31.3.09

um alegado país


Procurador investiga alegadas pressões do director do Eurojust no caso Freeport.


Enquanto é relativamente simples provar a veracidade de uma proposição particular afirmativa, como "Alguns, pelo menos um, dos cabelos na tua cabeça são pretos", desde que ela seja verdadeira, porque basta encontrar um desses cabelos pretos - é, pelo contrário, virtualmente impossível provar a veracidade de uma proposição universal negativa, como "Nenhum grão de areia é exactamente redondo", mesmo que ela seja rigorosamente verdadeira, porque para fornecer essa prova seria necessário inspeccionar todos os grãos de areia e, para cada um deles, mostrar não ser ele redondo.
É nesta assimetria lógica que jogam os caluniadores de figuras públicas - figuras que, numa terra de invejosos, como é a nossa, ardem como palha no Verão. Desde que eu alegue que comprei o teu inimigo, está visto e provado em todos os priorados do mundo que o teu inimigo foi comprado. Ele terá de provar a sua inocência, mesmo que isso seja praticamente impossível, como mostra a pura lógica. Por ter de provar que nenhuma das moedas existentes à face da terra passou alguma vez ilegitimamente pelo seu bolso. E, em acrescento, se alguém exigir que as alegações postas a público sejam fundamentadas por quem de direito, diremos, para não esmorecer a campanha, que estão a pressionar as autoridades. Alegadamente, claro. E, para, aos olhos de alguns, dar credibilidade à acusação, basta poder dizer que o acusado passou, em algum momento da sua vida, ao alcance do cheiro do perfume de algum antigo governante socialista. Porque, claro, quem os cheira não é boa gente.
Isto é o paraíso dos imbecis: porque para discutir estes temas basta ter cursado o ensino pré-primário, mesmo que se escreva nos jornais, fale na TV, ou se edite um blogue. Se o debate fosse outro, por exemplo como se há-de governar o país nestes tempos de crise de paradigma, já se notaria mais facilmente como é esquelética a estrutura intelectual dos debatedores. Assim, deste modo, por esta arte, podemos viver, antes, num alegado país, e fazer de conta que temos realmente uma pátria.


lamentações de jeremias


Santos Silva desafia presidente do SMMP a esclarecer pressões sobre magistrados.

Pobres magistrados. Não os deixam trabalhar em paz. Ainda só começaram há menos de meia dúzia de anos a andar às voltas com um processo que serve tão bem para manter sob pressão o líder de um partido e de um governo - e agora querem que se despachem. Caramba, é de mais. Uma investigaçãozinha destas tem de dar para manter sob pressão pelo menos duas eleições legislativas. Não se pode pressionar os magistrados para que acabem com um clima de pressão completamente artificial, não se pode, não se pode, isto faz tão bem à espinha dos grupos à espera de vingança. Caso contrário, não haverá centrais de contra-informação que cheguem para dar aviamento às necessidades do calendário em matéria de conspiração. E ninguém compreende isso? Agora querem que os magistrados se despachem? Deviam ter um pouco mais de calma e esperar pelo menos mais uns meses, por dar tanto jeito ter qualquer coisinha para manter sob suspeita o primeiro-ministro. É que, não sendo isso, quem se pode encarregar de o atacar, se a oposição política é só retórica?

concurso de fotografia


Clicar na foto para aceder ao regulamento do concurso.

29.3.09

fcg



(Foto de Porfírio Silva. Clicar amplia)

24.3.09

Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais


O Ciclo de Conferências "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificias", organizado pelo Instituto de Sistemas e Robótica (Instituto Superior Técnico), tem a última sessão da edição 2009 já na próxima quinta-feira, 26 de Março, a partir das 14:30, com o seguinte programa.

