Hoje é assinado, aqui nesta cidade, o Tratado de Lisboa. O meu transporte público habitual (é raríssimo usar automóvel na cidade) é, em comemoração, gratuito por hoje.Contudo, talvez por hoje vir uma meia hora mais tarde do que o costume, parece-me haver pouca gente: muitos lugares vagos no autocarro, menos trânsito. Se calhar estão todos a agitar bandeirinhas na Praça do Império!
Mas que não pareça, erradamente, que não estimo este Tratado, e a Europa unida, e o europeísmo dos nossos governantes, e o brilho da nossa Presidência do Conselho da União Europeia. (A despropósito: se em vez de um conSelho da UE houvesse um conCelho, em que distrito ficaria?)
E para mostrar isso mesmo aqui deixo a minha pública crítica a uma das mais recorrentes críticas que se fazem ao novo tratado. Dizem que ele é complicado, difícil de ler, que isso mostra que não foi feito a pensar nos cidadãos. Pergunto: porque não tentam traduzir em "palavras simples", em "texto acessível aos cidadãos", por exemplo o Código de Processo Penal? Ou esses textos legais incompreensíveis para o leigo são pouco importantes para a nossa vida comum? Não, não são. Só que, embora compreendendo muito de técnica jurídica, alguns sendo mesmo juristas, os opositores populistas do Tratado fazem de conta que ele, texto jurídico por excelência, podia ser escrito em tom de amena cavaqueira. Mas não podia.
(Para estimar as complicações do Tratado, clicar na imagem e dar-lhe um pouco de tempo.)