30.12.14

Top Blog Awards 2014.


Damos hoje notícia de uma iniciativa do Top Imprensa. Trata-se de uma escolha de blogues preferidos em certas categorias.

Apesar de solicitado, não fiz publicidade à iniciativa, pela simples razão de que isso me parecia auto-promoção, coisa que eu não desejava.

Hoje (só hoje) dei com o resultado. Deixo-vos a fatia que me tocou. Agradeço aos promotores da iniciativa e aos que lhe deram vida pela participação.

Os resultado completos podem ser consultados aqui.


27.12.14

Sócrates e o livro.


Um estabelecimento prisional não permite que um livro chegue a um preso preventivo que se encontra nas suas instalações.
Eu, como muitos outros, escandalizo-me, por ver nisso uma limitação de direitos cuja justificação não alcanço. Ainda para mais, tratando-se de um preso preventivo.
Há quem destaque imediatamente que o regulamento cuja aplicação teve esta consequência restritiva tem cobertura legal publicada durante um governo de que o tal preso preventivo era primeiro-ministro.
Este conjunto de circunstâncias provoca-me a seguinte reacção.
É bem verdade que a colocação de figuras públicas em situações a que normalmente só são submetidos "os de baixo" permite (efeito puramente epistemológico) um olhar que de outro modo talvez não fossemos capazes. Os presos corporizam, em geral, uma das condições mais desprotegidas nas nossas sociedades. É bom que, em vez de sermos egoístas e particularistas, aproveitemos estes casos para alargar a nossa perspectiva sobre estas situações. Entretanto, a invocação da responsabilidade política genérica de um governante para lhe dizer "é bem feito", demonstra, não qualquer lucidez, mas apenas mesquinhez.
Se quem assim aponta o dedo tivesse, na altura do agora invocado acto legal, protestado ou de outro modo chamado a atenção para o problema, poderíamos, razoavelmente, reconhecer que tinha visto mais longe do que outros. Não tendo sido o caso, o método do "é bem feito", como método político, revela apenas uma coisa: para algum argumentário político, os adversários não têm direitos. Ou, o que é o mesmo, a discussão substantiva dos direitos fica sempre abaixo da guerrilha político-partidária. Ora, isso, quando estamos a lidar com direitos humanos, ainda para mais de pessoas que continuam a merecer a presunção de inocência, parece-me simplesmente indecente. (Mas, claro, isto faz perceber o afã com que alguns se dedicaram a ridicularizar a presunção de inocência, porque essas "miudezas" atrapalham estes modos de vergar a justiça aos pequenos interesses.)

Provavelmente, o meu olhar sobre este caso é influenciado por esta percepção muito pessoal: eu morreria seco se me tirassem o acesso aos livros. Não posso fugir a essa percepção pessoal, reconheço.

A política não deve misturar-se com casos de justiça.
Mas quem não esquece que a polis é a forma humana de estar no mundo... não pode ignorar que pela justiça a cidade vive ou a cidade morre.



o (para mim) inabitual teatro de 2014.


Sou espectador de teatro (não tanto como gostaria), pelo que é natural ler os balanços que o fim de Dezembro oferece aos amantes da arte dramática que são também leitores de jornais.

Este ano olho para essas páginas com outra alma, uma saudade inclassificável e um sentimento de como a vida é curta em dimensões praticáveis quando temos um só corpo (por razões que expliquei, nomeadamente, aqui: As memórias vivas em "Ilusão").

A revista Atual, do Expresso, publica hoje vários desses balanços. Três são sobre teatro. Desses três, um (de Claudia Galhós) não tem uma palavra sobre Cintra. Os textos de João Carneiro e de Cristina Margato dizem algo sobre o que constitui o (para mim) inabitual teatro de 2014. (Sim, nós vemos muito o mundo pelos nossos olhos estreitos. É que não somos deuses nem anjos. Nem sequer demónios, vejam bem.)