A Escolha, Apesar da Dificuldade
Por Ana Costa, DINÂMIA - Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica, ISCTE


Vida Institucional Artificial
Por Porfírio Silva, Instituto de Sistemas e Robótica (Instituto Superior Técnico)


Futebol Robótico: A Ciência para Além do Futebol
Por Pedro Lima, Instituto de Sistemas e Robótica,Instituto Superior Técnico


Comentadores:

José Castro Caldas, Centro de Estudos Sociais, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra
Zélia Carvalhais, Instituto de Sistemas e Robótica/Instituto Superior Técnico



Mais informações: no sítio das conferências

Indicações de localização dentro do campus da Alameda do I.S.Técnico: clicando aqui

Entrada livre.

23.3.09

neve


Val Thorens, Alpes franceses, Março de 2009, bom sol e boa neve. Algumas miragens, entre 2300 metros quando pousados na estação e 3230 metros de altitude quando no cimo da zona de Orelle (subida da máquina Bouchet). Quilómetros e quilómetros de caminhos gelados, a primeira experiência séria de trenó (graças à iniciativa dos "jovens"), alguns toques na integridade física, bom descanso mental. Acabou, por ora. (Clicar nas fotos amplia-as.)












nota


Depois de uma semana a fazer quilómetros e quilómetros pela neve, incluindo a primeira experiência séria de trenó (uma descida de seis quilómetros, yessss!), gozando a combinação única de bom sol e boa neve, acabou o período de piloto automático aqui no blogue. (Acabou, mas devagar, porque o trabalho espera com grande agitação.)

20.3.09

dar a ler entre escombros



Berlim, Dezembro de 2006, Foto de Porfírio Silva. Clicar amplia.


19.3.09

grafito de Milano





(Milão, Outubro 2008. Foto de Porfírio Silva)

18.3.09

aflições



Escultura de Maurizio Savini.


16.3.09

dar que pensar



Milão, Outubro de 2008. Foto de Porfírio Silva. Clicar amplia.

14.3.09

revisão da matéria dada (primeira lição da primeira classe)


Nada de novo. Só materiais que convém ter à mão na hora de fazer os trabalhos de casa. Tópico: a crise, esse monstro.



12.3.09

uma experiência de pensamento (variante)


Aventámos anteriormente, aqui, a possibilidade de uma experiência de pensamento consistente em imaginar o que aconteceria se, durante quinze dias, não consultássemos o correio electrónico. (Acrescentámos aqui alguns ingredientes.) Essa experiência, na forma considerada, supunha um carácter temporário: depois desses quinze dias, tudo voltaria ao normal. Lidemos agora com uma variante mais fantástica: de hoje em diante, apenas consultarei o meu correio electrónico de quinze em quinze dias. De hoje em diante. E faço saber dessa minha intenção. (Não interessa a quem faço saber essa intenção: só estarão nesta versão da experiência aqueles que tiverem sido notificados.)
O que podemos imaginar que aconteceria neste caso?
Passaria a receber mensagens muito extensas, antecipando para meu putativo proveito todas as notícias deste mundo e do outro que deveriam normalmente ser-me comunicadas a conta-gotas nos quinze dias seguintes, ou se calhar num prazo alargado até ao mês por precaução contra as dificuldades das previsões a largo prazo?
Passariam a telefonar-me mais, como medida de contenção dos efeitos daquela decisão?
Colocariam bilhetinhos debaixo da porta do meu gabinete com versões impressas de mensagens electrónicas entretanto enviadas mas (supostamente) não recebidas?
Enviariam cartas pelo correio interno para o meu cacifo que eu só verifico casualmente?
Convidar-me-iam mais vezes para tomar café (ou para almoços simpáticos mas rápidos), podendo aí dizer algumas das coisas que não entravam agora no caminho electrónico?
E para não dirigir interrogações apenas aos outros, mas questionar também a mecânica interna do meu próprio agir e intencionar: quanto tempo duraria este comportamento, esta determinação? Quanto tempo poderia eu razoavelmente fazer durar esta experiência?
Até ao fim da minha vida?
Até deixar de haver correio electrónico?
Até à reforma (prazo, quem sabe, mais alargado do que o anterior)?
Até ao próximo terramoto em Las Palmas, altura em que quebro a minha regra para saber se o escritor português que se preparava para regressar de avião à pátria tinha ou não sido afectado e estava moribundo, morto ou a escrever?
Até ao próximo terramoto em Lisboa, quando a destruição quase completa das infra-estruturas retira objecto à minha determinação concernente ao correio electrónico?
Ou até ao dia de uma grande solidão, quando se revela imensamente refrescante poder oferecer um ramo de rosas a um quase desconhecido na rua por pura ternura pela humanidade, poder comunicar com toda a gente, especialmente com os que dizem coisas que importa ouvir, a ver se os entendemos, sem regras inventadas, impostas, ou herdadas?

