14.12.07

Coisas Limpas (duas sugestões à ASAE do espírito)

Esta posta é mesmo apenas e só uma provocação à posta do CMF, Coisas Limpas (duas sugestões à ASAE) em No Mundo. A provocação só se entende, digo eu, olhando para uma parte significativa do historial desse blogue (que reputo de qualidade, apesar de discordar de quase toda a sua temática política) e das polémicas que o CMF e eu temos mantido lá e cá. Então, cá vai.

Dado o enorme peso institucional que qualquer simples fármaco sujeito a prescrição comporta (investigação em organizações que limitam a sacrossanta liberdade de espírito do indivíduo-investigador; análise dos eventuais efeitos secundários do fármaco num processo que visa um selo de "autorizado" por parte de alguma entidade mais ou menos estatal ou pelo menos pública, quando cada um devia por si próprio ter a liberdade de analisar a química e tudo o resto do dito fármaco e decidir se o engolia ou não; venda sujeita a receita médica, restringindo a liberdade de comércio e, ainda mais, assim impondo uma intolerável ditadura de uns pretensos técnicos ou cientistas, ainda por cima sujeitos para o exercício da sua profissão a uma autorização de uma Ordem, mais um Big Brother a cercar o direito de cada um a pensar o que quiser em termos de química e derivados, em vez de deixar em aberto a máxima liberdade intelectual para cada um opinar o que lhe parecer certo em termos de medicina do corpo e do espírito) - estávamos a dizer: dado o enorme peso institucional que qualquer simples fármaco sujeito a prescrição comporta, devíamos acabar com tudo isso que antes mencionámos e liberalizar a produção e o consumo de fármacos, de toda a espécie, e condenar como "socialistas" (quer dizer, homens da pedra lascada) quaisquer aventesmas que se opusessem a essa liberdade pura e virginal. E mais devíamos mesmo acabar com qualquer sistema de saúde, não só porque isso acaba sempre por ter uma pitadinha de Estado, mas também porque não devíamos enviesar nenhum espírito a favor da ideia de que saúde é melhor do que doença, nem sequer pretender que vida é melhor que morte, e além do mais se calhar até seria bom que só ficassem os fortes e os fracos arredassem daqui, porque assim a competição seria mais pura e mais vigorosa.
Se esta sugestão, só esta, for aplicada, já nem preciso de avançar com a segunda que o título anunciava. E por isso por aqui me quedo.