Leio "Soneto dos anjos bruscos (e de por que te procuro)" na sessão de apresentação do meu livro "Monstros Antigos" (poesia).
30.4.14
Soneto dos anjos bruscos (e de por que te procuro).
Leio "Soneto dos anjos bruscos (e de por que te procuro)" na sessão de apresentação do meu livro "Monstros Antigos" (poesia).
29.4.14
Íon, de Eurípides, 40 anos e 25 séculos depois.
REPOSIÇÃO: curta série de espectáculos na casa do Teatro da Cornucópia, de 15 de Maio a 1 de Junho.
Íon, levado à cena pela companhia Teatro da Cornucópia no palco do S. Luiz Teatro Municipal, integra-se nas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril. Este espectáculo é uma comemoração genuína, mas radicalmente marcada pelo momento criativo de Luis Miguel Cintra, o encenador.
Cintra está mergulhado dramaticamente no seu tempo das sínteses. É ele que o diz: “a ânsia de dominar a vida que nos vai fugindo e que é desordenada por excelência” vem (não escamoteia) com a percepção do envelhecimento físico. Neste caso, mais uma vez, a síntese vem pela mão do enxerto: no clássico muito clássico texto de Eurípides, adaptado – com tesouradas largas em elementos típicos do teatro grego, como o coro, mas sem perder nada da força do enredo –, entram duas canções de Zeca (a abrir e a fechar, como parêntesis), Pasolini nas suas cartas a Gennariello, o poema “Crepúsculo dos Deuses” de Sophia, o hino do MFA, a bandeira portuguesa e um pequeno busto da república a um canto. E tudo isto numa filigrana cintriana que não é sempre fácil de entender. Vejamos.
Comecemos pelo enredo original.
O jovem Íon é filho da violação da princesa ateniense Creúsa pelo deus Apolo. Abandonado pela envergonhada mãe na gruta onde se praticara o acto forçado, salvo segundo instruções do deus, Íon vai tornar-se servidor do santuário em Delfos, desconhecendo a sua origem. É aí que o presente narrativo o encontra. Creúsa, entretanto, tão-pouco sabendo do destino de seu filho, casara com Xuto, um estrangeiro que fora útil a Atenas na guerra, união de que não resultaram filhos. Quando Creúsa e Xuto vão ao oráculo de Delfos para saber com que poderão contar em termos de descendência, dão-se encontros transformadores
O oráculo indica a Xuto que Íon é, afinal, seu filho. A esterilidade do casal não seria, pois, culpa do marido. Íon, embora desconfiado da novidade, acha uma bela promoção passar a ser tido por descendente de um deus (Xuto é neto de Zeus) e alinha em festejos e projectos que deixariam Creúsa de fora, apesar de antes ter simpatizado com aquela visitante do templo. Creúsa, mal informada acerca do que disse o oráculo, julga ter sido anunciado que não mais poderá ter filhos, quando o marido encontrou um fruto antigo de uma relação desordenada, e quer vingar-se em Íon, tramando que o matem à traição, na festa do reencontro com o pai Xuto. Descoberto o projecto homicida de Creúsa, esta é condenada à morte, mas refugia-se como suplicante no templo, condição em que é intocável. No impasse assim gerado, tem lugar a revelação: Creúsa reconhece o cesto e os apetrechos com que abandonara Íon na gruta e consegue demonstrar que o seu conhecimento desses objectos é prova de ser a mãe do rapaz. Juntas as peças, o filho de Apolo com uma humana vai de servo do templo a príncipe de Atenas.
E a política?
Como podemos entender este espectáculo como parte das comemorações do 25 de Abril? Para responder temos de compreender que “comemorar” não seja apenas fazer a festa, mas também, ou antes, como terá de ser sempre com a Cornucópia, comemorar seja pensar no que importa sobre esse pedaço de mundo onde se co-memora, onde se lembra em comum. Teremos, necessariamente, de estar a falar de política.
É certo: há no texto de há 25 séculos referências claramente críticas à política ateniense de então: as pessoas capazes afastam-se da política, os políticos abusam do poder em seu proveito e são agressivos na defesa dos seus interesses. E isto continua a dizer-nos alguma coisa hoje. Não me parece, contudo, que por esta via se esgote o que este espectáculo tem a dizer politicamente. Pela parte que me toca, há outros dois elementos que resultam em mensagem política pela mera retoma do texto grego nos dias de hoje.
Desde logo, a mentira: todo o enredo nasce do que foi escondido, do que falta saber a todas as partes interessadas por ter sido tapado das suas vistas por outros agentes. E haverá doença mais evidente na política actual?
Depois, os deuses: o agente que espoleta toda a confusão é Apolo, quer na origem (violação), quer na forma como trata de encaminhar os acontecimentos subsequentes. Ora, embora hoje não pensemos a vida pública em termos de deuses, essa figura representa muito bem, num certo sentido, o carácter histórico e contingente das nossas circunstâncias: nós não podemos nunca contar apenas com as nossas acções e com as nossas responsabilidades estritamente pessoais. Numa escala micro, os filhos pagam pelas (ou beneficiam das) acções dos pais. Numa escala macro, uma geração traz às costas a história de um povo, o que fizeram as gerações anteriores e os respectivos desenvolvimentos. E quem se pensar sem o lastro do passado, pensa-se como uma mera máquina, como um irresponsável, um anti-cidadão, um arrancado do tecido da cidade. Sim, não há hoje os deuses que havia. Como diz o poema de Sophia (Crepúsculo dos Deuses) agora enxertado no fim do enredo clássico: “eis que se apagaram / os antigos deuses sol interior das coisas”. Já não explicamos com essa categoria, “deuses”. Mas, ao contrário do poema de Sophia, que vê pelo apagamento dos deuses “que se abriu o vazio que nos separa das coisas”, algo preenche esse lugar dos deuses: a história, o nosso passado colectivo, que continua a ser a massa de que somos feitos, o cimento que dá sentido a que estejamos juntos aqui. E uma política que não saiba lidar com isso é a política da tristeza colectiva que tantos sentimos neste 25 de Abril.
E entra a estranha categoria do pecado original.
Já que Cintra, hoje em dia, sente a necessidade de explicar os seus pensamentos por paralelos com o universo religioso (é ele, talvez, o “católico progressista”, como se dizia, mais intrigante hoje em dia, uma vez que figuras tão pertinentes da mesma “linha”, como Manuela Silva, andam por aí, mas demasiado discretas para aquilo que o tempo precisa), faz sentido evocar aqui a ideia de pecado original. Não o pecado original na versão católica corrente, com Adão e Eva, a serpente e a maçã; não o pecado original da sede de conhecimento (comer a maçã para saber o que são as coisas), mas um pecado original que não tem nada de mítico, que não parou num qualquer período ante-histórico do mundo. Aqui ganha sentido a ideia do pecado original que tem lugar na história concreta da humanidade. O pecado original como ofensa (enquanto pecado) e "original" por ter nascido para nós com a nossa entrada nesta humanidade concreta que é a nossa sociedade. Partilhamos o pecado original de uma civilização mesmo que nada tenhamos contribuído pessoalmente para ele, por sermos parte da sociedade que gerou o mal e que continua, estruturalmente, capaz de repetir o mesmo dano. É neste sentido que podemos, por exemplo, falar de Hiroxima (a bomba atómica) como um pecado original nosso. Não metemos as mãos, nossas, de carne e osso, nesse pecado, mas fazemos parte de uma lógica que pode repetir, com mais ou menos variação, o mesmo mal. Somos culpados da prática concreta desse mal? Decerto não. Mas o que está implicado no pecado original, neste entendimento, não é culpa individual e eficiente de um dano concreto e particular. Nesta forma de entender o pecado original, sem qualquer mitologia e assumindo o peso de herdar uma história, sem ter força nem engenho para mudar o mundo, sem ser capaz de o impedir de repetir a destruição – neste sentido de pecado original, reflectir hoje sobre Hiroxima, por exemplo, é tomar pessoalmente em mãos a nossa parte desse dia de mais uma expulsão do paraíso. Neste sentido de pecado original, nós sofremos das más acções dos deuses do nosso tempo, do que herdámos; nós vivemos do que nos ultrapassa; mas nós somos também um factor do que ultrapassa os outros, somos deuses dos outros, as nossas acções pesam sobre eles, nós recebemos e transmitimos a história e a contingência que está para lá da responsabilidade individual. É a problemática do erro histórico, dos erros e glórias de um povo que ultrapassam essa visão distorcida de que tudo começa e acaba aqui e agora na acção individual. E tudo isto é preciso compreender para compreender onde estamos hoje. Politicamente. E de como saímos daqui. E os deuses de Íon são apenas uma sombra do pecado original que nos atormenta hoje. E o ferrete da política que falta, também - para lidar com esses deuses.
Entretanto, sem Pasolini tudo isto é ainda insuficientemente radical para compreender o que Cintra e a Cornucópia nos andam a querer dizer 40 anos depois do 25 de Abril.
Pier Paolo Pasolini, realizador de cinema (talvez o único que fez filmes que me provocam a necessidade – física, não intelectual – de interromper o visionamento), escritor, poeta, homem de teatro, intelectual, um pensador radical em todos os sentidos, polémico na sua união de contrários – católico e marxista (ah, como eu sempre achei ridícula aquela coisa dos “católicos comunistas” apregoados, porque, das duas uma, ou era normal e não valia a publicidade, ou então tinha de ser publicidade enganosa) –, homossexual quando os tempos eram outros e isso era também ser radical nesse tempo, morreu assassinado por um jovem prostituto em 1975. Segundo o homicida, este agiu em legítima defesa quando Pasolini ficou violento no seu desejo. Segundo outros, que viram buracos insanáveis no processo judicial, Pasolini foi vítima de uma conspiração para matar uma voz incómoda para a Itália democrata-cristã de meados da década de 1970.
Ora, é este Pasolini radical (que vai à raiz das coisas) que Cintra recupera para dar conselhos a Íon, o príncipe e futuro rei. Fá-lo com excertos das cartas de Pasolini a Gennariello, um inventado rapazinho da Itália profunda. São cartas destinadas a resgatar Gennariello da modernidade, a querer trazê-lo para o projecto de preservar uma imaginária autenticidade do povo, salvar uma integridade que só pode ser mítica. São cartas retintamente anti-modernas, idealistas contra a corrupção do tempo, mas completamente fora do tempo e do lugar: se Gennariello existisse, rapazinho, na sua idade e na sua cultura, não perceberia grande coisa do que Pasolini lhe queria dizer com as suas cartas. O Gennariello mítico não podia existir, como não podia existir a África mítica, selvagem, inocente e pura, que Pasolini procurou noutro projecto, “Notas para uma Oresteia africana”, filmado na Tanzânia e no Uganda. Íon vai ser governante e pode seguir os conselhos dos deuses, que aparecem no fim da peça para anunciar o seu plano e colocar o príncipe nos trilhos que convêm aos seus desígnios – ou pode, alternativamente, Íon deixar-se (des)encaminhar pelo Pasolini que Cintra escolhe para dizer que a seta da história nem sempre é progresso, que andar para a frente nem sempre é para a frente, que o que vemos de mudança nem sempre é a razão a trabalhar o mundo, que as transformações nem sempre são desejáveis e não temos que estar sempre a aplaudi-las como se elas fossem as melhorias que não são. Em conversa, Cintra dizia, a propósito daquela intervenção dos deuses no fim, que é como aquele aparecimento das carantonhas da Junta de Salvação Nacional na televisão, na madrugada de 25 para 26 de Abril de 1974, a fechar com óculos escuros assustadores (lembram-se de Pinochet?) e caras fechadas um dia que tinha sido de tanta alegria e esperança, nas ruas: duas coisas tão díspares. E, então, para não deixar os deuses à solta a falar de forma tão medonha, Pasolini é posto a dar outros conselhos.
