Faz-me um bocado de impressão o descaramento com que dirigentes do PSD se interessam tão de perto pela vida interna do PS. Há dias, no meio da polémica (mais inflamada do que o necessário) acerca da data do congresso dos socialistas, um dirigente da JSD apelava à substituição de Seguro, talvez para manchar com a sua companhia os que no PS são "suspeitos" de querer o mesmo. Agora é Seara a afinar pelas alfinetadas dos que gostariam que a câmara da capital fosse uma prisão para Costa.
Claro que Costa tem a sua parte de culpa nesta novela, na medida em que se encolheu no congresso passado, permitindo que agora os seus adversários internos o acusem de ter deixado a Seguro os primeiros e mais sangrentos combates para aparecer agora, quando alguns pensam que o PS está em franca recuperação (uma ilusão tão boa que parece enganar muitos).
No meio de tudo isto, para lá da rapidez com que o verniz estalou dentro do PS, com recurso aos mais estafados truques da demagogia habitual (volta a parecer que o unanimismo é que é bom, volta a aparecer quem pense que os portugueses estão interessadíssimos nos artigos e alíneas dos estatutos do partido), dando um espectáculo triste a um país que está cansado da pequena política - o que mais me espanta é outra coisa. O que mais me espanta é que, a julgar pelas declarações dos últimos dias de alguns dirigentes do PS, há pelas bandas socialistas quem se empenhe fortemente em fazer uma vigorosa oposição ao governo... de José Sócrates.