Director do Teatro Nacional Dona Maria II demitido.
Provavelmente surgirá algum argumento para a decisão. Isso: a decisão existe, existia, devem andar à procura dos argumentos. Mas no fundo a razão parece clara: Fragateiro, quando foi nomeado, levantou um coro de vozes dos que abominavam que se tirasse de lá um intelectual, apesar de ninguém ver grande coisa a ser feita. Tinham-no por demasiado provinciano para dirigir "o Nacional" (de Lisboa). Eis a vingança desses intelectuais. O ministro da cultura começa a fazer currículo.
O ministro da cultura, na impossibilidade de mostrar trabalho, tem de mostrar qualquer coisa. Tem de agitar-se o suficiente para que ninguém pense que está ferido de morte por eventualmente dever o lugar à coincidência de nome e apelido com outro mais capaz para a causa. E então escolhe uma via que muitos neste país ainda acham ser o atalho mais curto para um arremedo de relevância: matar quem trabalha.
Antes de Fragateiro o D. Maria estava às moscas. Agora fervilha, em espectáculos e público. Em projectos vários. Em influência na cena teatral. Mas deve ser culpado de não encenar o que o Olimpo deseja.
Lamento informar que começo a dar razão às vozes da reacção: e não se pode acabar com o ministério da cultura? É que se, por aquelas bandas, "cada cavadela, uma minhoca", se calhar mais vale.
Mais do que isso só lamento que um actor respeitável pareça estar na jogada. O putativo sucessor de Fragateiro já foi anunciando que estava a organizar a vida para a respectiva transferência. Nessas circunstâncias, pelo que isso revela, só o nomeará um ministro abaixo de... comediante.