8.1.24

Quem escolhe o governo é o povo, não é o presidente


 

Camaradas,

O que nos move é o país. As pessoas concretas. O que ainda falta fazer. 

Os nossos adversários são as desigualdades, são as injustiças, são as discriminações.

O nosso método é a solidariedade, é a redistribuição, é a responsabilidade coletiva de cuidarmos do interesse geral. É apoiarmos a iniciativa privada para que faça o seu trabalho e reforçarmos o Estado social para que rumemos a uma sociedade decente – sabendo que público e privado só entregam resultados em boa articulação. 

É por isso que temos de derrotar a direita radicalizada que por aí anda, a recauchutada AD, que é a coligação dos pais e das mães do CH e da iniciativa neoliberal.

 

O PSD gosta muito de falar de reformas, mas, quando vê uma reforma a passar-lhe à frente do nariz, não a reconhece.

Foram contra a criação do SNS, essa reforma estrutural de primeira grandeza.

Quando aprovámos o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos, o PSD absteve-se. Não percebeu que era uma verdadeira reforma estrutural.

Nós apostámos na educação de adultos, o PSD tentou destruí-la.

Quando Mariano Gago apostou na ciência, a direita resistia e dizia que havia doutorados a mais.

Quando o PS lançou a aposta nas energias renováveis, o PSD foi contra. E depois foi contra a mobilidade elétrica no transporte público. E depois foi contra o plano de redução tarifária.

É que como isto não é cortar salários nem cortar pensões, como isto não é cortar direitos sociais, o PSD não reconhece que sejam reformas estruturais.

É que só se fazem reformas a sério com tempo, estratégia, determinação, rumo, persistência.

Foi isso que fizemos, por exemplo, quando apostámos numa economia assente nas qualificações. Desde 2015:

- a percentagem de jovens com Ensino Superior subiu de 33% para 44% e já estamos acima da média europeia;

- o peso dos que NÃO concluíram o Secundário desceu de 33% para 17%;

- o abandono escolar precoce reduziu para metade;

- a percentagem de jovens com qualificação profissional de nível secundário subiu de 14% para 20%.

E o mercado de trabalho respondeu: o emprego privado cresceu, mas cresceu significativamente mais nos sectores que pagam salários acima da média.

Porque a persistência e o rumo dão resultados.

Isto é ser reformista. É no PS que está a capacidade reformadora da esquerda democrática.

 

Camaradas,

Há uma coisa que a direita já devia ter aprendido em 2015, uma coisa que o nosso camarada António Costa lhes explicou direitinho nessa altura, e lhes mostrou como funcionava, mas que pelos vistos eles ainda não entenderam.

E até é uma coisa simples de compreender para um democrata:

É que quem escolhe o governo é o povo, não é o presidente. 

Quem escolhe o governo é o povo, através dos representantes que elege na Assembleia da República, não são aqueles que andaram a conspirar a dissolução do parlamento desde o primeiro dia da legislatura, nem são aqueles que desperdiçam a estabilidade.

Por isso, camaradas, termino deixando-vos um apelo: é preciso votar, vale a pena votar, é votando que se escolhe o país que queremos.

É por isso é preciso passar a mensagem:

Votar, votar, votar, por Portugal Inteiro.

 

(Intervenção no XXIV Congresso Nacional do PS, Lisboa, 5-7 Janeiro 2024)

 
Porfírio Silva, 8 de Janeiro de 2024
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