Na realidade, Cintra e a Cornucópia preocupam-se em não correr para o lado que sopram os ventos, em não ler o que já está escrito, em obrigar a pensar – mesmo numa comemoração. Sendo Abril, precisamente por ser uma comemoração. Então e não lhes fazem (colectivamente, como companhia teatral) o mesmo que fizeram a Pasolini? Fazem, mas agora mata-se (ou tenta-se) de outros modos. Erri De Luca, numa entrevista ao Corriere della Sera publicada a 16 de Outubro de 1994, precisamente sobre as carta a Gennariello, diz: “aquele que tenta atirar no centro, erra o alvo”. Certamente, é essa a crítica que se faz sempre aos radicais. Talvez com razão. Mas podemos dispensar estes radicais, se queremos continuar a pensar?
Este espectáculo (vi na noite de 24 de Abril e depois fui para o Carmo) é uma excelente forma de pensar em nós, 40 anos depois. Está lá a extraordinária força do texto de Eurípides, uma daquelas histórias que vivem pela sua própria dinâmica interna. E entram mais uns tantos elementos a dizer-nos “pensem em Portugal, hoje, não na Grécia antiga”. Na verdade, nem todos os enxertos encaixam com facilidade no conjunto (quem consegue perceber facilmente tudo o que saiu da cabeça de Cintra para se materializar em pormenores imensos num cenário de Cristina Reis?), mas o conjunto funciona muito bem como prazer de continuar a viver a liberdade enquanto coisa concreta que nunca está resolvida.
(Em cena no S. Luiz até 4 de Maio, sem representação no Dia do Trabalhador.)
No vídeo, Cintra a ler Pasolini nas cartas a Gennariello.
28.4.14
Retrato da Princesa Joana Santa.
Vítor d'Andrade lê o poema "Retrato da Princesa Joana Santa", de Porfírio Silva.
Pode ver-se aqui Nuno Júdice a apresentar o livro de onde vem este poema.
27.4.14
Há pouca gente neste mundo (Vasco Graça Moura).
A morte de Vasco Graça Moura faz-me pensar. Não o conhecendo pessoalmente, percebo, pelo que leio por aí, confirmando a impressão que já tinha, que VGM era, nas relações pessoais, uma pessoa estimada. Alguns dos que o elogiam sem reservas são pessoas que me merecem toda a confiança. Quanto à obra, a minha modesta opinião alinha pela opinião de quem sabe mais do que eu, aqueles que valorizam muito o que deixou como poeta e como tradutor. Perguntarão: que tem isto de especial? Não tem nada de especial, mas faz-me pensar.
Faz-me pensar porque VGM, em certas vertentes da sua vida pública (a política, designadamente) sempre me pareceu uma pessoa com uma interpretação demasiado confrontacional das virtudes da clareza (contra os adversários) e da lealdade (com os correligionários). Quero dizer, sem amaciar as palavras pelo seu falecimento: ele adoptava um estilo de dureza na intervenção que eu não aprecio e que, em geral, tendo a considerar poluição dos debates públicos. Tendo a considerar erosão emocional da argumentação. Lembro-me, há muitos anos, de ver debates na televisão francesa e abominar um estilo agressivo, que por cá ainda não se praticava mas lá já era corrente, nomeadamente nos debates políticos. Isso hoje é o pão nosso de cada dia por cá, mas VGM esteve à vontade nesse estilo desde há muito tempo.
Aquela veia confrontacional que eu vi e ouvi, aconteceu. As virtudes que reconhecem aqueles que tomo por gente que fala verdade, existiram certamente. Qual das visões está errada? Acho que nenhuma. Acho que cada um de nós é muitos, cada um de nós é plural. Em particular, aquilo que somos em privado e aquilo que somos em público – podem ser faces muito diferentes de um mesmo mundo pessoal. Não há mal nenhum nisso. Mas há mal em que não haja no mundo espaço suficiente para múltiplos de cada um de nós.
Deixo, abaixo, o que interessa de um poeta: algo da sua poesia. Anda-se uma vida toda a tentar escrever um verso que valha a pena. E depois morre-se.
***
O caminho de Ohrid
do alto das muralhas de ohrid onde
acorrera aos gritos desvairados dos vigias,
o rei samuel avistou o seu exército desfigurado,
arrastando-se entre as montanhas da macedónia.
aos catorze mil homens tinham sido
arrancados os olhos por ordem do imperador
e a um em cada cem mandara ele, basílio II,
fosse poupado um olho para conduzirem o regresso
dessa manada cega. depois de atravessarem altas neves
vinham-se agora despenhando para o lago,
tropeçando, agarrados uns aos outros,
a tortura espelhada nas contorções das faces,
o sangue a empapar-lhes os andrajos. e o rei,
tomado pela angústia, deu um grito de dor e morreu
no alto da muralha sobre a colina e os seus bosques e pomares
que o lago placidamente reflectia.
nesse instante compreendeu como era ambígua
a força cega do destino e em nenhum mosteiro
podia a iconostase explicar-lhe esse cruel mistério:
os santos, com feições dos retratos do fayoum,
entre as chamas trémulas emudeciam
nos seus frescos e as vozes dos jovens monges,
no seu canto austero e imperturbado,
elevavam uma grave primavera na penumbra.
Vasco Graça Moura, in Laocoonte, rimas várias, andamentos graves, Quetzal, 2005
(foto de Tim Walker)
a canonização dos Papas.
A Igreja Católica canonizou hoje dois Papas, de perfis bem diferentes entre si. Como me interesso por todas as coisas que influenciam a vida pública, nacional e internacional, especialmente aquelas que configuram a ideologia corrente, interesso-me por este caso. O meu interesse neste caso resulta da forma como ele exibe com clareza algumas das contradições fundamentais do catolicismo no momento presente. Explico-me.
1. Acho normal que a Igreja Católica faça santos. Cada comunidade tem os seus heróis, os santos são os heróis desta comunidade, não alinho com aqueles que julgam que "fazer santos" seja um arcaísmo.
2. A ideologia dos heróis é, muitas vezes, uma ferramenta usada para as lutas de poder dentro das comunidades. Também assim é neste caso: João Paulo II é canonizado à pressa, uma pressa lançada pelo seu sucessor Bento XVI, que foi o principal teórico e principal polícia do pensamento durante o papado do homem que veio do Leste, e esta pressa tem o fito de prolongar o rasto das ideias do candidato à santidade. O mediatismo de João Paulo II tem continuidade na pressa da canonização, algo muito raro ou mesmo insólito. Esta pressa vai frontalmente contra a habitual gestão do tempo na Igreja Católica, onde se costuma pensar que o que realmente tem valor resiste ao tempo longo. Esta pressa, como cedência ao estilo corrente da comunicação, é, afinal, no seu carácter moderno, uma contradição com uma certa resistência à modernidade que era típica de João Paulo II (vai, assim, contra uma das coisas que até me eram simpáticas em João Paulo II, que era a ideia de que "ser moderno" não é necessariamente garantia de "ser bom"). Já João XXIII, o Papa que tentou trazer a Igreja para o mundo com o Concílio Vaticano II, andava por lá esquecido e só entra nesta canonização porque o Papa Francisco fez um pouco de batota para equilibrar as coisas (fez "batota" porque o dispensou da prova de um milagre, que faltava - o que é natural, porque o estilo de João XXIII não despertava seguidores do género de andarem por aí a "ver" milagres convenientes).
3. O panteão dos santos católicos revela distorções que deveriam fazer pensar no que vale o catolicismo no mundo. Como diz Maria João Sande Lemos (do Movimento Internacional Nós Somos Igreja) ao Público de hoje: "Também alguma coisa não está certa quando analisamos as estatísticas: 85% dos canonizados são do sexo masculino e destes a grande maioria pertence à classe clerical." Mas há outras perguntas legítimas: canonizar um Papa não é canonizar apenas uma pessoa pelas suas virtudes interiores ou pelas suas qualidades de ser humano, há-de ser também um louvor e um elogio ao seu pontificado impecável. Ora, o Papa João Paulo II cometeu gravíssimas falta no exercício da sua função de chefe da Igreja, faltas que deveriam ser considerados pecados graves e de enormes consequências. Citando outra vez Maria João Sande Lemos: "Para além de tudo o que de positivo realizou, o percurso do Papa João Paulo II levanta muitas questões que, a nosso ver, não deveriam permitir esta canonização tão célere, a saber: a inacção da Igreja a nível central face aos gravíssimos casos de abuso sexual por parte de alguns membros do clero, que foram denunciados em todo o mundo; o apoio facultado ao Padre Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, mesmo depois de se saber que ele era não só um abusador sexual mas também um escroque; a forma como permitiu que fossem acusados de desvios doutrinais para cima de cem teólogos e teólogas não lhes dando sequer a oportunidade de serem ouvidos/as." Quer dizer: se os nossos heróis dizem quem nós somos, é preciso ter atenção a quem elevamos ao estatuto de heróis. E premiar a forma como João Paulo II governou a Igreja é esquecer os erros graves que cometeu em questões fundamentais.
4. Como várias vezes tenho escrito, o papado de João Paulo II foi um mandato de intolerância dentro da Igreja Católica, com as armas da repressão do pensamento todas viradas para o esmagamento das ideias de renovação, a par de uma notável tolerância com as correntes mais reaccionárias. Bento XVI, o teórico dessa intolerância, aproveitou a circunstância de ser ele próprio Papa para promover a beatificação e a canonização rápida do seu antecessor, com quem tinha feito equipa. Não me parece bonito. O Papa Francisco, com alguma diplomacia e com a sabedoria de quem reconhece não poder resolver tudo da melhor maneira, meteu dois Papas muito diferentes no mesmo barco e amaciou o sabor da cerimónia. Apresenta, assim, a face plural da Igreja Católica, premiando ao mesmo tempo correntes muito diferentes. O Papa Francisco deu, assim, um exemplo de tolerância: essa tolerância que foi um valor pesado de formas diferentes por cada um dos novos santos de hoje.
25.4.14
que interessa o meu medo?
A minha contribuição pessoal para a comemoração dos 40 anos do primeiro 25 de Abril.
testemunho de uma noite mágica.
[Há dois anos, na véspera do 25 de Abril, publiquei aqui o texto abaixo. Acho que os 40 anos do dia inicial e limpo merecem esta repetição.]
A Júlia Matos Silva teve a enorme amabilidade de me dar a ler este seu "testemunho de uma noite mágica", a noite de 24 para 25 de Abril de 1974. Um testemunho na primeira pessoa, de uma gente e de um tempo em que a "primeira pessoa" era sempre uma enorme partilha com outras pessoas. Gostei do texto, achei-o relevante e bonito, apeteceu-me que fosse partilhado - e a sua autora, gentilmente, autorizou que aqui o publicasse. Faço da prenda de 25 de Abril, que a Júlia me endereçou, a vossa e nossa prenda de Abril, graças à Júlia Matos Silva. Daqui lhe agradecemos, Júlia - e passo-lhe imediatamente a palavra.
***
TESTEMUNHO DE UMA NOITE MÁGICA
A minha noite de 24 para 25 de Abril de 1974 foi «a noite mais bela de todas as noites que me aconteceram», citando Ary dos Santos. A par dos muitos e outros deslumbramentos da minha vida, eu tive o privilégio de viver uma noite inigualável, na qual eu pude conjugar os valores da exigência utópica com o exercício fulcral da luta contra a ditadura. Esta é a memoria de um jornada particular, incrivelmente única.
Às cinco da tarde, o Fernando, o meu marido e cineasta Fernando Matos Silva, telefonou-me para o emprego e disse: «Júlia, não te esqueças que hoje temos o tal jantar. É muito importante. Convinha que viesses cedo.» Esta era a frase de código que havíamos combinado entre ambos para significar aquilo que ambos sabíamos que iria acontecer nessa noite.