(Excerto do texto de João Carneiro, Ilusões Verdadeiras)

(Excerto do texto de Cristina Margato)

Continuando o último dos recortes que vos deixo acima, confirmo: Ilusão ainda é um acto de amor.

Relembro, por ser isso verdade, um texto meu que vai datado de 9 de Março de 2014, dia das (duas) últimas representações de “Ilusão”, no Teatro da Cornucópia. O título é uma das falas da "sombra de Sócrates", que estava a meu cargo nesta Ilusão.



«o mundo é um brinquedo sem dono»



(para o Luis Miguel Cintra, com Lorca ao fundo)


não é o dono, Federico, que complica:
que as cheias devastem as habitações
enquanto corpos secos povoam as terras,
que os animais do campo escrevam os contos edificantes
esquecidos pelos bichos das repúblicas,
que deve isso ao dono ou à sua ausência?
quem viu, Federico, que a ferida estava no brinquedo,
no próprio brincar sem folguedo, foi o Luis Miguel,
com peças várias da tua herança,
esquecendo por momentos a teologia do dono,
arriscando mesmo um certo panteísmo
para mostrar a diversidade dos jeitos,
a pluralidade dos modos em que somos
brinquedos quebrados, sim,
mas tão-somente das mãos e juízos uns dos outros.

é terrível a vida simples:
o mundo é um brinquedo sem o conforto do dono,
mas contigo nós atravessámos a cidade como navios do deserto
transportando a água que calou por momentos os calvários dentro de nós.

(Porfírio Silva)





17.12.14

António Costa: Bloco Central?!


(imagem Hugo Correia / Reuters)

Lisboa, 17 dez 10:55 (Lusa) - O secretário-geral do PS rejeita em absoluto ter "recuperado" a fórmula política do Governo do Bloco Central (PS/PSD), frisando que procurou antes evocar o exemplo da liderança de Mário Soares como primeiro-ministro entre 1983 e 1985.

Esta posição foi transmitida pelo líder socialista, António Costa, numa declaração à agência Lusa a propósito do teor da sua intervenção proferida na terça-feira à noite, durante o jantar de natal do Grupo Parlamentar do PS:

"Ontem [terça-feira], num jantar com o Grupo Parlamentar do PS, evoquei o exemplo da liderança de Mário Soares, que, como primeiro-ministro, foi capaz de mobilizar o país para vencer a crise que atravessámos nos anos 1980. Não ´recuperei' a fórmula política do Bloco Central, muito menos a pensar em 2015", salientou António Costa.


16.12.14

“Mapas para as estrelas”, de Cronenberg.



É estranho que poucos se atrevam a dizer claramente que o mais recente filme de David Cronenberg parte de um tema relativamente corriqueiro, glosado de muitas formas no passado: Hollywood, a Meca de um certo cinema, é impiedosa: uma máquina de fazer e desfazer famas, que constrói estrelas com os destroços das pessoas que entram na fábrica das glórias efémeras. A questão mais específica da exploração das crianças-actores, que deixam de ser crianças para serem actores – e monstros – , é pouco mais do que um subtema do tema geral da especificidade da fauna hollywoodesca. Que interesse poderá ter um filme sobre um assunto tão visto?

Como há muito sigo com interesse este realizador, não poderia deixar escapar Mapas para as estrelas. Se já lhe chamei “o filósofo Cronenberg”, também já disse de um filme seu (Cosmopolis) que é uma porcaria. O que não consigo é escapar ao fascínio de tentar acompanhar as novas formas que toma o seu discurso sobre as metamorfoses do humano.

Cronenberg começou por interrogar-nos sobre os caminhos do corpo. Depois de muitos anos de obscuridade, o primeiro dos seus grandes êxitos, A Mosca, mostra um corpo humano e um corpo não humano que entram em confluência, não podendo a mente ficar indiferente a essas aventuras da sua base material. Em eXistenZ, o que é maquínico e o que é propriamente biológico estão já na mesma família.

