Camaradas,
O que nos move é o país. As pessoas concretas. O que ainda falta fazer.
Os nossos adversários são as desigualdades, são as injustiças, são as discriminações.
O nosso método é a solidariedade, é a redistribuição, é a responsabilidade coletiva de cuidarmos do interesse geral. É apoiarmos a iniciativa privada para que faça o seu trabalho e reforçarmos o Estado social para que rumemos a uma sociedade decente – sabendo que público e privado só entregam resultados em boa articulação.
É por isso que temos de derrotar a direita radicalizada que por aí anda, a recauchutada AD, que é a coligação dos pais e das mães do CH e da iniciativa neoliberal.
O PSD gosta muito de falar de reformas, mas, quando vê uma reforma a passar-lhe à frente do nariz, não a reconhece.
Foram contra a criação do SNS, essa reforma estrutural de primeira grandeza.
Quando aprovámos o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos, o PSD absteve-se. Não percebeu que era uma verdadeira reforma estrutural.
Nós apostámos na educação de adultos, o PSD tentou destruí-la.
Quando Mariano Gago apostou na ciência, a direita resistia e dizia que havia doutorados a mais.
Quando o PS lançou a aposta nas energias renováveis, o PSD foi contra. E depois foi contra a mobilidade elétrica no transporte público. E depois foi contra o plano de redução tarifária.
É que como isto não é cortar salários nem cortar pensões, como isto não é cortar direitos sociais, o PSD não reconhece que sejam reformas estruturais.
É que só se fazem reformas a sério com tempo, estratégia, determinação, rumo, persistência.
Foi isso que fizemos, por exemplo, quando apostámos numa economia assente nas qualificações. Desde 2015:
- a percentagem de jovens com Ensino Superior subiu de 33% para 44% e já estamos acima da média europeia;
- o peso dos que NÃO concluíram o Secundário desceu de 33% para 17%;
- o abandono escolar precoce reduziu para metade;
- a percentagem de jovens com qualificação profissional de nível secundário subiu de 14% para 20%.
E o mercado de trabalho respondeu: o emprego privado cresceu, mas cresceu significativamente mais nos sectores que pagam salários acima da média.
Porque a persistência e o rumo dão resultados.
Isto é ser reformista. É no PS que está a capacidade reformadora da esquerda democrática.
Camaradas,
Há uma coisa que a direita já devia ter aprendido em 2015, uma coisa que o nosso camarada António Costa lhes explicou direitinho nessa altura, e lhes mostrou como funcionava, mas que pelos vistos eles ainda não entenderam.
E até é uma coisa simples de compreender para um democrata:
É que quem escolhe o governo é o povo, não é o presidente.
Quem escolhe o governo é o povo, através dos representantes que elege na Assembleia da República, não são aqueles que andaram a conspirar a dissolução do parlamento desde o primeiro dia da legislatura, nem são aqueles que desperdiçam a estabilidade.
Por isso, camaradas, termino deixando-vos um apelo: é preciso votar, vale a pena votar, é votando que se escolhe o país que queremos.
É por isso é preciso passar a mensagem:
Votar, votar, votar, por Portugal Inteiro.
(Intervenção no XXIV Congresso Nacional do PS, Lisboa, 5-7 Janeiro 2024)