No meu emprego, eu estava a viver uma situação profissional particularmente difícil. Desempenhava uma função, desde o princípio de Abril, que me recusara explicitamente a aceitar no início do ano, quando fora nomeada. Ameaçada de despedimento por desobediência à entidade patronal, eu vi-me forçada a assumir essa função, com uma promessa de ser transferida logo que houvesse um lugar compatível. Entretanto, durante os três meses anteriores, o meu dia-a-dia na empresa multinacional onde trabalhava há oito anos, decorrera de uma forma humilhante: sem função, nem telefone, nem gabinete e secretária, cumpria o horário de trabalho, de uma forma totalmente precária e insultuosa: sentada numa cadeira de uma sala pertencente a outra divisão. Estava totalmente proibida de entrar nos andares ocupados pela divisão de marketing. Com o ingresso de um novo diretor da divisão de marketing, um português torna-viagem vindo do Canadá, fora nomeada «assistente de marketing», cujo desenho de funções significava substituir-me ao serviço de pessoal e ser «os olhos e os ouvidos do rei», segundo as suas palavras. O meu papel seria controlar todos os cartões de ponto e contabilizar todos os minutos e segundos de não cumprimento do horário de trabalho, bem como relatar por escrito todas as conversas telefónicas que não fossem de serviço, ou controlar a produtividade dos vendedores, com critérios absolutamente subjetivos. Tinha ainda a missão de medir a produtividade do novo «pool» de dactilografia (formada por secretárias despromovidas a dactilógrafas), nomeadamente na contagem de linhas dactilografadas por pessoa. «Se for caso disso, quero um relatório da receita do sal e da batatinha e do nome de quem a deu ou o nome de quem anda a «brincar» fora do casamento e com quem», afirmava o diretor, para mim e para as outras duas pessoas que haviam sido nomeadas. No meu caso, nunca ele recebeu qualquer nota. De castigo, passei aos dias a imprimir rótulos com uma máquina de «dymo» para classificar as pastas do arquivo de todos os departamentos de vendas, segundo uma lógica totalmente determinada pela sua assistente pessoal.
Assim, imediatamente a seguir ao telefonema, fechei a minha secretária e abandonei o gabinete que partilhava, sem passar cavaco a ninguém. Naquele preciso momento, eu tive a certeza de que nunca mais iria sofrer uma tal humilhação. Saí simplesmente, sem falar com ninguém e ansiosa por chegar a casa.
O Fernando Matos Silva fazia parte de um pequeno círculo de civis, ligado ao MFA, completamente mobilizado para desenvolver várias ações. O centro dessa mobilização passava pelo jornal «República». Na qualidade de cineasta, o seu desígnio seria o de testemunhar e registar de câmara na mão, desde a primeira hora, todos os acontecimentos que se iriam suceder – e foram muitos de sua autoria. Admitia-se, no entanto, em várias reuniões clandestinas, a possibilidade de o Fernando e outros terem que ir para a televisão, no caso de os oficiais do MFA responsáveis pela ocupação da televisão, virem a enfrentar uma total resistência dos profissionais nucleares que nela trabalhavam (o que felizmente não aconteceu, embora as equipas de televisão só tivessem começado a sair na manhã do dia 25 de Abril.)
Quando cheguei a casa, já lá estavam o Fernando Matos Silva e dois importantes jornalistas do Jornal «República»: o Álvaro Guerra e o José Martins Garcia. E assim, fiquei a conhecer toda a cronologia de acontecimentos militares que iriam desencadear-se, a partir de uma determinada hora. Num outro prédio, numa rua perpendicular à nossa casa, estavam o cineasta João Matos Silva e uma equipa, juntamente com todos os equipamentos necessários.
Então, o cenário em minha casa, simultaneamente ansioso e temerário, era composto por quatro adultos, absolutamente convictos e dispostos a arriscar a alma e o físico. Para além deles, estavam os meus pais, dois antifascistas convictos que haviam vindo a Lisboa para uma consulta médica e um bebé de onze meses, a minha filha Cristina.
Na sala, que era, ao mesmo tempo de estar e de jantar, sentámo-nos à volta da mesa onde comemos bastante cedo, de uma forma rápida e nervosa. Quase ninguém comeu e quase ninguém falou, porque no meio de nós estavam dois adultos que não deviam ser envolvidos, por razões óbvias.
«Então não se pode ligar a televisão?», perguntou o meu pai, muito surpreso, por não se ouvir o telejornal. «Hoje não, pai! Eles precisam de trabalhar. Têm uma reunião.»
Levantámos a mesa rapidamente e no centro dela, foi posto um rádio ligado, perfeitamente sintonizado e pronto a fazer soar as surpreendentes senhas musicais. Entretanto, sentámo-nos à volta da mesa, embora, cada um de nós, com o nervosismo, se levantasse e sentasse repetidamente. Fumavam-se cigarros, uns atrás dos outros e pouco se falava, para que os meus pais não fossem envolvidos.
Antes da hora marcada, a campainha da porta tocou por duas vezes, com a diferença de alguns minutos. Naquele preciso momento e sem se conhecerem mutuamente, visitavam-nos dois amigos, totalmente estranhos ao que estava a suceder: o publicitário António Reis, com quem o Fernando estava a fazer um filme de publicidade e o meu primo Vicente Trindade, bailarino no Teatro S. Carlos. Nenhum deles percebeu o que acontecia, nem foi, envolvido de qualquer maneira. Guardou-se total segredo, porquanto tinham que ser protegidos de algo que não se sabia ainda como iria acabar. No dia seguinte, cada um deles manifestou a forma como tinham ficado surpreendidos com o facto de ninguém ter desenvolvido uma conversa de jeito e de terem achado estranho que um rádio a tocar dominasse a atenção de todos nós.
Assim, à hora marcada, os quatro adultos implicados, ouviram, num silêncio de bronze e sem poderem manifestar-se, o som gritante da 1ª senha. Para dar início às operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armada. João Paulo Dinis, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa dizia:
«Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, “E Depois do Adeus...”».
E assim, a voz de Paulo de Carvalho inundou a sala e dominou os olhares, a voz contida e o frio na espinha de todos aqueles que a aguardavam, sofregamente, como um banho de luz no meio da maior escuridão.
Felizmente que os dois visitantes decidiram ir-se embora. Quando ficámos sós, entre abraços e sorrisos, saltámos todos num desconcerto. Havia que saborear aquela imensa alegria tão contida. E, excitados, ali ficámos todos, debruçados sobre o rádio, aguardando a hora da 2ª senha.
Sinalizando a continuidade das ações militares do MFA, no programa Limite da Rádio Renascença, ouviu-se a canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso, gravada por Manuel Tomás e posta no ar por Leite de Vasconcelos. À meia-noite e vinte, Leite de Vasconcelos lê a primeira quadra da Grândola Vila Morena, marcando a leitura com o som dos passos arrastados que iniciam a canção: «Grândola, vila morena / Terra da fraternidade / O povo é quem mais ordena / Dentro de ti, ó cidade. //»
E o timbre inconfundível e arrebatador de Zeca Afonso espraiou-se naquelas quatro paredes, desarrumando os gestos daqueles que a aguardavam como o signo de todas as liberdades. Já não pudemos ouvir com atenção a leitura de poemas que se seguiu da autoria do jornalista da República Carlos Albino, que era colaborador naquele programa e que, a pedido de Álvaro Guerra e do Comandante Almada Contreiras, havia sido desafiado a enviar mais e prodigiosos sinais.
Naquela altura, era vital avisar outras pessoas significantes do Jornal República. Foi decidido que seríamos eu e o Fernando a fazê-lo. Antes de sair e muito seriamente, o Fernando dirigiu-se ao meu pai e à minha mãe – que já tinham, entretanto, sido informados de tudo o que estava a acontecer – e explicou o que íamos fazer.
«Pai Barata, Mãe Amélia, nós vamos avisar umas pessoas. Se nos acontecer alguma coisa tomem bem conta da nossa filha.»
E aqueles dois avós, antissalazaristas e antifascistas ferrenhos, ali ficaram calma e generosamente aguardando os factos, ao mesmo tampo que uma criança dormia serenamente, no quarto ao lado.
Quais namorados (ah! e tão amantes verdadeiramente!) saímos os dois num carro que não era o nosso, para cumprir um trajeto pré-definido: num prédio nas Amoreiras, avisámos o jornalista Alberto Arons de Carvalho; num outro prédio, na Av. Duque de Ávila, à porta do qual estava estacionado um carro, com dois homens com um ar pidesco, entrámos abraçados num longo beijo, para avisar o Belo Marques, responsável comercial do Jornal República; terminámos a ronda, num andar alto de um prédio na Avenida de Roma, onde morava o jornalista José Jorge Letria.
Destas investidas aventurosas, ficou-me a lembrança de uma noite anormalmente deserta e árida, como se a cidade numa paralisia excruciante estivesse já a pressentir o som áspero e cavernoso da queda do regime.
Quando regressámos a casa, sobraram, em todos nós, as horas sonâmbulas de uma expetativa insana. O telefone de casa já tinha sido cortado. Multiplicando-se em gestos e olhares e tremendamente ansiosos, cada um de nós aguardava, nervosamente, o grande sinal, simultaneamente pacificador e significativo de que o golpe vingava.
E às 04:20 da madrugada do 25 de Abril, fomos tocados pelo alcance de uma voz séria e ritmada, que significava, para todos nós, ou o início de todos os perigos ou o princípio da redenção:
«Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.
As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo. Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua ocorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração que se deseja, sinceramente, desnecessária.»
E assim na madrugada desse dia «inteiro e limpo», tal como o cantou a poeta Sophia, cada um de nós viveu as mais intensas e rútilas memórias da sua geração.
Pouco tempo depois, os jornalistas Álvaro Guerra e José Martins Garcia partiram para o Jornal República cumprindo a sua missão nuclear: dar vida à voz da liberdade. O Fernando Matos Silva e a equipa partiram pelas ruas de Lisboa, captando as imagens grandiosas da expressão generosa de uma aliança entre as armas e o povo. E são muitas dessas imagens que ainda hoje prevalecem para documentar o gesto grandioso de um país que venceu a ditadura, sem lágrimas de sangue. O olhar e a câmara do Fernando Matos Silva – que tinha visto o seu primeiro filme «O Mal-Amado» totalmente proibido pela censura – hão-de ficar indelevelmente livres, testemunhando os atos e as emoções dos militares e do povo.
Eu, perdi-me nas ruas do bairro, batendo às portas dos amigos, a maior parte deles convencidos que era um golpe do Kaúlza de Arriaga. Nem o relato da minha noite os conseguiu convencer totalmente sobre o que estava em andamento!
Teixeira de Pascoais dizia que «a saudade é a velha lembrança gerando um novo desejo». E da saudade que eu tenho desse tempo, só me resta o desejo de que o povo português se mantenha fiel à liberdade que conquistou no 25 de Abril. Nesta terrível liquefação dos valores vinculativos e estruturantes das sociedades democráticas do pós-guerra, aqui e na Europa, regressam os vampiros como se fosse uma festa!
Júlia Matos Silva
24.4.14
quarenta Abril depois.
Desarrumado, é esse o estado do meu sonho.
Os sonhos costumam ser inteiros,
mundos vistos de dentro com a precisão da aparência,
perfeitamente calculados com pouca geometria
e voo, muito voo.
Mas este desarrumou-se:
todos parecem poder brincar lá dentro,
dizer palavras temporárias como verdades eternas
tentando aplacar esta nudez das colinas na cidade
ou sussurrar de cócoras memórias proscritas
escondidos nas cortinas de veludo
enquanto os principezinhos da república brincam à cabra cega
com os sérios e impolutos herdeiros do espírito do ballet rose
a sonhar, que eles também sonham
(o que é teu é sonho, o que é meu é crime)
com a caça à lolita nos jardins do hierarca.
Desarrumado, é esse o estado do meu sonho.