A certa altura do percurso, as metamorfoses “estudadas” por Cronenberg passam a ser preferencialmente as que assentam nos processos mentais. Em Spider, por exemplo, revela-se que, se o cérebro nos fornecer leituras intermitentes do mundo, o mundo para nós se torna realmente uma intermitência entre vários mundos - e não há objectividade que resista a isso. Em Crash, o que Cronenberg nos propõe é o amor humano pela máquina. O desejo sexual pela máquina. As emoções em metamorfose mecânica. Em Um Método Perigoso, o realizador mete-se com a psicanálise e com a mutação de todo o sentido da vida de uma mulher (Sabina Spielrein), que passa de paciente a psicanalista, de doida a cientista.

Mais tarde, as metamorfoses do humano que interessam a Cronenberg passam a estar mais ligadas às mutações do papel social de certos indivíduos, como em Promessas Perigosas, onde se desenha um homem qual borboleta que, quando emergir do casulo, será totalmente surpreendente para uma organização que pensava saber bem com o que contava dele. Cosmopolis é outra tentativa (a meu ver falhada) de captar a lógica da desordem das nossas sociedades contemporâneas. E, proponho eu, este Mapas para as estrelas retoma a temática da desordem subjacente a fenómenos que toleramos nas nossas sociedades, como se fossem meros desvios do bom caminho, quando eles são mesmo perversões fundamentais do nosso viver em comum.

Mapas para as estrelas começa em tom de relativa bonomia. É típico num cineasta que vem do filme de terror cruzado com ficção científica: tudo parece calmo… porque estamos distraídos e não estamos a entender o que importa. Pouco a pouco, indício após indício, tudo se revela monstruoso – e essa monstruosidade aparece sob a forma de linguagem desbragada e violência despropositada ou injustificável. Para acabar em completa subversão de regras sociais e institucionais básicas. O que nos apanha desprevenidos é que nós não conhecemos a história das personagens. Tal como, na sociedade, a falta de atenção à história dos processos sociais provoca políticas suicidas inspiradas por “ciências exactas” alienadas (como certas tendências da “economia matemática” perfeitamente incapazes de entender a economia real como parte da sociedade real), neste caso a raiz da desordem é a quebra de um tabu fundamental, quebra que, como semente escondida, se perde na noite dos tempos, (literalmente) sob escombros.

Numa entrevista que David Cronenberg concedeu a Francisco Ferreira (revista Atual, do Expresso, de 13 de Dezembro 2014), o realizador, acerca da questão das crianças-estrelas de cinema, diz: “São crianças que já não têm pais, têm agentes.” Ora aí está: “agentes”, porque tratam da carreira dos actores (crianças), em vez de pais que tratam da felicidade dos filhos (pessoas, com ocupação eventual de actor). E, para quem tem algumas luzes da linguagem da inteligência artificial, “agentes” por terem certos comportamentos de interacção com outras “coisas” num certo ambiente, sendo que esses comportamentos podem, a certa luz, ter uma certa “racionalidade” – mas não têm de modo nenhum que ser comportamentos humanos. “Agentes” que podem ser, apenas, pequenos programas informáticos, pedaços de código, sem qualquer relação com a moralidade de um humano que age humanamente. E, focando-se em Hollywood, e mais especificamente nas taras que cercam as crianças-estrela, Cronenberg mostra uma metamorfose do social onde os únicos que não são monstros são os fantasmas. Todos os vivos são monstros, toda a relação social é monstruosa – e desta vez não é preciso envolver no processo nenhuma ficção científica para nos dar a ver essa metamorfose fatal.

Um filme que, chegando a Portugal perto da quadra do Natal, não tem nada de natalício. E que deixou vários expectadores indispostos. Mas que temos de ver se não fugimos à responsabilidade de interrogar a monstruosidade que se embrenhou em alguns aspectos das nossas sociedades.

12.12.14

Viaggio in Italia.



Itália em greve geral contra as reformas laborais de Matteo Renzi.