11.3.09

notícia do prémio de ensaio filosófico


A edição 2008 do Prémio de Ensaio Filosófico, promovido pela Sociedade Portuguesa de Filosofia (SPF), com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e em colaboração com a Revista Portuguesa de Filosofia, foi dedicado à Filosofia da Mente e colocou a concurso a seguinte questão: Tem a intencionalidade de poder ser reduzida a alguma coisa?
O júri desta edição do Prémio teve a seguinte composição: Ricardo Santos (Presidente da SPF, Universidade de Évora), João J. Vila-Chã (Editor da Revista Portuguesa de Filosofia, Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica Portuguesa), Sofia Miguens (Universidade do Porto), António Zilhão (Universidade de Lisboa) e Pedro M. S. Alves (Universidade de Lisboa).
O prémio teria uma componente monetária e incluiria a publicação do ensaio na revista colaboradora.
A SPF acaba de divulgar os resultados. O júri decidiu por maioria não atribuir o prémio e decidiu atribuir uma Menção Honrosa ao ensaio com o título Intencionalidade: Mecanismo e Interacção, da autoria de Porfírio Silva.
O ensaio encontra-se disponível no topo da coluna da direita deste blogue, aqui ao lado. Também pode ser lido e descarregado aqui (para o download terão de registar-se).

a quinta frase


Desafiado para correntes, as mais das vezes faço-me desentendido. Não é por nada, apenas por preguiça. Quando o desafio vem do Eduardo Graça, não me permito essas preguiças. Pelo menos sempre vou matando saudades à distância.
A primeira parte do desafio consiste em dar a quinta frase da página 161 do (de um) livro que se tenha à mão. Tenho vários, naturalmente (para alguma coisa hei-de ter várias mãos, não é assim?). Permito-me, por isso, dar várias respostas.
«There may be truth in each of these stories.» [autores vários, Socializing Metaphysics. The Nature of Social Reality]
«Substantial proportions of livestock are expended for food and sold for ready cash.» [autores vários, Foundations of Human Sociality, um livro que me acompanha há vários anos]
«A segunda forma de fornecer o bem colectivo é o surgimento no seio do grupo duma organização (chame-se-lhe associação), que faça a provisão directa do bem.» [Paulo Trigo Pereira, O Prisioneiro, o Amante e as Sereias. Instituições Económicas, Políticas e Democracia]
A segunda parte do desafio consiste em passar a palavra a outros cinco. Passo aos seguintes: Espelho dos Sentidos, ALI_SE, (a)Mar Pedra, Persona, A Matemática Anda Por Aí.



uma experiência de pensamento (continuação)