Sem perceberes que a razão do naufrágio do titanic
foi não serem afinal suficientemente estanques
os compartimentos que mantinham o universo a navegar,
julgaste que os sonhos se cumpririam dentro de ti,
que os sonhos atravessariam os desertos recolhidos nas tuas mãos,
que podias resolver o problema da habitação | a paz | o pão sozinho,
julgaste que sonhar é coisa para sonhadores
e olha, o sonho e o crime fizeram casas nos mesmos bairros,
procriaram anões tremendamente eficazes, fortes como touros
alimentados pelo sangue das virgens e o leite dos centauros
e hoje, que já não se distingue um criminoso pelas intenções,
o estado do meu sonho é isto: desarrumo.
por favor, não queiram convencer-me que é hoje que vão fazer a revolução.
Kostis Velonis, Life without Tragedy, 2011
(fotografado na exposição No country for young men, BOZAR, Bruxelas)
Agora, de repente, anda por aí muita gente a fazer de conta que vai praticar a revolução hoje à noite ou amanhã de manhã.
Andaram quarenta anos a votar em quem se vê, a fazer pela vidinha (porque é preciso comprar vestidos novos e calçado novo e camisas novas e actualizar muito os computadores e os telemóveis); andaram quarenta anos a detestar as pessoas que faziam diferente, a ignorar olimpicamente os associativos, os cooperativistas, os malucos da autogestão, a dizer mal dos sindicatos e a desculpar tudo aos patrões e à gente séria que trabalha e não quer perder tempo com políticas; andaram quarenta anos a dizer mal das greves, que causam transtornos às pessoas, sem pensar que também são pessoas os que fazem greves; andaram quarenta anos a desconfiar da cultura, e do dinheiro que se gasta com a cultura, e com os preguiçosos que pensam em cultura; andaram quarenta anos a pensar que a democracia é uma coisa de renovar os votos de submissão de tanto em tanto tempo e que fora disso a política é para os políticos; andaram quarenta anos a deixar que alguém faça ou a preferir que ninguém faça grande coisa; quarenta anos a fazer o jogo da roupa suja dos pequenos escândalos, sem notar que esse fumo encobre as verdadeiras desigualdades; quarenta anos a tratar como causas menores a igualdade de género (de preferência desdenhando do "feminismo"), os direitos das minorias, os estrangeiros explorados, os que de algum modo são diferentes, como se só importasse a sobrevivência do dia presente - e agora querem fazer a revolução numa passeata.
Caramba, a revolução é voltar a ter um dia de festa e a seguir voltar contente para casa com mais três euros por mês no salário mínimo? A revolução é viver desconfiado de qualquer um que tenha uma bicicleta, se eu ando a pé, como se o ideal fosse sermos todos pobres? A revolução é clamar contra os miseráveis, que são tratados como ladrões porque recebem do Estado meia dúzia de tostões a título de uma qualquer prestação? A revolução é esta inveja generalizada, em que somos pasto para os que governam dividindo, "para reinar"?
Façam-me um favor, aqueles que sempre esperaram que os de cima ganhassem juízo, em vez de tratarem de meter as mãos na massa, façam-me o favor de não pensarem que vão fazer a revolução num dia de sol com nuvens de manhã, entre os alfarrabistas da rua anchieta e a fnac do chiado, a dizer piadas ao coelho que chegou lá com os votos de quem, dos tártaros da Crimeia?
Estou grato ao 25 de Abril, estou triste com este país 40 anos depois - mas não foram os deuses que nos tramaram. Quem nos tramou foi o "pragmatismo" reinante, a gente bem ordenada e que não quer perder tempo com políticas, que só se dá conta do mundo quando o estrume lhe chega à porta de casa, mesmo que esse estrume já tivesse atolado muita gente há muito tempo.
Quem nos tramou foi a indiferença. E a indiferença não se resolve com emoções de um dia. Ou de uma semana que seja.
Demitimo-nos e agora estamos tristes.
Temos direito a estar tristes.
Não façamos é de conta que vamos resolver o problema numa noitada de quinta para sexta-feira, numa comemoração qualquer.
Não vamos fazer revolução nenhuma. Vamos comemorar uma, já não é mau. Mas é apenas isso.
23.4.14
parece que hoje é o dia mundial do livro.
Ontem, no Centro Nacional de Cultura, foi mostrado ao mundo o meu livro de poesia "Monstros Antigos". Nuno Júdice fez a apresentação, que aqui partilho em vídeo.
22.4.14
40 anos depois.
40 anos depois do primeiro "25 de Abril" a direita política e partidária aprendeu tudo. Ou melhor, reaprendeu. Basicamente, "tudo" é apenas isto: impor uma noção de "decência" que lhe permite apontar como indecente tudo o que não sirva os seus interesses. E aceitar como decente tudo o que lhe convenha ou faça bom embrulho ao que lhe interessa. Sinal disso é que ninguém, nos estados-maiores dos partidos da direita, se importa muito com as vozes, da mesma direita, que renegam o que PSD e CDS fazem no poder. Por quê? Porque só lhes interessa quem possa dar-lhes ou tirar-lhes poder, não se incomodando muito com "valores". E de que nos queixamos? Quem não tem um grão de culpa neste "pragmatismo" reinante?
Já a esquerda, 40 anos depois, não aprendeu nada. Agitam-se por aí, mais ou menos fora dos holofotes, as pequenas grandes guerras de sempre, as heranças miúdas do PREC. Em vez de se sonharem as revoluções de amanhã, continuamos zangados com as zangas de ontem. Ou, outro olho da mesma doença, só pensamos no dia de hoje.
Eu gostava mesmo era de uma comemoração do 25 de Abril em que os democratas não precisassem de falar do governo do momento. Sim, porque dizer o óbvio sobre o governo de hoje é apenas uma forma de esconder que estamos atarantados quanto ao dia de amanhã.
16.4.14
para que não digam que não falo da entrevista.
(15 de Abril, aí pelas onze da noite)
Fui para ouvir a entrevista do PM. Como deixei passar a hora, recorri às mordomias da box e mandei recomeçar o programa. A box deve estar estragada, porque estava a dar um tipo que parecia o PM de Portugal, mas se limitava a repetir banalidades, ao mesmo tempo que misturava passo a passo as coisas do governo do país com a mercearia das relações partidárias entre PSD e CDS. Aguentei meia hora e desliguei. A porcaria da box está mesmo marada.
15.4.14
os fascistas é que eram sérios.
Para falar mesmo a sério, sirvo-me simplesmente das palavras de José Teófilo Duarte, que eu resumo com uma única das suas frases: «Não há seriedade numa ditadura.»
Mas vale a pena ler a explicação: «Não há seriedade numa ditadura. A não ser a séria aplicação da repressão. Quem acha que a ditadura era frequentável é quem não tem a mínima curiosidade intelectual, nem tem a mínima noção do que é viver em sociedade. Há quem exclame que sempre disse o que entendeu e não sofreu nada com isso. Resta acrescentar que quem isto diz nunca tem nada para dizer, ou então diz o que os regimes repressivos querem ouvir. Coisas do tipo: "a política é para os políticos" ou "deixem-nos governar". E uma ditadura não proíbe apenas o que se diz, proíbe o que se quer conhecer. Proíbe tudo o que coloca em risco os privilégios dos que proíbem.»
Entretanto, porque certas coisas não podem ser faladas com punhos de renda - já que os punhos de renda podem estar próximo das mãos que nos apertam as gargantas - , talvez devessemos falar com menos elevação do que José Teófilo Duarte. Por exemplo, lembrando a elevada moral da "classe dirigente" do "antigamente". Assim de repente: o caso "ballet rose" diz-lhes alguma coisa? Não, não é simplesmente uma série de televisão. Aconteceu mesmo, neste país "gerido" por "gente séria".
E da própria corrupção faz parte que a "gente séria" seja protegida pelos mecanismos da ditadura. A censura, por exemplo.
Não era possível publicar por cá aquilo que escreveu a imprensa estrangeira. Por exemplo, relatos como o do jornal italiano ABC, sob o título “Caça à lolita no jardim do ministro”. Aí se escrevia sobre a participação entusiasmada de um membro do governo, muito próximo de Salazar, em brincadeiras com raparigas de idade inferior a 14 anos. Nos jardins da moradia desse ministro no Estoril realizavam-se “caçadas”, como eles diziam, nas quais umas tantas miúdas, despidas excepto dos sapatos e de uma cabeleira com uma fita colorida, eram "soltas" para serem perseguidas pelos caçadores - “diversos aristocratas, o tal ministro e altos funcionários estatais” – que, igualmente despidos e igualmente marcados com uma fita colorida, tratavam de capturar a rapariga com a fita da mesma cor, passando, então, à actividade sexual entre caçador e presa. Noutras ocasiões, explicava o jornal, as menores dançavam nuas sob holofotes de luz rosa, prática conhecida como “Ballet Rose”, designação que deu nome ao caso.
Tudo gente séria. E, dirão alguns, que tinha isso a ver com a ditadura? Resposta: tudo. Porque era a impunidade dos membros da casta dominante que produzia o desplante de fazer e depois encobrir com recurso à manipulação dos órgãos do Estado, desde os que se ocupavam da censura até aos que desviavam o curso da acção da polícia e dos tribunais. E, claro, se algum advogado oposicionista pudesse ser acusado de ser a fonte das notícias "inconvenientes" na imprensa estrangeira, e se isso pudesse ser usado para o afastar, isso também não teria nada a ver com a ditadura, pois não?
Uma ditadura é um mundo total. A corrupção moral faz parte do sistema, como cimento. Pensar, como muitos pensam por aí hoje, que "antigamente é que era limpo", é, na maior parte dos casos, ignorância. Mas essa ignorância não nasce do vazio: nasce dos que a alimentam, com mitos e fábulas. E há muito disso, hoje. Cuidado: não devemos olhar com bonomia para os que aproveitam as ondas para limpar a memória das ditaduras passadas - porque isso serve para facilitar as ditaduras futuras.
11.4.14
Valentadas no país do vale-tudo.
O ex-deputado e ex-secretário de Estado Vasco Pulido Valente, tão valente que dá lições de cátedra às resmas a tudo o que seja político, certamente escorado na notável obra de representante do povo e de governante de que todos nos lembramos com suspiros saudosos, volta ao nosso convívio no Público de hoje. Percebe-se que as pessoas têm de fazer alguma coisa para ganhar a vida - e escrever com regularidade, para ganhar a vida, pode ser um exercício superior às nossas forças. Será que isso justifica todo e qualquer disparate do escriba?
O texto de VPV, hoje, começa assim: "Dia a dia, o PS vê o seu mundo cair. A revolução de Cuba e de Fidel de Castro é hoje a farsa da revolução 'bolivariana' de um demente chamado Chávez e do analfabeto e criminoso Nicolás Maduro, que levou a Venezuela à miséria e ao caos."
Meter aqueles personagens todos no "mundo do PS" não é apenas um desvario. Tenha-se a opinião que se tenha do PS, de Fidel Castro, de Chávez ou de Maduro - meter isso tudo no mesmo mundo é, simplesmente, uma desonestidade de quem já não tem o mínimo respeito pelo jornal que lhe paga nem pelos leitores que correm o risco de topar com ele.
A aldrabice não faz mal ao país apenas quando vem de banqueiros ou políticos.
as sugestôes do João Miguel.
[o que é isto?]
Para conseguirmos faire marcher le devoir et l'amour. (Carmen, 2º acto)
O jornal Público iniciou quinta-feira, 10, a publicação fac-similada de Livros Proibidos pelo Estado Novo. A colecção (de 13 obras) começou com Gaibéus, de Alves Redol (1,95€).