Não me custa a admitir que um governo de esquerda enfrente greves, porque entendo o uso da greve como um direito dos trabalhadores. Para usar uma expressão antiga, actualmente os governos de esquerda não são “governos de classe” (embora, frequentemente, os governos de direita sejam “governos de classe”, governos dos “de cima”). Mesmo sendo de esquerda, um governo, tendo de governar na procura do interesse comum, pode, num ou noutro momento, desagradar a sectores do mundo do trabalho – e estes respondem, por vezes, com greves. Nem sequer sou tentado por aqueles ataques às greves que as denunciam como causando transtornos e prejuízos – pois, se as greves não causassem transtornos e prejuízos, como poderiam ter efeitos? Também os trabalhadores, perdendo o salário correspondente ao tempo de greve, são penalizados. É claro que uma greve, quando é percepcionada pela generalidade das pessoas como injustificada ou desproporcionada, pode descredibilizar a própria luta – mas cabe aos trabalhadores e suas organizações fazer essas opções, cabendo aos demais cidadãos (e ao Estado) fazer o respectivo juízo.

Contudo, o que se passa em Itália questiona-me. Não é por a actual greve geral reunir centrais sindicais de esquerda, de direita e independentes. Também isso me parece normal - e nem é, por si só, demonstrativo de que lado está a razão. Já me preocupa que o governo de Itália, aparentemente (fiando-me apenas nas notícias), embarque na ideia de resolver o problema do emprego criando mais precariedade. Porque espalhar a precariedade, sendo uma “solução” habitual no instrumentário de uma certa direita, não é nunca uma solução favorável ao trabalho digno – e, a prazo, não contribui para aumentar a qualificação das pessoas, necessária à qualificação das empresas e dos serviços, necessária ao desenvolvimento sustentado. Não conheço adequadamente as reformas que o governo de Itália quer aplicar, mas se elas se inspiram na ideia de responder ao desemprego com precariedade, não posso concordar e só posso achar errada e lamentável essa opção.

No entanto, mais do que tudo isto, preocupa-me o que, aparentemente, é a justificação dada pelos líderes italianos para estas opções. Segundo a notícia, Matteo Renzi está a atacar a concertação social e quer acabar com a tradição de os representantes dos sectores do trabalho serem chamados à discussão das leis. Terá mesmo afirmado: "Se os sindicatos querem negociar, então façam-se eleger para o Parlamento". Francamente, uma tal declaração, parece-me, não apenas absurdamente reaccionária, como francamente contrária às necessidades de renovação da democracia – e, até, prejudicial a uma via de progresso económico aliado ao progresso social.

A história tem demonstrado que a esquerda, quando se agarra dogmaticamente à letra das suas declarações de princípios, arrisca perder a noção da realidade e deixar de cumprir o seu papel na evolução das sociedades. Mas, também, a história tem demonstrado que a esquerda, quando se esquece dos seus valores e princípios mais fundamentais, se torna irrelevante até à auto-anulação. E, também nesse caso, deixa de ser capaz de cumprir o seu papel. O mais triste neste contexto é que nem seria preciso ser muito progressista para perceber o papel da concertação social efectiva e exigente numa sociedade que aspira ao progresso: andam por aí tantos a dizer mal da Alemanha, mas bem poderiam, por exemplo nesta matéria, olhar para esse lado e aprender alguma coisa.

Tudo isto me torna ainda mais convicto de que, por cá, anda bem o PS em apostar em melhor concertação social estratégica, em negociação colectiva sectorial mais efectiva, em compromissos transparentes negociados a prazo de uma década, para que seja mais o que nos une do que o que nos divide.


6.12.14

por que diabo "máquina especulativa"?


Muitos amigos (e outros leitores) julgam que o nome deste blogue (Machina Speculatrix) é uma espécie de auto-elogio do seu editor (que, assim, se descreveria como uma "máquina especulativa").

Não é. Machina Speculatrix tem a ver com os meus interesses de investigação filosófica e científica. É, aliás, sucessor do meu primeiro blogue (Turing Machine) - nesta sequência se espelhando a evolução dos meus interesses, vindo da Inteligência Artificial clássica para a Robótica Autónoma.

