4.8.12

Pais e Filhos.

Henrique Monteiro escreve hoje, na sua habitual coluna da última página do Expresso: "O mundo que nos deixaram era um fantástico  mundo de liberdade, crescimento económico e garantias sociais".
O mundo que nos deixaram?! O que quer isso dizer? Não sei que idade tem Henrique Monteiro, não sei em que país tem vivido, não sei o que andou a fazer, mas acho estranho que lhe tenham caído tantas coisas boas no colo, assim a modos de dádiva,como quem não tem de bulir para que as coisas aconteçam. Pela minha parte não me revejo nada nessa herança dourada e fácil, mas acredito piamente que Monteiro tenha nascido melhor do que eu, ou num pais mais afortunado do que o meu.
Essas tiradas de Monteiro fazem parte dessa teoria, usada para justificar que nos tirem tudo o que temos, segundo a qual todos os nossos direitos são roubos ao futuro dos nossos filhos e netos. Para isso, os Monteiros que por aí andam representam a geração adulta de hoje como uma geração de oportunistas que vivem das facilidades herdadas e da irresponsabilidade face aos outros e ao país e ao futuro.
Não me revejo nessa teoria. Desde logo por causa do meu percurso de vida. Mas também porque essas sereias não trabalham pelo melhor futuro dos vindouros; trabalham, isso sim, como ideólogos da rapina em curso.
Não sei o que Henrique Monteiro acha do seu próprio contributo para a comunidade. Pelo que escreve deve achar que fez pouco e usufruiu muito. Quem sou eu para o contrariar. Coisa diferente é pensar que todos gozamos o que ele gozou. E partir dessa presunção para as suas fábulas políticas.