- Dias 11, 12 e 13, possibilidade de visitar as Galerias Romanas da Rua da Prata (das 10h00 às 17h00, entrada junto ao Nº 77 da Rua da Conceição, fila de espera, vestuário para ambiente húmido e lamacento, lanterna)
- Abertas inscrições para o curso Encontros com a Pintura Europeia (parte II), por Ana Paula Rebelo Correia (8 sessões; quartas, de 23 de Abril a 18 de Junho; duas turmas: Turma I das 10h30 às 12h30, Turma II das 18h30 às 20h30; na Casa de Santa Maria, Cascais (21 481 53 82/3); 85€, sessão avulsa 20€
- Até dia 14, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para o curso Escrita Criativa (por José Couto Nogueira; 10 sessões, às 19h00 de segundas e quartas, com início a 28 de Abril) (www.elcorteingles.pt)
- Até dia 15, inscrições (grátis em ihc.40anos25deabril@gmail.com) para o Congresso 25 de Abril, no Teatro D. Maria II, dias 21 a 24
- Até dia 18 de Maio, ciclo de cinema: 8 ½ Festa do Cinema Italiano
Sexta-feira, dia 11
- das 9h00 às 18h00, no Institut Français du Portugal, projecto Résistance(s): La resistance juive pendant la IIeme guerre mondiale (0€)
- às 11h00, na ARTE, Escapade Gourmande – Veneza (28’)
- às 11h38, TV5, Les Châteaux de la Loire (60’)
- às 13h00, na Câmara Municipal de Lisboa, Bach / Zelenka - Sonatas Barrocas, por Ana Pereira (violino), Sally Dean (oboé), Luis Auñón Pérez (oboé), Bertrand Raoulx (fagote), Ana Cláudia Serrão (violoncelo) e Marcos Magalhães (cravo), Solistas da Metropolitana (0€)
- às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Trios para Clarinete, Violoncelo e Piano (Beethoven e Zemlinsky), por Jorge Camacho (clarinete), Mariana Ottosson (violoncelo) e Savka Konjikusic (piano), Solistas da Metropolitana (0€)
- às 19h00, no El Corte Inglés (Restaurante, Piso 7), As Conferências D'O Eixo: Humor e Política no Século XXI, com Luís Pedro Nunes (0€, inscrição prévia em: Ponto de Informação, Piso 0, ou relacoespublicas@elcorteingles.pt)
- às 19h00, no Auditório do ISEG (Concerto Aberto Antena 2), Homenagem a Hindemith (J. S. Bach, Hindemith e Böhme), por Rui Mirra (trompete), Sérgio Charrinho (trompete), Paulo Carmo (trompete), Nuno Vaz (trompa), Reinaldo Guerreiro (trombone) e Adélio Carneiro (tuba), Solistas da Metropolitana (0€)
- às 21h30, no Espaço BES Arte & Finança, Praça Marquês de Pombal, 3 A, concerto de beneficiência, com Jorge Palma e Ala dos Namorados (7€)
- às 23h00, no Duetos da Sé, Travessa do Almargem, 1, Alfama, Nicole Eitner (voz e piano) e Miguel Menezes (contrabaixo) (5€)
Sábado, dia 12
- das 10h00 às 18h00, no Institut Français du Portugal, projecto Résistance(s): O cinema e a resistência nos regimes ditatoriais (0€)
- às 12h30, na RTP2, A Verde e a Cores - episódio 13 (reposição; 27’)
- às 15h00, no Palácio Marquês de Pombal, Oeiras, visita: Os Estuques do Palácio, por Isabel Mendonça (0€; inscrição prévia: 214 404 851/91, dphm@cm-oeiras.pt)
- às 15h30, no Mosteiro das Monjas Dominicanas do Lumiar (Quinta do Frade - à Praça Rainha D. Filipa), ciclo de Conferências do Mosteiro 2013/14: Construir uma relação igual e diversa: um testemunho, por Sara Martinho e Rita Quintela (0€)
- às 16h00, na Livraria Bulhosa (Entrecampos), leitura encenada O Som e a Fúria, de W. Faulkner
- às 16h00, no Museu Nacional de Arte Antiga, Trios com Piano (Reinecke, Sibelius e Haydn), por Carlos Damas (violino), Jérôme Arnouf (trompa), Jian Hong (violoncelo) e Anna Tomasik (piano), Solistas da Metropolitana (0€)
- às 16h00, no Museu do Oriente, Homenagem a Hindemith (J. S. Bach, Hindemith e Böhme), por Rui Mirra (trompete), Sérgio Charrinho (trompete), Paulo Carmo (trompete), Nuno Vaz (trompa), Reinaldo Guerreiro (trombone) e Adélio Carneiro (tuba), Solistas da Metropolitana (0€)
- às 17h00, na Igreja de S. Vicente de Fora, concerto de órgão, por Brett Leighton (0€; reservas: info@althum.com ou 919 745 338)
- às 17h30, na Igreja de S. Nicolau, Santarém, recital de órgão (repertório ibérico do séc. XVI para órgão de António Carreira, António de Cabezon, Heliodoro de Paiva), por David Paccetti Correia (0€)
- às 18h00, no Museu do Ciclismo, Caldas da Rainha, conferência Beethoven: da Fantasia Coral à Nona Sinfonia, por Luís Trabucho de Campos (Professor Catedrático do Departamento de Matemática da UNL)
- às 18h00, no Museu da Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria, Monte Estoril, Integral para violino solo e violino e piano de Fernando Lopes-Graça, por Bruno Monteiro (violino) e João Paulo Santos (piano) (0€)
- às 21h30, na Igreja da Misericórdia, Óbidos, Procissão da Mudança das Imagens
- às 21h30, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, Grândola, 10º edição do Festival Terras Sem Sombra, Liturgia da Esperança: Misterio de lo Cristo de los gascones, pelo Nao d’amores, dramaturgia e encenação de Ana Zamora (0€)
- às 21h30, no Palácio Foz, Bach / Zelenka - Sonatas Barrocas, por Ana Pereira (violino), Sally Dean (oboé), Luis Auñón Pérez (oboé), Bertrand Raoulx (fagote), Ana Cláudia Serrão (violoncelo) e Marcos Magalhães (cravo), Solistas da Metropolitana (7€)
- às 21h30, no Teatro Thalia, Haydn: As Sete Últimas Palavras, por Adrian Florescu (violino), Daniela Radu (violino), Andrei Ratnikov (viola), Peter Flanagan (violoncelo) e Vladimir Kouznetsov (contrabaixo), Solistas da Metropolitana (5€)
- às 21h30, na Capela de São Miguel da Universidade de Coimbra, II Ciclo de Requiem de Coimbra: Livro dos Defuntos (compilado na segunda metade do séc. XVI e preservado no Fundo Musical da Universidade), pela Cappella Musical Cupertino de Miranda dirigida por Luís Toscano
- às 22h40, na RTP2, A Leste do Paraíso, de E. Kazan (111’)
- às 24h00, na Fábrica Braço de Prata, concerto de choro, por Raspa Tacho (5€)
Domingo, dia 13
- às 10h20, na ARTE, Metropolis (43’)
- às 11h35, na ARTE, Philosophie: Possible (29’)
- às 11h00, no Museu do Azulejo, visita guiada, pela comissária Drª Alexandra Curvelo, à exposição O Exótico nunca está em casa? (0€)
- às 12h30, na RTP2, A Verde e a Cores - episódio ? (parece-me que eram 13, mas …)
- às 15h30, no Convento de S. Domingos, R. João de Freitas Branco, 12 (arquitectura interessante, se não conhece, aproveite), Concerto de Páscoa "Lux Eterna", pela Capela Nova (0€)
- às 16h30, na Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, Concerto "Paixão", pelo Ensemble Vocal Introitus com narração de João de Carvalho (0€)
- às 16h35, na ARTE, Opéra Comique, Naissance d'une Académie (documentário; 53’)
- às 17h00, na Mezzo, Falstaff, de Verdi (2009; Glyndebourne; 128’)
- às 17h00, no Teatro Gil Vicente, Cascais, A Voz de um Povo (concerto de Cante Alentejano) (0€)
- às 17h00, na Igreja de S. Roque, 10.º Ciclo de Ramos (Requiem aeternam (Marcelo Valva), Agnus Dei (Alberto Balzanelli), O vos omnes (Dante Andreo), Crux fidelis (Alberto Balzanelli), Lux aeterna (Fernando Moruja), Vox in Rama (Gabriel González), Lacrimosa (Calixto Alvarez), Pueri hebraeorum (Marcelo Valva), Libera me (José Antonio Rincón), Gloria (César Alejandro Carillo), pelo coral VoxLaci, dirigido por Virginia Bono (0€)
- às 17h40, TV5, Les Châteaux de la Loire (60’)
- às 18h30, no Convento dos Cardaes (belíssimo), Cânticos de Quaresma e Páscoa segundo a tradição judaico-cristã, pelo Cantus Certus: Francisco Gomes Ferreira (flauta), Estêvão Gomes Ferreira (violoncelo), Ana Boullosa (soprano), Victor Roque Amaro (alaúde e direção) (0€)
- às 23h10, na ARTE, ballet: Chaplin, de Mario Schröder (99’)
Segunda-feira, dia 14
- das 9h15 às 18h00, no Auditório 2 da Gulbenkian, conferência: O 25 de Abril 40 anos depois (transmissão em direto na SIC Notícias)
- às 15h25, na ARTE, À la Recherche du Trésor des Romanov (52’)
- às 17h30, no Auditório 3 da Gulbenkian, conferência: A Paixão segundo São Mateus de J. S. Bach, por Manuela Toscano (0€)
- às 18h00, no Palácio Foz, recital de piano (Beethoven, Bortkiewicz, Granados, Grieg, Rachmaninoff, Prokofieff, Mompou, Brahms, Moszkowski, Scriabin, Rimsky-korsakof, Rachmaninoff e Chopin), por António Hamrol (0€)
- às 19h00, no Palácio da Ajuda, 10.º Ciclo de Ramos (Requiem aeternam (Marcelo Valva), Agnus Dei (Alberto Balzanelli), O vos omnes (Dante Andreo), Crux fidelis (Alberto Balzanelli), Lux aeterna (Fernando Moruja), Vox in Rama (Gabriel González), Lacrimosa (Calixto Alvarez), Pueri hebraeorum (Marcelo Valva), Libera me (José Antonio Rincón), Gloria (César Alejandro Carillo), pelo coral VoxLaci, dirigido por Virginia Bono (0€)
- às 21h30, na Casa da Achada, Revolução (1975, 10 min.), de Ana Hatherley e Passagem ou a meio caminho (1980, 80 min.), de Jorge Silva Melo (0€)
- às 21h55, na RTP2, Visita Guiada: episódio 7/13: Convento de Cristo, Tomar
Terça-feira, dia 15
- às 12h00, na RTP2, Visita Guiada: episódio 5/13: Museu Grão Vasco, Viseu
- às 14h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): Os Sapatos Vermelhos, de M. Powell e E. Pressburger (senhas a partir das 13h30)
- às 17h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): Os Sapatos Vermelhos, de M. Powell e E. Pressburger (senhas a partir das 16h00)
- às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Livros Difíceis: O Ser e o Nada, de Jean-Paul Sartre, por Paulo Tunhas (0€)
- às 21h30, na Igreja Matriz de Cascais, 10.º Ciclo de Ramos (Requiem aeternam (Marcelo Valva), Agnus Dei (Alberto Balzanelli), O vos omnes (Dante Andreo), Crux fidelis (Alberto Balzanelli), Lux aeterna (Fernando Moruja), Vox in Rama (Gabriel González), Lacrimosa (Calixto Alvarez), Pueri hebraeorum (Marcelo Valva), Libera me (José Antonio Rincón), Gloria (César Alejandro Carillo), pelo coral VoxLaci, dirigido por Virginia Bono (0€)
- às 21h30, na Igreja da Misericórdia, Óbidos, recital: Duo Lírico de Páscoa, com Ana Sêrro (soprano), Natália Brito (meio-soprano) e Kodo Yamagishi (piano)
- às 21h55, na RTP2, Entre Imagens – 7/13 Paulo Catrica (25’)
Quarta-feira, dia 16
- às 7h55, na ARTE, Populisme, l'Europe en Danger (82’)
- às 14h00, na Fábrica da Pólvora de Barcarena, visita: As Centrais (0€; inscrição prévia: 210 977 422/3/4, museudapolvoranegra@cm-oeiras.pt)
- às 15h30, na Cinemateca, O Anjo Azul, de J. Sternberg
- às 18h00, na Antena 2, Charlie Chaplin 125 anos, por Ana Paula Ferreira
- às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, American Corner (declamação de poemas americanos), por José Pedro Sousa acompanhado ao piano por Carlos Pereira (0€)
