Duas perguntas soltas.
1. Com o pedido para ser alargado o prazo para pagar o empréstimo da troika, Portugal deu mais um passo para a renegociação da dívida. Uma vez que muita gente defendia isso há muito tempo, o governo podia ter usado essa possibilidade como factor de convergência, como parte de um processo de apaziguamento interno. Mas optou sempre por tratar como irresponsáveis os que defendiam o que agora acabou por fazer. Terá sido o Eurogrupo a dizer a Gaspar que a guerrinha interna não justificava o custo de renunciar a obter melhores condições para o resgate?
2. O governo apanha o comboio de propostas do PS com um ano de atraso. Esta do "mais tempo" é uma delas, mas já foi antes com a história do banco de fomento, por exemplo. Provavelmente, amanhã será o pedido de juros mais baixos para os empréstimos do resgate. Isso mostra um certo tique do governo, mas não deixa de colocar também uma questão espinhosa ao PS: os portugueses não se perguntarão se a diferença entre o programa do governo e o programa do PS para a parte financeira da crise consiste apenas num certo "atraso"? A pergunta pode ser (acho que é) injusta para o PS, mas é preciso perceber se não é essa mensagem que está a chegar às pessoas.