Rui Rio diz que é facilitismo termos acabado com aqueles exames que Nuno Crato queria em Portugal, embora não existam em praticamente nenhum país civilizado do mundo. Rui Rio queria que o currículo fosse impossível de cumprir, exceto para aqueles que pudessem duplicar a escola em explicações pagas por fora, à custa das famílias, em vez de trabalhar para que todos aprendam o que é mesmo preciso aprender para continuar a aprender com sucesso.
Entretanto, o cúmulo da hipocrisia é Rui Rio falar de falta de professores. Ainda em Julho de 2019, Rui Rio, no quadro da teoria geral da necessidade de eliminar desperdícios na Administração Pública, dizia que havia professores a mais. Rui Rio apelava a medidas de gestão – só se fosse gestão ruinosa… Quando, ainda na legislatura anterior, o PS propôs no parlamento que se pedisse um estudo ao Conselho Nacional de Educação sobre recrutamento de professores, porque era preciso estudar para resolver, o PSD o que fez? Absteve-se. Olhou para o lado. O PSD alheia-se dos problemas quando é tempo de planear a sua resolução, para depois dizer tudo e o seu contrário. Isto, sim, é que, no mínimo, é facilitismo. Mas talvez seja mesmo irresponsabilidade.
Rui Rio é a prova viva de que estar contra não chega para saber o que fazer. A recorrente tentativa de apoucar a escola pública e instilar soluções que favoreçam a escola privada é particularmente grave neste tempo: este PSD não percebeu até que ponto a pandemia demonstrou como a escola pública é essencial para os portugueses. A escola pública fez, e faz, o que mais ninguém quer ou pode fazer. Se Rui Rio não fosse facilitista, e olhasse para os factos, entenderia isto. Mas optou por ser uma cópia requentada de Nuno Crato: ideologia pura, da retrógrada.