Nestes dias de quase total afastamento da blogosfera, vim dar uma espreitadela e topo com um "caso" a correr sangue: um blogueiro do cinco dias, parece que com elevadas credenciais de "esquerda", alistou-se no gabinete do ministro Miguel Relvas.
Francamente, isso não me espanta. A coligação negativa existiu mesmo, foi determinante na produção da actual situação política, foi servida pela política do ódio que colocou uma certa "esquerda" e uma certa "direita" nas mesmas barricadas (nem que para isso seja preciso continuar a mentir, como se mostra aqui).
Por isso, que o camarada Figueira prossiga a sua carreira no gabinete do ministro Relvas, realmente não me parece que acrescente nada de substancialmente novo. Que o próprio se explique dizendo algo que poderia ser traduzido por "a minha política é o trabalho", só ajuda a perceber quão profundamente se instalou o espírito da coligação negativa. Que uma série de companheiros de estrada do "camarada" disparem toda a reserva de insultos que conseguem imaginar, também não surpreende: têm de fazer algum fumo a ver se distraem "as massas" de tal auto-demonstração do que valem certas "revoluções" que por aí andam.
Mas nada me divertiu mais do que a magnífica paródia de exegese bíblica a que se dedica João Valente Aguiar: «Marx casou-se com uma filha de um barão. Era filho de um rico advogado de Trier. Engels era filho de um grande capitalista alemão e, mais tarde, herdou a unidade fabril da família em Manchester. Sem o seu apoio financeiro, Marx nunca teria escrito a obra que nos explica como o capitalismo funciona, quem beneficia, quem explora, como transfere a o excedente económico produzido por uma classe (maioritária) para as mãos de outra (minoritária). Nenhum lunático se lembraria de negar que ambos não viveram absolutamente comprometidos com uma causa revolucionária e com a luta internacional da classe à qual não pertenciam sociologicamente. A posição política não é a Classificação Nacional de Profissões.» Pronto, já percebemos: Deus (a Revolução) escreve direito por linhas tortas e o camarada Figueira vai para o gabinete do Ministro Relvas, embora dentro do espírito "a minha política é o trabalho", para melhorar as suas condições de formiguinha da luta do proletariado !
Realmente, a vida parece estar difícil. Quem não sente as agruras, que atire a primeira pedra... (Ou, pura e simplesmente, há quem não tenha vergonha na cara?)
Francamente, isso não me espanta. A coligação negativa existiu mesmo, foi determinante na produção da actual situação política, foi servida pela política do ódio que colocou uma certa "esquerda" e uma certa "direita" nas mesmas barricadas (nem que para isso seja preciso continuar a mentir, como se mostra aqui).
Por isso, que o camarada Figueira prossiga a sua carreira no gabinete do ministro Relvas, realmente não me parece que acrescente nada de substancialmente novo. Que o próprio se explique dizendo algo que poderia ser traduzido por "a minha política é o trabalho", só ajuda a perceber quão profundamente se instalou o espírito da coligação negativa. Que uma série de companheiros de estrada do "camarada" disparem toda a reserva de insultos que conseguem imaginar, também não surpreende: têm de fazer algum fumo a ver se distraem "as massas" de tal auto-demonstração do que valem certas "revoluções" que por aí andam.
Mas nada me divertiu mais do que a magnífica paródia de exegese bíblica a que se dedica João Valente Aguiar: «Marx casou-se com uma filha de um barão. Era filho de um rico advogado de Trier. Engels era filho de um grande capitalista alemão e, mais tarde, herdou a unidade fabril da família em Manchester. Sem o seu apoio financeiro, Marx nunca teria escrito a obra que nos explica como o capitalismo funciona, quem beneficia, quem explora, como transfere a o excedente económico produzido por uma classe (maioritária) para as mãos de outra (minoritária). Nenhum lunático se lembraria de negar que ambos não viveram absolutamente comprometidos com uma causa revolucionária e com a luta internacional da classe à qual não pertenciam sociologicamente. A posição política não é a Classificação Nacional de Profissões.» Pronto, já percebemos: Deus (a Revolução) escreve direito por linhas tortas e o camarada Figueira vai para o gabinete do Ministro Relvas, embora dentro do espírito "a minha política é o trabalho", para melhorar as suas condições de formiguinha da luta do proletariado !
Realmente, a vida parece estar difícil. Quem não sente as agruras, que atire a primeira pedra... (Ou, pura e simplesmente, há quem não tenha vergonha na cara?)