Lemos nas notícias dos últimos dias que a Comissão Europeia aplicou uma multa de 2,42 mil milhões de euros à Google “por abuso de posição dominante enquanto motor de busca”. A acusação cai no perímetro do respeito pelas regras da concorrência e diz respeito ao putativo facto de que a Google usa o seu motor de busca para beneficiar os seus próprios produtos e serviços.
O montante da multa foi considerado astronómico pela generalidade dos observadores - uma sanção à medida da importância global da empresa.
Gianni Pittella, o líder dos Socialistas & Democratas no Parlamento Europeu, apoiou a decisão e disse que isto significa que "a Europa não é o faroeste" e que "nenhuma empresa está acima da lei".
Quero sublinhar este ponto: nenhum Estado-Membro da União Europeia, por si só, podia enfrentar assim os abusos das grandes empresas globais. Este não é o primeiro caso a demonstrar como a UE é importante para tentar controlar o lado selvagem da globalização. Nem a Alemanha poderia, por si só, fazer frente a estes poderios globais. Muito menos Portugal. A União Europeia é um factor de civilização no meio de uma globalização que tem potencialidades benéficas e, também, ameaças poderosas.
Por isto não percebo a cegueira anti-UE de alguns. Temos de corrigir muita coisa na UE, sem dúvida. Mas é pura cegueira política não entender que, sem a UE, a globalização tenderia a ser muita mais selvagem e muito mais perigosa.
(Uma explicação razoavelmente detalhada do caso: Anti-trust: Comissão multa a Google em 2,42 mil milhões de euros por abuso de posição dominante no mercado de motor de busca, ao dar uma vantagem ilegal ao seu próprio serviço de comparação de preços)
30 de Junho de 2017