Mostrar mensagens com a etiqueta Stephen Jay Gould. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Stephen Jay Gould. Mostrar todas as mensagens

19.11.09



Long books, like large bureaucracies, can easily get bogged down in a ba­roque layering of summary within summary. The United States House of Representatives has a Committee on Committees (I kid you not), undoubt­edly embellished with subcommittees thereof. And we must not forget Jona­than Swift's famous verse on the fractality of growing triviality in scholarly commentary:

So, naturalists observe, a flea

Hath smaller fleas that on him prey;

And these have smaller still to bite 'em

And so proceed ad infinitum.

Thus every poet, in his kind,

Is bit by him that comes behind.


Stephen Jay Gould, The structure of evolutionary theory, p. 53

11.11.09

pousio



Como dizia a Professora T.A., "pousio". Para pensar, é preciso dar pousio. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, pousio é "período geralmente de um ano em que as terras são deixadas sem semeadura, para repousarem". O resultado é que as terras voltam, depois disso, a uma maior força produtiva. Quando se deixa de querer remeter para o cultivo da terra, a referência ao ritmo anual deixa de ser importante. O pousio pode ter outros tempos. Mas permanece necessário.

Entretanto, no mesmo (magnífico) dicionário, a entrada seguinte é "pouso", que pode ser, por exemplo, "lugar onde uma ave descansa de voar". Diria que o pousio pode ser o pouso de quem pensa. Para voar com outro rumo.

Pode um blogue dar a pensar? O pousio o dirá. Quanto a este blogue, isso quer dizer: devagar, um(a) (a)post(a) de cada vez. De vez em quando. Dar pousio aos elementos que rolam pelos dias ao sabor das razões e das emoções, da diversidade que falta à máquina.

O problema desta explicação é ela ser apenas "racional", dando a aparência de ser desinteressada (a lógica serve-se fria?).

A outra explicação, mais interesseira, talvez seja, então, o "ritmo biológico". Pegando, por exemplo, em O Polegar do Panda - Reflexões sobre História Natural, de Stephen Jay Gould (versão portuguesa na Gradiva), lemos que ele nos diz(ia) que o tempo biológico dos animais se distingue do tempo newtoniano. Nos mamíferos, por exemplo, todos respiram uma vez por cada quatro batimentos cardíacos - mas os mamíferos pequenos respiram e batem os seus corações mais depressa do que os grandes mamíferos. A taxa metabólica também aumenta com o aumento do peso do corpo. Também o cérebro. "Medidos pelos seus relógios internos, os mamíferos de diferentes tamanhos tendem a viver a mesma quantidade de tempo. É um hábito profundamente entranhado no pensamento ocidental que nos impede de conceber este importante e reconfortante conceito. Somos treinados desde muito novos para encarar o tempo absoluto newtoniano como único estalão válido de medida num mundo racional e objectivo." (p. 338)

Gould, falando-nos dos "tempos de vida que nos couberam em sorte", relacionando tamanho com tempo, dá-nos uma pista: porque não viver como um grande animal? Por que não "postar" apenas semana a semana, aumentando o nosso tempo de vida (talvez cheguemos a ser tão velhos como a baleia ou o elefante). Claro que os animais mais pequenos são mais irrequietos, dão mais cor à praça. Paciência. Se os blogues apelam a que sejamos autores, usemos os truques do ritmo biológico para sermos autores do nosso tamanho.

É claro: é preciso reconhecer que, quando a vida ferve, todas estas reflexões são ultrapassadas pelas urgências...