.5.11

um serviço aos esquecidos



Passo a citar Boaventura de Sousa Santos, no seu recente livro Portugal - Ensaio contra a autoflagelação (Almedina), à página 95.
«Não restam dúvidas de que os montantes dos juros da dívida soberana de Portugal a partir do momento da queda do actual governo foram usurários. Possivelmente foram também manipulados para forçar uma solução política em Portugal e na Europa. (...)
Vejamos a sucessão frenética da despromoção da dívida soberana sem qualquer ligação à situação da economia real.

Evolução dos ratings da dívida soberana entre a queda do governo e o pedido de "resgate"

24 de Março Fitch A+ para A-
25 de Março S & P A- para BBB
29 de Março S & P BBB para BBB-
1 de Abril Fitch A- para BBB-
5 de Abril Moody's A3 para Baa1

Entre 24 de Março (o dia seguinte da rejeição do PEC IV no parlamento) e 5 de Abril (a véspera do pedido de resgate pelo governo português) todas as agências de notação baixaram abruptamente o rating da república portuguesa para níveis próximos de "lixo". De 23 de Março a 6 de Abril os juros da dívida portuguesa a 2, 5 e 10 anos aumentaram 2.3, 1.5 e 0.9 pontos percentuais. Nas semanas seguintes continuaram a aumentar a um ritmo semelhante.»
Fim de citação.

Acrescento: aos negacionistas.



Imagens: pormenores de "Desfiladeiro", de Carlos No.