"Oposição contesta resultados das eleições em Angola."
Sugiro o seguinte ponto de observação sobre esta questão:
(1) Talvez não todas, mas, regra geral, as mesas de voto tiveram delegados dos partidos concorrentes a fiscalizar todos os passos do dia de votação, incluindo a contagem dos votos.
(2) Todos os delegados dos partidos às mesas de voto deveriam ter recebido cópias das chamadas “actas-síntese”, que continham os resultados apurados na respectiva mesa.
(3) Não ouvi, desde a noite eleitoral, nenhuma acusação de que essas actas-síntese tivessem ficado por entregar aos delegados dos partidos concorrentes. Ouvi, pelo contrário, a avaliação das diferentes Missões de Observação Eleitoral internacionais, que entendiam que, em regra, essa prática seguiu as normas.
(4) Assim sendo, não pode, agora, bastar a mera alegação de que houve falhas ou, simplesmente, declarar que não se aceitam os resultados – para aceitarmos como credíveis essas posições.
(5) Precisamos de factos: os partidos que alegam a incorrecção dos resultados têm o dever de apresentar as suas recolhas das tais “actas-síntese” e mostrar que essa informação, coligida, desmente os resultados da Comissão Nacional Eleitoral. Os partidos que fazem essas acusações têm a responsabilidade de as substanciar – e têm os meios para isso. Podem, até, juntar-se os vários partidos para fazerem essa demonstração (suprindo as falhas das mesas onde não tenham estado todos).
(6) Cá estaremos para todos os protestos do mundo se se provarem distorções nos resultados transmitidos. Mas, igualmente, cá estaremos para condenar todas as acusações infundadas – por, jogando com aquilo com que não se brinca, serem irresponsáveis.
É inaceitável que, alguns, tendo "profetizado" a fraude eleitoral, agora queiram verificar a sua "profecia" sem se darem ao trabalho de apresentar uma fundamentação séria das suas graves acusações.
Porfírio Silva, 25 de Agosto de 2017