Vamos supor que a experiência de pensamento ontem aqui ventilada [durante quinze dias consecutivos não consultar o correio electrónico, a ver no que dá] é realizada, não apenas por mim, mas por um significativo número de pessoas, constituindo uma amostra representativa da população residente em Portugal. Poderíamos, então, considerar várias categorias e apurar que percentagem de experimentadores cairia em cada uma dessas categorias. Segue-se uma lista de categorias possíveis, de acordo com o que cada um entenderia seriam para si as consequências daquela aventura. Vejamos.
Teríamos os que já se viam despedidos em consequência de tamanho desplante.
Os que seriam meramente admoestados.
Os que teriam na próxima inspecção um mero Bom, com consequências desastrosas para a sua carreira profissional, em tudo o resto brilhante.
Os que se imaginam a trabalhar melhor do que nunca, afastados de desvios, tentações, disparates ou meras minudências gastadoras de tempo.
Os que fariam batota, lendo o seu correio electrónico atenta e pontualmente, mas não respondendo a mensagem nenhuma e, cuidadosamente, recusando todos os avisos de recepção.
Os que criariam várias contas-fantasma de correio electrónico e enviariam mensagens de si para si com segredos tamanhos inventados na vigésima quinta hora, para compensarem o vício da sensação de comunicação universal contínua.
Em vez dos habituais “não sabe/não responde”, e até dos menos habituais “não sabe mas responde na mesma”, teríamos aqueles que simplesmente não sabem o que é correio electrónico.
E ainda os que não sabem o que é uma experiência de pensamento.
Bem como os que não sabem sequer o que é o pensamento.
E, até, os que não sabem que o pensamento é muito mais ágil do que o correio electrónico.

10.3.09

Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais


O Ciclo de Conferências "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificias" (edição 2009), organizado pelo Instituto de Sistemas e Robótica (Instituto Superior Técnico), prossegue amanhã, quarta-feira, 11 de Março, a partir das 14:30, com o programa que seguidamente se relembra.

"O Papel da Selecção Natural de Darwin em Heterarquias Biológicas e Sociais"
Por Luís M. Rocha, School of Informatics and Cognitive Science Program, Indiana University; Director do FLAD Computational Biology Collaboratorium, Instituto Gulbenkian de Ciência


"Decision-theoretic and game-theoretic approaches to decision making in collectives"
Por Matthijs Spaan, Instituto de Sistemas e Robótica (Instituto Superior Técnico)


"Emoções, uma ponte entre a natureza e a sociedade?"
Por Rodrigo Ventura, Instituto de Sistemas e Robótica,Instituto Superior Técnico


Mais informações: no sítio das conferências

Indicações de localização dentro do campus da Alameda do I.S.Técnico: clicando aqui

Entendam isto como um convite!

uma experiência de pensamento


Vamos supor que durante quinze dias consecutivos não consulto o meu correio electrónico. Que consequências posso esperar? (Que consequências penso que posso esperar: é uma experiência de pensamento, eu não vou mesmo fazer isto.)

Vejamos tópicos para uma contabilidade.

Quantos trabalhos se interrompem. Quantos desses irremediavelmente.
Quantos avisos dos serviços administrativos, do fisco, do banco, do círculo de leitores, apodrecem com a carência de uma leitura distraidamente atenta. E em quantas dessas falhas de leitura quem vai pagar as favas sou eu.
Quantas correcções deixam de entrar nos meus textos.
Quantas chamadas para apresentações em conferências prestigiosas ficam relegadas para uma consideração lamentavelmente fora de data.
A quantas reuniões falto sem me dar conta.
Quantas perguntas ficam sem resposta.
Quantos anúncios de oportunidades espantosas falha a minha atenção.
Em quantos almoços e jantares deixo a cadeira vazia.
Que quantidade de coisas novas e incríveis, algumas delas descobertas há mais de duzentos anos, deixo de aprender em palestras que me escapam.

E ainda:
Quantas respostas ficam sem pergunta.
Quantos insultos de leitores deste blogue falham, não apenas o alvo, mas o próprio destino.
Quantas palavras, avisadas, ficam retidas nos pensamentos dos seus autores.
Quantos ramos de rosas se transviam.

