16.10.16

a sociedade do ruído.



Temos ideias feitas sobre muitas coisas correntes. Às vezes, as ideias feitas são erradas. Outras vezes, estão certas mas não temos modo fácil de as testar. De vez em quando, é possível confirmar pequenas coisas.

A crítica (uma das críticas) que muitos fazem às "redes sociais" é que elas são pasto para a superficialidade numa forma extrema. Sendo certo que colhemos muita informação relevante nas ditas redes, é fácil descartar aquela crítica dizendo que "há de tudo, como na mercearia". Só que, na realidade, a febre com que muitos se comportam nas ditas redes pode ser ilustrada de muitas maneiras.

Acabei de fazer um teste. Não no ambiente frequentemente agressivo do Twitter, mas no mais pacato Facebook. Publiquei a imagem acima, acompanhada da seguinte mensagem: «Os comentários a este "anúncio" são bem o retrato de muita coisa que se passa no FB... Há quem diga que é mentira, que a mudança de hora não é este fim-de-semana, que já bastam as mentiras dos políticos... Quer dizer, muito mais "opiniães" do que gente a ler e a interpretar o que lá está.» Quer dizer: o texto, basicamente relatando o que tinha visto na página de outra pessoa, já apontava para a armadilha, não a explicando, mas assinalando a sua existência. Mesmo assim, muitos comentários vieram fazer a caridade de me expplicar que a hora não mudava este fim-de-semana... Julgo poder concluir que muita gente não percebeu o jogo da imagem... e que, do mesmo modo, muita gente nem leu o texto de acompanhamento (ou não o entendeu).

Dispenso-me grandes considerações. Sem excessiva teoria, este pequeno experimento mostra o jogo de aparências em que vivemos nestas "redes de nodos esburacados", nodos pelos quais passa muita informação que não deixa nada de consistente. Qualquer dia explicarei melhor como enquadro isto no problema "redes vs. instituições".

16 de Outubro de 2016