Deixo-vos os links para dois posts muito antigos que explicaram isto logo a seguir à abertura deste blogue, em Fevereiro de 2007: primeiro; segundo.


5.12.14

"Aproxima-se uma tempestade de silêncio".


O meu mais recente livro, de poesia, intitulado Monstros Antigos, abre com um poema (sem título) cujo primeiro verso é "Aproxima-se uma tempestade de silêncio". Esse poema, tal como o resto do livro, não sendo "político" no sentido corriqueiro da palavra (muito menos partidário: não meto os poemas em trincheiras), é - o poema e o livro - sobre o tempo presente.

Ora, precisamente, o tempo presente é um tempo de silêncios insuportáveis. Por vezes, esses silêncios até são cheios de palavras, mas palavras como ruídos, palavras como obstáculos a pensar, palavras para nos entreter e desviar o olhar. Vivemos um tempo em que o "pensamento único" deixa que todos falem, mas usa os mais variados truques para que as nossas palavras sejam enredadas nas malhas dos pré-juízos. E, por vezes, reage-se a isso caindo na armadilha, quer dizer, posicionando-nos "contra" mas aceitando as apropriações de significado que os ideólogos da situação tecem como labirintos.

É por isso que é necessário dar um combate ideológico: de ideias, de valores, de princípios. E aplicar no concreto essas ideias.

Isso passa, nomeadamente, por quebrar a captura que a direita fez de certos conceitos. Exemplo: "reformas estruturais".

Desse ponto de vista, há uma passagem muito interessante de um discurso que ouvi hoje. Vou citar:

O conceito de “reformas estruturais” está gasto e desvirtuado pelo abuso da direita, que o limitou às reformas de desregulamentação do mercado de trabalho e às privatizações. Mas são necessárias reformas que ataquem os reais bloqueios estruturais, que variam de país para país e que podem e devem ser identificados para, numa base até contratual, poderem ser atacados com apoio do financiamento comunitário.

No caso português, a melhoria da inserção nas redes globais das comunicações e da energia, o reforço da investigação científica, da inovação, da formação profissional, da educação, a simplificação administrativa e a celeridade da justiça, são as verdadeiras “reformas estruturais” que são necessárias.

É urgente disponibilizar uma maior componente do Orçamento Comunitário para o apoio às reformas que melhorem a competitividade estrutural permitindo retomar a convergência e a coesão. Portugal tem de poder contratualizar com a União Europeia os recursos comunitários disponíveis designadamente nesta área da Educação, Inovação e Ciência. Todos podemos reconhecer que após um pograma de ajustamento como aquele que vivemos em Portugal, e pelo qual estão a passar outros países da zona euro, o único caminho para um crescimento sustentável passa pelo reforço de medidas de convergência e de coesão e é nessa perspetiva que o investimento na educação e no emprego tem de ser analisado.

Isto parece-me importante: não podemos deixar que os nossos interesses sejam preteridos com recurso a uma apropriação ideológica, pela direita, do conceito de reformas estruturais. Não podemos aceitar as privatizações tresloucadas, nem o ataque sistemático aos direitos dos trabalhadores, só porque essas políticas vêm embrulhadas num discurso papagueado pelos próceres do pensamento único. Mas também não podemos deixar de ver que há reformas necessárias. Temos, então, de desentranhar as reformas estruturais dessa ideologia do mercado selvagem que não cura dos direitos dos cidadão.

Também por aqui encontraremos o nosso caminho para não sermos engolidos pela "tempestade de silêncio".

(Já agora: a longa citação acima é do discurso de António Costa, hoje, na abertura da conferência da Aliança Progressista, a decorrer em Lisboa com participantes de todos os continentes, sobre o tema Trabalho Decente e Educação: Investir na Igualdade de
Oportunidades para Tod@
.)

4.12.14

estado da nação.


