Leio por aí que João Ribeiro, porta-voz do PS, afirmou na Convenção Nacional Autárquica, o seguinte:
Sei bem que a situação nacional nos concentra no combate à direita ultraliberal que nos governa, mas quero ser franco e entendo que o combate ao PCP é tão ou mais importante do que esse combate à direita, porque é um combate pela liberdade política. Combatemos a direita que ignora direitos constitucionais, mas também combatemos a esquerda que atropela direitos civis e políticos.
Até percebo que João Ribeiro, candidato a presidente de câmara, tenho as suas tácticas locais, que podem passar por sublinhar mais esta ou aquela parte da mensagem global. Mas baralhar tudo e todos, como se o PCP fosse hoje um perigo para a liberdade, afirmando que pode ser mais importante combater o PCP do que combater o governo, parece de uma absoluta falta de entendimento do país e da resposta política de que ele precisa.
Tenho as minhas (duras) críticas ao PCP, como já muitas vezes escrevi. Só que para fazer certas críticas é preciso ter autoridade política para o efeito. E, quanto a atropelamentos de direitos civis e políticos, também mencionados pelo porta-voz do PS, não me esqueço que este mesmo João Ribeiro foi um dos que, na perspectiva de uma candidatura de António Costa a secretário-geral do PS, mais vivamente participaram na diabolização de uma eventual candidatura alternativa, designadamente com inflamadas e despropositadas acusações de deslealdade.
São estas pessoas que, mais fiéis ao dono do que o próprio dono, fazem dos partidos políticos lugares onde se respira mal - e que depois, pretendendo dar lições de democraticidade, mostram que, para lá do seu umbigo (político), têm uma canhestra visão do mundo.