Caro Viriato (a propósito deste artigo), um pedido: política da dura, sim; retórica, não.
Eu também discordo da proposta de Hollande.
Mas é absolutamente deslocado escrever que ela é "vazia" ou que revela "ausência de pensamento estratégico consistente".
Essa proposta é a retoma do essencial da posição tradicional da França (e de outros). E tem um rationale muito estratégico e muito pensado. É o rationale da Europa a duas velocidades, que não é novo, nem vazio, nem ingénuo.
Já agora, convém lembrar que a principal motivação política dos maiores partidos portugueses para aderir ao Euro foi não ser Portugal marginalizado em caso de um dia avançar a tal "Europa a duas velocidades". Ou seja, não sermos apanhados fora do núcleo duro. Mesmo que a adesão tivesse custos económicos, ficar de fora, para um pequeno país, também teria custos políticos. Convém não esquecer agora essa equação, porque "prognósticos depois do jogo" é fácil.
Em resumo: discordo da proposta, não por ela ser vazia (que não é), mas por ela NÃO ser vazia. E, em política, tenho tão pouca simpatia pela retórica simplista como pelo vazio. Por serem essencialmente a mesma coisa e o mesmo defeito.