Este governo PSD/CDS falhou - segundo os seus próprios critérios.
Vejam isto:

«Nesta Assembleia a maioria (ou a maioria da maioria) aprovou há poucos dias o Orçamento para 2015. E pretendeu transmitir ao país que desta vez é que é, a viragem está mesmo aí e 2015 será o ano da recompensa.

Mas olhemos um pouco mais de perto e relembremos o compromisso aqui assumido pelo governo PSD e CDS em Agosto de 2011 no Documento de Estratégia Orçamental então apresentado. Aí se estimava que a partir de 2013 a economia começaria a crescer e a recuperação seria uma realidade.

Pois bem, olhando hoje para a estimativa do PIB prevista no OE ela está 6,2% abaixo na previsão, deste governo em 2011. Assim é, menos 6% é a dimensão do falhanço e é nele que radica grande parte do retrocesso que vivemos.

Previa o Governo em 2011, e não falo da campanha eleitoral mas do governo já em pleno exercício, que as exportações seriam o motor da recuperação. Mas o que verificamos hoje é que as estimativas para 2015 do tal Orçamento em que ninguém acredita, colocam as exportações 7,1 % abaixo das previsões de 2011.

A mudança no modelo económico que então se prometia, não chegou.
E que dizer do colapso do investimento na economia? “Apenas” 21,1%, repito 21,1% abaixo do previsto em 2011.

Ou do emprego com menos 280 000 postos de trabalho relativamente à estimativa então elaborada.

Com todo este desvio entre o compromisso e a realidade (mesmo a realidade dourada dum orçamento de fantasia) como é possível não responsabilizar esta política pela degradação social que vivemos?»

O que deixo acima é um excerto da intervenção do Deputado Vieira da Silva na Interpelação ao Governo sobre “Combate à pobreza e promoção da igualdade de oportunidades” (3 de Dezembro de 2014).

Cada minuto desta intervenção de Vieira da Silva vale a pena, pela sua objectividade e clareza. Por isso a deixo na íntegra.





podemos matar um sinal de trânsito?



A 3 de Setembro de 1967, na Suécia deixou de se conduzir à esquerda e passou a conduzir-se pela direita. Não é caso único - mas revelam, esses vários casos de mudança da organização do trânsito, algumas das características peculiares das sociedades humanas com instituições sofisticadas. Esse é um dos casos cujo significado profundo estudei num dos meus livros mais divertidos: "Podemos Matar um Sinal de Trânsito? Um divertimento político-filosófico acerca da profundidade do quotidiano".

(Na imagem: aspecto da confusão gerada pela referida mudança.)





3.12.14

as políticas não são todas iguais.


Programa "Escolhas" premiado em Bruxelas.

O Secretário-Geral do PS fez hoje o seguinte comentário a esta notícia: "Bom exemplo dos valores humanistas dos governos do PS, que investiram na reinserção social, quando Paulo Portas exigia a prisão para as crianças delinquentes."

Realmente, digo eu agora, os políticos não são todos iguais.


Da notícia:
«O programa "Escolhas, que dá trabalho a jovens em risco, vais ser distinguido com um prémio da área dos direitos das crianças. A distinção é atribuída pelo Observatório Internacional de Justiça Juvenil e tem o patrocínio da UNESCO. O "Escolhas" foi criado há 14 anos.
O Programa Escolhas começou em 2001 depois de vários incidentes na zona de Lisboa. «Foi o chamado "verão quente", que envolveu jovens dos subúrbios da capital e que culminou com o incidente que envolveu a actriz Lídia Franco», lembra Pedro Calado.»


declaração de interesses.


Entre o último post e este aconteceu o seguinte ao editor deste blogue: passei a integrar o Secretariado Nacional do Partido Socialista, eleito pela Comissão Nacional sob proposta do Secretário-Geral, António Costa.
Claro que isso terá consequências sobre o que aqui se passa (o que aqui se escreve).
De qualquer modo, a "minha história como blogger" continua disponível neste endereço. E vou procurar que este espaço continue a ser tão plural em termos de interesses como era até aqui. E, sim, este blogue continua a ser pessoal.