- às 18h30, na Culturgest, ciclo Estética e Política entre as Artes, conferências: Artes e reparações do mundo, por Silvina Rodrigues Lopes; A política da forma e as suas condições, por António Guerreiro (senhas a partir das 18h00, com transmissão em http://www.culturgest.pt/)
- às 18h30, na Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, comunicações: O Desenho e a Cor na Obra de Silva Porto
- às 19h50, na ARTE, Manon Lescaut, de G. Puccini (Festival de Pâques de Baden-Baden; Filarmónica de Berlin; Simon Rattle; Eva-Maria Westbroek; Lester Lynch; Massimo Giordano; 135’)
- às 21h30, na Igreja da Misericórdia, Óbidos, recital: Oratória Pascal, com Carla Simões (soprano) e Armando Vidal (piano)
- às 21h30, na Sé Velha de Coimbra, II Ciclo de Requiem de Coimbra: Requiem a 6 (Duarte Lobo), pelo Coro Casa da Música
Quinta-feira, dia 17, Quinta-feira Santa
- às 12h00, na RTP2, Entre Imagens – 5/13 Augusto Brázio (25’)
- às 18h00, no Palácio Foz, recital de canto e piano (Bach, Mendelssohn e Handel), com Manuel Pedro Nunes (barítono) e Paule Grimaldi (piano) (0€)
- às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, ciclo 8 Olhares sobre Mensagem: Manuel Brás da Costa (canto lírico) (0€)
- às 21h00, na Casa da Música, Porto, Requiem a 6 (Duarte Lobo), Lamentações do Profeta Jeremias (Alberto Ginastera), As sete últimas palavras (Daniel Elder), pelo Coro Casa da Música
A seguir:
- Dia 18, às 11h38, TV5, Les Châteaux de la Loire (60’)
- Dia 18, às 18h00, na Sé Velha de Coimbra, II Ciclo de Requiem de Coimbra: Requiem (Mozart), pelo Coro Sinfónico Inês de Castro e a Orquestra do Norte, dirigidos por José Maria Moreno
- Dia 18, às 18h30, na Praça de Santa Maria, Óbidos, Auto Descimento da Cruz
- Dia 19, às 13h30, no Palácio Foz, visita guiada (0€, inscrição prévia: 21 322 1240 ou visitas.guiadas@gmcs.pt )
- Até dia 22, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para a primeira edição do curso História do Teatro (por José Carlos Alvarez; 8 sessões, às 19h00 de terças e quintas, com início a 6 de Maio) (www.elcorteingles.pt)
- Dia 22, às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Dia do Choro em Portugal, com Edgard Gordilho, do grupo Choro na Praça (0€)
- Dia 22, às 18h30, no Centro Nacional de Cultura (Rua António Maria Cardoso, 68), apresentação (por Nuno Júdice) do livro de poesia "Monstros Antigos", de Porfírio Silva
- Dia 22, às 19h00, no El Corte Inglés, sessão do ciclo de conferências e debates Pensar Portugal: O Futuro da Floresta em Portugal, com o autor João S. Pereira (0€, inscrição prévia em: Ponto de Informação, Piso 0, ou relacoespublicas@elcorteingles.pt)
- Dias 22 e 23, das 9h00 às 18h00, no Auditório 2 da Gulbenkian, conferência: A Ditadura Portuguesa: porque durou, porque acabou
- Dia 23, às 18h30, no El Corte Inglés (Restaurante, Piso 7), apresentação (por Clara Ferreira Alves) do livro "Viagem Pela Literatura Europeia", de António Mega Ferreira (inscrição prévia em: Ponto de Informação, Piso 0, ou relacoespublicas@elcorteingles.pt)
- Dia 23, às 19h00, no Institut Français du Portugal, Bar das Ciências: Será o Mundo de Avatar Realista?, com Roland Lehoucq (0€)
- Até dia 24, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para o curso História da Ciência em Portugal (por Carlos Fiolhais; 6 sessões, às 19h00 das sextas, com início a 9 de Maio) (www.elcorteingles.pt)
- Até dia 24, inscrições (cursoslivresclepul@gmail.com) para o curso Eça de Queirós: A última década, por Isabel Rocheta, Cristina Sobral e Irene Fialho (6 sessões; quartas, de 30 de Abril a 4 de Junho; às 18h00; na Sala D. Pedro V, Faculdade de Letras da UL; 60€
- Dia 26, às 21h30, no Café Saudade, Sintra, Leituras no Café Saudade (tertúlia literária): Nova Teoria do Sebastianismo, de Miguel Real (que estará presente), dinamizadas por Vítor Pena Viçoso (0€)
- De 24 de Abril a 4 de Maio (quarta a sábado, às 21h00; domingo às 17h00), no Teatro São Luiz, Íon (adaptado de Eurípides, traduzido por Frederico Lourenço, encenação de Luis Miguel Cintra (15€)
- De 2 a 4 de Maio, no Centro Cultural de Belém, Dias da Música em Belém: Mudam-se os Tempos
- Dia 10 de Maio, às 21h30, no Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra, concerto (Shadows, Beatles, Bee Gees, Otis Redding) comemorativo dos 50 anos dos Diamantes Negros (10€)
- De 3 a 11 de Maio, no Auditório do Casino do Estoril, Estoril Jazz 2014
Não deixe de consultar a matriz de exposições (clicando aqui pode descarregar ficheiro Excel).
10.4.14
LIVREDADES.
O partido LIVRE está aí. Não sou entusiasta, não critico, não tenho grandes expectativas, acho que seria bom que conseguissem dar alguma coisa de novo à nossa democracia. Que bem precisada está.
Acho que Rui Tavares vai ficar muito longe de ser eleito, tal como acho que o BE vai ter um mau resultado, porque as pessoas se cansaram de coisas que lhes parecem demasiado vaporosas. Os tempos difíceis são mais favoráveis a valores seguros como o PCP: gostamos ou não gostamos, mas sabemos o que é. Se queremos dar uma hipótese ao anti-sistema, sair da Europa com mais ou menos estrondo, culpar uma meia dúzia de culpados por todos os nossos males, regressar ao nosso jardim à beira do mar plantado, se queremos depositar a nossa raiva em alguém que lhe dá voz, o PCP serve para isso. As inúmeras esquerdas alternativas serviam para explorar novos caminhos e baixar a tensão entre esquerdas, e tiveram sucesso enquanto pareciam ser isso, mas estamparam-se quando podiam ter saltado para dentro do barco do poder, para tentar fazer qualquer coisa de diferente, e se encolherem de forma muito oportunista.
O Livre também vai pagar por essa desadequação à conjuntura. Se o PS parecesse um pouco mais excitante, Rui Tavares nem para candidato a presidente da junta tinha hipóteses. Anda pelo Livre muita gente que só está no defeso de batalhas mais completas.
De qualquer modo, isto, a prazo, nem sequer é muito importante. A verdadeira prova do Livre virá depois das próximas eleições. Virá com os anos. Sim, com os anos, não com os meses. Louçã, um fenómeno muito particular na política portuguesa, andou muitos anos a tentar. E nunca teria chegado tão próximo de fazer alguma coisa de concreto para governar este país, como chegou, se não tivesse aguentado tantos anos na obscuridade extra-parlamentar. É dessa persistência e consistência que Rui Tavares precisa, não de arroubos rápidos a partir de uma cadeira europeia que lhe saiu na rifa. Sobre essa fibra de Rui Tavares, se ele a tem ou não, não faço previsões. Somos todos imprevisíveis.
9.4.14
poupando nos adjectivos.
Durão Barroso, na sua entrevista de regresso à política nacional, tentou reescrever a história do BPN. Não só alimentou a velha teoria de "acudam, que é polícia! coitado do ladrão!", criticando (do ponto de vista da omnisciência e da omnipotência) o supervisor, com o intuito manifesto de desviar os olhos do infractor - como, engenho dos engenhos, comprou uma novela que ainda lhe há-de sair cara. É que se armou em sabichão (ele bem tinha avisado Constâncio!), mas um sabichão afinal cúmplice, na medida em que não se notou nenhuma consequência desse "conhecimento" no seu companheirismo político-partidário com a malta que continuava a beneficiar do esquema. Claro que o monstro tem sempre várias cabeças (ou, pelo menos, várias máscaras), pelo que o queixume dos banqueiros contra o Banco de Portugal, por ser demasiado "metediço", não faz cócegas nenhumas aos amigos políticos desses mesmos banqueiros, que fazem de conta que queriam melhor supervisão. É como se o tabuleiro de xadrez tivesse um exército para um dos lados e dois exércitos para o outro lado, sendo que este lado pode levar os seus exércitos por caminhos diferentes para convergir no ataque ao outro lado.
Este é um dos assuntos-algodão da política nacional, na medida em que serve bem para fazer o mapa de alguns dos nossos problemas comuns, como sejam, a demagogia crónica de muitos políticos, a capacidade para refazer a história com retrovisor misturando factos com presunções, ou a hipocrisia da direita dos interesses que a torna capaz de vestir o fato do dia sem qualquer problema de consistência. É tudo uma questão de fumo - e o fumo é a arma política preferida de alguns.
Poderíamos ir, peça por peça, percorrer a lista dos artistas. Prefiro concentrar-me num caso. Um caso de estudo, digamos assim. E sublinhar apenas um episódio. O caso de estudo é Nuno Melo. O episódio, vou deixá-lo apenas com recortes. Dois recortes.
Primeiro recorte, escreve João Galamba no Facebook:
No debate da passada quinta-feira, na TVI24, disse a Nuno Melo que, tirando a sua perseguição a Vítor Constâncio, não se lhe conhecia nenhuma intervenção - nem antes nem depois do BPN - sobre o reforço/alteração dos poderes de supervisão bancária. Melo disse que bastava ter falado com Elisa Ferreira, eurodeputada do PS, para saber que essa acusação era falsa. Pois bem, Elisa Ferreira escreve hoje um texto em que desmente Melo. Independentemente deste texto, mesmo que Melo tivesse dito a verdade, as suas emendas no relatório da eurodeputada Elisa Ferreira não têm nada a ver com os poderes/instrumentos de supervisão, mas sim com a protecção dada a depositantes no caso de "bail-in". Ou seja, não só Melo mentiu (coisa que fez abundantemente nesse debate), como, mesmo que não tivesse mentido, a sua resposta teria sido ao lado da crítica que lhe fiz, e que se mantém inteiramente válida: tirando a perseguição demagógica, populista e fraudulenta a Vitor Constancio, Nuno Melo não tem nem nunca teve qualquer interesse na matéria da supervisão bancária.
Segundo recorte, Elisa Ferreira no Facebook:
Nuno Melo num debate com João Galamba na TVI24 no passado dia 3 de Abril (mais uma vez sobre as alegadas culpas do Supervisor no caso de polícia que foi o BPN), depois de ter esgotado os argumentos habituais, aventurou-se a desvendar que “as únicas propostas apresentadas em matéria de resolução bancária para se protegerem os depósitos dos clientes dos bancos são minhas”, deixando implícito que, se alguma coisa lá figura nesse sentido, a ele se deve. Tenho de o desmentir: Nuno Melo fez de facto algumas emendas no sentido de proteger todos os depósitos bancários em processos de resolução; só que todas elas caíram, chumbadas sem apelo nem agravo pelo seu próprio grupo político (PPE); a proteção aos depósitos que hoje existe no texto legislativo foi a que os membros socialistas conseguiram fazer passar! Convém não abusar da imaginação quando se fala para fins internos...
Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça. Quem não tiver, que se aninhe nos equívocos acerca da omnisciência e omnipotência dos supervisores. Desses equívocos vivem aqueles que sempre bradam contra os abusos dos reguladores e dos supevisores, "contra o Estado sempre a incomodar o privado", mas que, quando o esturro se torna óbvio, se tornam (num espelho invertido) grandes denunciantes das fraquezas do polícia.
7.4.14
nem todos acreditaram em Barroso.
Na sua coluna do Público, que já citei hoje, António Correia de Campos, lembra que os deputados europeus do PS deram luz verde a Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia. Por suas palavras: «Gostaria de não ter que me referir ao actual presidente da Comissão, o português Durão Barroso. O que tenho a dizer custa-me. Votei nele em 2009, integrando uma maioria qualificada, ao lado dos colegas de Espanha e da quase totalidade dos Portugueses. Cumpri orientações da delegação, vindas de José Sócrates, contrárias às do grupo europeu dos Socialistas e Democratas.»
Foi, na realidade, uma grande ingenuidade. Uma ingenuidade cujo primeiro responsável foi Sócrates, que nunca percebeu que Barroso se faria seu amigo apenas enquanto o cheiro do sangue não mudasse de campo.
Aqui neste espaço, onde costumo comentar o que fazem e dizem os outros, não tenho por hábito debruçar-me sobre as minhas próprias palavras e actos. Mas, agora, quero lembrar umas palavras que proferi, publicamente e de viva voz, há quase dez anos, precisamente a 2 de Outubro de 2004. Trata-se de um excerto da minha intervenção no encerramento do debate das moções globais ao XIV Congresso Nacional do PS, em Guimarães, na qualidade de primeiro subscritor da moção "Uma Esquerda com Raízes e com Futuro". Dizia eu:
«Parece que estamos a ter dificuldade em perceber que acabou o velho consenso europeu entre PS e PSD. A deriva neoliberal passa hoje, em grande parte, pelas opções que se fazem nas instituições europeias - e isso só vai piorar com Durão Barroso na presidência da Comissão. É preciso que o projecto europeu do PS não se confunda com o projecto europeu do PSD. Até porque por aí passa também uma batalha essencial com outras formações que se sentam do lado esquerdo no Parlamento.»
Como está bem de ver, ninguém me ligou nenhuma.
retrato de Barroso.
António Correia de Campos, hoje no Público:
Gostaria de não ter que me referir ao actual presidente da Comissão, o português Durão Barroso. O que tenho a dizer custa-me. Votei nele em 2009, integrando uma maioria qualificada, ao lado dos colegas de Espanha e da quase totalidade dos Portugueses. Cumpri orientações da delegação, vindas de José Sócrates, contrárias às do grupo europeu dos Socialistas e Democratas. Em circunstâncias normais deveria sentir orgulho por ter um Português na presidência da Comissão. Infelizmente não me ocorre esse sentimento. Uma gestão apagada que deixou a Comissão perder força e influência. Um comportamento errático, mudando constantemente de opinião. Uma retórica feita de compromissos e marcada pela cor do auditório, com vista a gerar aplauso fácil, em qualquer circunstância. A negação imediata do que afirmara, sempre que recolhia hostilidade dos grandes. Um comportamento de Pilatos, quando as coisas corriam mal, atirando culpas para os Estados Membros. Uma completa ausência de grandeza, sujeitando-se ao papel de marionete dos grandes, parecendo aceitar a capitis diminutio como um facto normal para um originário de pequeno-médio País. Em momento algum o orgulho de português subiu em mim e em muitos momentos lamentei que um compatriota se prestasse ao que ele se prestou. À pergunta do meu colega Rangel sobre se seria melhor termos um presidente alemão respondo sim, sem pestanejar, ao menos saberíamos sempre com que se contava. Na contabilidade de vantagens e inconvenientes ficam pequenos ganhos de mercearia: alguns lugares de direcção ou de representação que vieram parar a Portugal, na maioria esmagadora destinados a gente da direita. Um acesso porventura mais fácil aos serviços da Comissão, por parte das autoridades nacionais, usado e abusado já por este governo, a quem Durão teve que ensinar tudo sobre os fundos, sobretudo na primeira fase. E pouco mais.
a emboscada.
Não vi "a opinião de José Sócrates" ontem na TV, mas já li por aí o suficiente para perceber o que se passou. Quero dizer: entre os relatos indiferentes (raríssimos, neste caso), os relatos moderada ou ferozmente a favor de Sócrates, e os relatos vibrando mais ou menos intensamente com Rodrigues dos Santos, julgo que não fica nada por perceber. Podem dizer-me que devia ver e ouvir para ajuizar. Discordo: também não preciso ver a cara dos jogadores numa partida de xadrez para perceber o jogo; basta-me ler a notação da própria partida. Sim, porque estamos perante uma partida de um jogo.
A melhor descrição desse jogo deu-a a Zélia M.M. no Facebook: "José Sócrates está a deixar-se cair numa emboscada". Na emboscada há deslealdade (falta de força, moral que seja, para atacar de frente o alvo), malícia (disfarce, faz-de-conta) e um isco (alguma coisa que se deixa colocar no caminho) - e uma dança com a psicologia do atacado. Neste caso, a dança com a psicologia de Sócrates consiste em explorar o facto de ele nunca querer desistir, de nunca querer premiar o infractor. A emboscada está toda na deslealdade da televisão pública, que o convidou para comentador e o trata como um político no activo a abater - usando armas que não emprega para escrutinar nenhum dos governantes de turno. O isco é um qualquer, vestido de jornalista, que se presta à encenação - de preferência, bem escorado numa série de truques, chegando ao cúmulo de meter a rubrica a seco, sem separador nem nada, como se isso evitasse que se soubesse que aquilo era "a opinião de José Sócrates", embora agora se tenha tornado em "a opinião de Rodrigues dos Santos, com um tipo qualquer que apanhámos na rua para bombo da (nossa) festa".
Se Sócrates fosse um tipo como eu, que não suporto fracos convívios, vinha-se embora. Mesmo que fosse com estrondo. Entretanto, Sócrates não gosta de dar a mão à garotada, que, por alguma razão, gosta toda de se aproximar dele para experimentar uma dentada. Sócrates gosta de os obrigar a ir até ao fim. Mesmo que o cálice, afinal, lhe toque a ele. Nisso consiste a emboscada: se Sócrates fosse um fraco, a RTP não precisava de montar esta cena de deslealdade, malícia e isco. Infelizmente, isto não é apenas um retrato de quem serve os actuais senhores: isto é um triste retrato do estado deste país.
4.4.14
As sugestôes do João Miguel.
[o que é isto?]
Para conseguirmos faire marcher le devoir et l'amour. (Carmen, 2º acto)
A secção internacional da matriz de exposições está reforçadíssima. Depois de ter feito uma recolha induzida por umas pistas da ARTE, um amigo e parceiro desta comunidade das sugestôes fez-me chegar um filão fabuloso que a melhorou substancialmente! O meu agradecimento.
A RTP 2, emitiu no dia 1, às 21h01 (com repetição dia 2, às 15h32) o documentário: Goldman Sachs – o banco (o bando, estaria mais exacto …) que dirige o Mundo. Não o referi na passada edição porque não estava anunciado (“Programa a designar” …), mas sugiro que tente vê-lo.
- Dias 4 e 5 de Abril, 3.ª edição do Belém Art Fest
- De 4 a 6 de Abril, Festa do Jazz do São Luiz
- Dias 5 e 6 de Abril, no Salão Nobre do Palácio Marquês de Pombal, Oeiras, X Encontro de História Local do concelho de Oeiras: O Quotidiano em Oeiras no Século XVIII (5€; tel. 214 404 851/91, dphm@cm-oeiras.pt - CM Oeiras / Divisão de Património Histórico e Museológico)
- Até dia 7 de Abril, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para o curso História da Arte (por José Carlos Pereira; 10 sessões, às 15h30 de segundas e quartas, com início a 21 de Abril) (www.elcorteingles.pt)
- De 10 de Abril a 18 de Maio, ciclo de cinema: 8 ½ Festa do Cinema Italiano
Sexta-feira, dia 4
- às 9h15, na ARTE, Fukushima, chronique d'un désastre (48’)
- às 13h10, na Mezzo, John Lee Hooker (32’)
- às 15h20, na ARTE, Rivalité maritime entre Angleterre et Pays-Bas (2/2) - religion et politique (57’)
- às 18h00, no Palácio Foz, recital de música contemporânea, pelo Grupo de Música Contemporânea de Lisboa (0€)
- às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, leitura encenada de A Doença da Morte, de Marguerite Duras, por Diogo Dória
- às 19h00, na Cinemateca, Perdido por Cem …, de A. P. Vasconcelos
- às 21h30, no Convento dos Remédios, em Évora, Concerto de Páscoa (G. Fr. Handel, A. Vivaldi e J. S. Bach), com Sandra Medeiros (soprano), Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras e Nikolay Lalov (maestro)
- às 22h00, na Cinemateca, Pedro Só, de A. Tropa
Sábado, dia 5
- às 5h50, TV5, Pierre Bergé convidado do magazine Thé ou Café (62’)
- às 10h00, na Gulbenkian, visita: O canto das aves (no Jardim Gulbenkian) (7,5€)
- das 10h00 às 17h30, no Auditório 3 da Gulbenkian, FameLab 2014 (0€, levantar senha; interrompe das 13h00 às 14h30)
- às 12h10, na TSF, Encontros com o Património: Luís Serrão Pimentel e a Ciência em Portugal no século XVII
- às 12h30, na RTP2, A Verde e a Cores - episódio 11: Árvores (reposição; 27’)
- às 16h00, na Igreja Paroquial S. Miguel de Queijas, Concerto de Páscoa (G. Fr. Händel, A. Vivaldi e J. S. Bach), com Sandra Medeiros (soprano), Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras e Nikolay Lalov (maestro)
- às 17h00, no Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Teles (Jardim da Gulbenkian), Conversas ao Entardecer: O jardim na Grécia Antiga, com Adriana Nogueira (5€)
- às 17h00, no Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha, palestra: A Linguagem Musical, por Miguel Graça Moura
- às 17h00, no Atelier Museu Júlio Pomar, Escritos de Artistas, debate entre Júlio Pomar e convidados (0€)
- às 17h30, TV5, Thalassa: Lisboa (60’)
- às 18h00, no Museu da Música, Ciclo de Concertos com Instrumentos Históricos do Museu da Música: Sonatas de Carlos Seixas, por José Carlos Araújo com o cravo Antunes (Tesouro Nacional) (0€, informações e reservas 217 710 99)
- às 18h30, no Palácio Foz, concerto (deambulante, pelas salas do Palácio) de Páscoa: Aequinoctium et Pascha - O Equinócio da Primavera e a Páscoa, com Corelis- Coro da Relação de Lisboa (0€)
- às 22h00, na Cinemateca, Moonlighting, de Jerzy Skolimowski
- às 22h00, na RTP2, Um Eléctrico Chamado Desejo, de E. Kazan (122’)
Domingo, dia 6
- às 10h30, no Museu do Azulejo, visita orientada ao Museu e Convento da Madre de Deus (0€)
- às 10h30, na ARTE, Metropolis (43’)
- às 11h45, na ARTE, Philosophie: Cosmopolitisme (29’)
- às 12h00, no Átrio da Biblioteca do Museu Gulbenkian, Concerto de Domingo (Debussy, Ibert e Moreno-Buendia), com o Trio Moderno: Cristina Anchel (flauta), Pedro Saglimbeni Muñoz (viola) e Salomé Matos (harpa) (0€)
- às 12h00, Domingos com Arte no CAM (Centro Arte Moderna da Gulbenkian), Olhos nos olhos: uma introdução ao trabalho de João Tabarra (2€)
- às 12h30, na RTP2, A Verde e a Cores - episódio 12: Quintas da Laranja da Ilha Terceira (reposição; 27’)
- às 16h00, na Igreja dos Salesianos do Estoril, Concerto de Páscoa (G. Fr. Handel, A. Vivaldi e J. S. Bach), com Sandra Medeiros (soprano), Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras e Nikolay Lalov (maestro) (0€)
- às 16h00, na Igreja da Misericórdia, Torres Vedras, Concerto de Páscoa (J. Haydn), pelo Ensemble Darcos (0€)
- às 16h00, na Basílica do Palácio Nacional de Mafra, concerto a seis órgãos (3 €, reservas: 261 817 550)
- às 16h35, na ARTE, Le siècle de Duras (documentário; 53’)
- às 17h40, TV5, Les Châteaux de la Loire (60’)
- às 21h45, na RTP2, Agora (45’)
- às 23h05, na ARTE, Marguerite Duras - écrire (44’)
- às 23h50, na ARTE, Marguerite Duras - La mort du jeune aviateur anglais (37’)
Segunda-feira, dia 7
- às 15h30, na Cinemateca, Ninotchka, de Ernst Lubitsch
- às 18h00, no Palácio Foz, concerto coral, pelo Edinburgh University Renaissance Singers Choir (0€)
- às 19h06, na TV5, Les Folies Bergères (documentário da série Salas de Espectáculos de Paris; 15‘)
- às 21h30, na Casa da Achada, Brandos costumes (1975, 75 min.), de Alberto Seixas Santos (0€)
- às 21h30, na Barraca (Largo de Santos, 2), Encontros Imaginários: Howard Hughes (A. Garcia Pereira,), Lenin (Luiz Gamito) e Madame Pompadour (Ana Filgueiras); 2ª parte: Evocação de Adriano Correia de Oliveira, com Manuel Teixeira e Vitor Sarmento (vozes e violas), Pedro Luis (harmónica e baixo), Gustavo Teixeira (piano) e Carlos Sanches (guitarra portuguesa) (10€)
- às 21h55, na RTP2, Visita Guiada
- às 22h00, nos Poetas do Povo, Rua Nova do Carvalho, 32-36, Segundas com Poesia: Poesia de Almada Negreiros, leituras por Marta Crawford, Leonor Alcácer, Inês de Lima, Manuel João Vieira e Tiago Bettencourt.
Terça-feira, dia 8
- às 11h38, na TV5, Ministre ou Rien (documentário; 58‘)
- às 14h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): As Aventuras de Oliver Twist, de D. Lean (senhas a partir das 13h30)
- às 14h40, na ARTE, Ports d’Attache – Veneza (documentário, 46’)
- às 15h30, na Cinemateca, A Semente do Ódio, de J. Renoir
- às 17h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): As Aventuras de Oliver Twist, de D. Lean (senhas a partir das 16h00)
- às 19h00, no Institut Français du Portugal, Café Philo: Devemos proibir alguns tipos de jogos às crianças?, com Omar Belhassain (0€)
- às 21h55, na RTP2, Entre Imagens – 6/13 José Luís Neto (25’)
- às 22h00, na Cinemateca, Os Carabineiros, de J-L Godard
- às 22h57, TV5, Thalassa: Lisboa (60’)
Quarta-feira, dia 9
- às 10h55, na ARTE, Escapade Gourmande – Lisboa (28’)
- às 14h00, na Fábrica da Pólvora de Barcarena, visita: As Oficinas a Vapor e o Edifício das Galgas (0€; inscrição prévia: 210 977 422/3/4, museudapolvoranegra@cm-oeiras.pt)
- às 18h30, na Culturgest, ciclo Estética e Política entre as Artes, conferências: Considerações críticas sobre a noção de geo-estética, por José Bragança de Miranda; Pare, re-pare, repare melhor. O "reparar" enquanto tática e a "secalharidade" enquanto poética, por João Fiadeiro e Fernanda Eugénio (senhas a partir das 18h00, com transmissão em http://www.culturgest.pt/)
- às 19h00, na Cinemateca, Scenes From The Class Struggle In Portugal, de Robert Kramer e Philip Spinelli
Quinta-feira, dia 10
- às 9h45, na Mezzo, Wilhelm Kempff (Schumann e Beethoven) (51’)
- às 10h35, na Mezzo, Wilhelm Kempff e Maurizio Pollini (Schubert, Schumann e Chopin) (56’)
- às 13h25, na Casa-Museu Medeiros e Almeida, Pausa para a Arte: Condecorações (0€)
- às 15h30, na Cinemateca, A Grande Esperança, de J. Ford
- às 18h30, na Sociedade Portuguesa de Autores, Trios com Piano (Reinecke, Sibelius e Haydn), por Carlos Damas (violino), Jérôme Arnouf (trompa), Jian Hong (violoncelo) e Anna Tomasik (piano), Solistas da Metropolitana (0€)
- às 18h30, no Palácio do Beau Séjour, conferências do ciclo Identidades e Entidades Religiosas em Lisboa: Testemunhas de Jeová, Mórmons e Adventistas do Sétimo Dia, Novas Formas de ser Cristão, por Paulo Mendes Pinto; Reorganização Católica numa Cidade em Mutação, por Fernando Catarino
- às 19h00, no El Corte Inglés, ciclo de concertos do Âmbito Cultural: Haydn: As Sete Últimas Palavras, por Adrian Florescu (violino), Daniela Radu (violino), Andrei Ratnikov (viola), Peter Flanagan (violoncelo) e Vladimir Kouznetsov (contrabaixo), Solistas da Metropolitana (0€, inscrições: relacoespublicas@elcorteingles.pt)
- às 19h00, na Cinemateca, Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Cordeiro
- às 21h00, no Auditório do Centro Cultural de Cascais, Conversas da III República: 40 Anos de Democracia, com Carlos Avilez, Leonor Silveira e Carlos Carvalhas
- às 21h30, no Convento dos Remédios, Évora, concerto coral, pelo Edinburgh University Renaissance Singers Choir (0€)
A seguir:
- Dias 11, 12 e 13, possibilidade de visitar as Galerias Romanas da Rua da Prata (das 10h00 às 17h00, entrada junto ao Nº 77 da Rua da Conceição, fila de espera, vestuário para ambiente húmido e lamacento, lanterna)
- Dia 11, das 9h00 às 18h00, no Institut Français du Portugal, projecto Résistance(s): La resistance juive pendant la IIeme guerre mondiale (0€)
- Dia 11, às 11h00, na ARTE, Escapade Gourmande – Veneza (28’)
- Dia 11, às 11h38, TV5, Les Châteaux de la Loire (60’)
- Dia 11, às 13h00, na Câmara Municipal de Lisboa, Bach / Zelenka - Sonatas Barrocas, por Ana Pereira (violino), Sally Dean (oboé), Luis Auñón Pérez (oboé), Bertrand Raoulx (fagote), Ana Cláudia Serrão (violoncelo) e Marcos Magalhães (cravo), Solistas da Metropolitana (0€)
- Dia 11, às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Trios para Clarinete, Violoncelo e Piano (Beethoven e Zemlinsky), por Jorge Camacho (clarinete), Mariana Ottosson (violoncelo) e Savka Konjikusic (piano), Solistas da Metropolitana (0€)
- Dia 11, às 19h00, no El Corte Inglés (Restaurante, Piso 7), As Conferências D'O Eixo: Humor e Política no Século XXI, com Luís Pedro Nunes (0€, inscrição prévia em: Ponto de Informação, Piso 0, ou relacoespublicas@elcorteingles.pt)
- Dia 11, às 19h00, no Auditório do ISEG (Concerto Aberto Antena 2), Homenagem a Hindemith (J. S. Bach, Hindemith e Böhme), por Rui Mirra (trompete), Sérgio Charrinho (trompete), Paulo Carmo (trompete), Nuno Vaz (trompa), Reinaldo Guerreiro (trombone) e Adélio Carneiro (tuba), Solistas da Metropolitana (0€)
- Dia 12, das 10h00 às 18h00, no Institut Français du Portugal, projecto Résistance(s): O cinema e a resistência nos regimes ditactoriais (0€)
- Dia 12,às 16h00, na Livraria Bulhosa (Entrecampos), leitura encenada O Som e a Fúria, de W. Faulkner
- Dia 12, às 16h00, no Museu Nacional de Arte Antiga, Trios com Piano (Reinecke, Sibelius e Haydn), por Carlos Damas (violino), Jérôme Arnouf (trompa), Jian Hong (violoncelo) e Anna Tomasik (piano), Solistas da Metropolitana (0€)
- Dia 12, às 16h00, no Museu do Oriente, Homenagem a Hindemith (J. S. Bach, Hindemith e Böhme), por Rui Mirra (trompete), Sérgio Charrinho (trompete), Paulo Carmo (trompete), Nuno Vaz (trompa), Reinaldo Guerreiro (trombone) e Adélio Carneiro (tuba), Solistas da Metropolitana (0€)
- Dia 12, 18h00, no Museu do Ciclismo, Caldas da Rainha, conferência Beethoven: da Fantasia Coral à Nona Sinfonia, por Luís Trabucho de Campos (Professor Catedrático do Departamento de Matemática da UNL)
- Dia 12, às 21h30, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, Grândola, 10ª edição do Festival Terras Sem Sombra, Liturgia da Esperança: Misterio de lo Cristo de los gascones, pelo Nao d’amores, dramaturgia e encenação de Ana Zamora (0€)
- Dia 12, às 21h30, no Palácio Foz, Bach / Zelenka - Sonatas Barrocas, por Ana Pereira (violino), Sally Dean (oboé), Luis Auñón Pérez (oboé), Bertrand Raoulx (fagote), Ana Cláudia Serrão (violoncelo) e Marcos Magalhães (cravo), Solistas da Metropolitana (5€)
- Dia 12, às 21h30, no Teatro Thalia, Haydn: As Sete Últimas Palavras, por Adrian Florescu (violino), Daniela Radu (violino), Andrei Ratnikov (viola), Peter Flanagan (violoncelo) e Vladimir Kouznetsov (contrabaixo), Solistas da Metropolitana (5€)
- Dia 13, às 11h00, no Museu do Azulejo, visita guiada, pela comissária Drª Alexandra Curvelo, à exposição O Exótico nunca está em casa? (0€)
- Dia 14, das 9h15 às 18h00, no Auditório 2 da Gulbenkian, conferência: O 25 de Abril 40 anos depois (transmissão em direto na SIC Notícias)
- Dia 14, às 17h30, no Auditório 3 da Gulbenkian, conferência: A Paixão segundo São Mateus de J. S. Bach, por Manuela Toscano (0€)
- Abertas inscrições para o curso Encontros com a Pintura Europeia (parte II), por Ana Paula Rebelo Correia (8 sessões; quartas, de 23 de Abril a 18 de Junho; duas turmas: Turma I das 10h30 às 12h30, Turma II das 18h30 às 20h30; na Casa de Santa Maria, Cascais (21 481 53 82/3); 85€, sessão avulsa 20€
- Até dia 14, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para o curso Escrita Criativa (por José Couto Nogueira; 10 sessões, às 19h00 de segundas e quartas, com início a 28 de Abril) (www.elcorteingles.pt)
- Até dia 15, inscrições (grátis em ihc.40anos25deabril@gmail.com) para o Congresso 25 de Abril, no Teatro D. Maria II, dias 21 a 24
- Até dia 24, inscrições (cursoslivresclepul@gmail.com) para o curso Eça de Queirós: A última década, por Isabel Rocheta, Cristina Sobral e Irene Fialho (6 sessões; quartas, de 30 de Abril a 4 de Junho; às 18h00; na Sala D. Pedro V, Faculdade de Letras da UL; 60€
Não deixe de consultar a matriz de exposições (clicando aqui pode descarregar ficheiro Excel).