Alguns destes tópicos, entre muitos outros, haveriam de entrar na contabilidade dos resultados, consequências, efeitos, produtos, de uma experiência social consistente em, durante quinze dias consecutivos, não consultar o meu correio electrónico. Quer dizer: quinze dias é uma eternidade. Pelo menos no meu correio electrónico – o qual está, certamente, longe de constituir um tipo de experiência universal.



9.3.09

Wittgenstein ilustrado




Um docinho para filósofos. Wittgenstein ilustrado. Ver a coluna da direita, lá mais para o fundo.

Ou mesmo já aqui.



da ditadura à ditabranda: uma polémica sobre revisionismo no Brasil





O revisionismo, consistente em "reler" o passado segundo novos critérios para servir opiniões actuais, tem dado um debate interessante no Brasil já há algum tempo. Temos seguido a polémica no História em Projectos. Para começar, um sítio apropriado é este post. E depois é seguir as pistas.
O blogue de Maria Frô também tem acompanhado o assunto. Pode começar-se por aqui, por exemplo.
O caso da ditabranda no Brasil é interessante para estudar vários aspectos da questão do revisionismo histórico. Por isso aqui o destacamos.

8.3.09

saudades dos amigos


Zagreb, Dezembro de 2007. Foto de Porfírio Silva.

para que não digam que não me lembrei do dia da mulher, mas para que também não possam propriamente dizer que o comemorei, dou a palavra a uma rosa


Sofia Branco no Público, escreve, a propósito do Dia da Mulher, um texto que vem com o título Mais metódicas, implacáveis, rigorosas, ambiciosas e ágeis do que os homens? Que retórica, minhas senhoras. Se o título fosse propriamente um apontador de verdade, este título não seria de uma mulher. Digo eu.

Não querendo ofender ninguém, mas querendo dizer algo "próprio" neste dia, não encontrei nada melhor do que falar pelas palavras de outra pessoa. Neste caso, uma mulher. Encontrei uma pré-comemoração a este "dia" que acho que vai mais com as minhas perguntas do que aquele elenco acima. Vem no (a)Mar Pedra e já tem uns dias. Do gozo das nuvens cinzentas.
Não perder a antologia de postas para que aqui se aponta - é um imperativo.


7.3.09

fim de semana


Ron Mueck, In Bed, 2000 (Clicar aumenta)

6.3.09

NAO, outro robot humanóide


Tivemos hoje cá na casa (Instituto de Sistemas e Robótica / I.S. Técnico) uma apresentação do robot humanóide NAO, da empresa Aldebaran Robotics. Ficam algumas imagens, sem grandes explicações. Com destaque para pequenos vídeos.


















Os vídeos seguintes não foram tomados por nós. O próximo é uma apresentação oficial da responsabilidade da empresa produtora. O último é uma apresentação televisiva centrada na ideia de que o NAO tem emoções que o tornam verosímil para os humanos (vídeo em francês, que sabemos não ser, hoje em dia, coisa muito popular).






verticalidade (género horizontal)


Alegre candidatava-se às legislativas com o seu movimento de cidadãos se a lei permitisse.


Alegre sempre arranjou maneira de, ao longo de muitos anos, criticando quem bem lhe parecia em qualquer momento, ser eleito deputado, repetidamente, pelo PS. De degrau em degrau até vice-presidente do Parlamento. Nunca teve aquela ousadia de arranjar um emprego para deixar de ser deputado e mostrar a proclamada coragem. Agora vai um bocadinho mais longe e continua a ser deputado por um partido e a querer ser candidato por um outro movimento. Aplausos para a verticalidade. Parece que há aí uns revolucionários que gostam mesmo é disto.

o mercado livre e outras histórias


O filme TUCKER, The Man and his Dream, de Francis Ford Coppola, 1988, conta a história verdadeira de Preston Tucker, um americano que acreditava na livre iniciativa e que tentou colocar no mercado um automóvel inovador logo a seguir à Segunda Guerra Mundial. E o filme também conta como uma aliança entre os grandes fabricantes de automóveis e certos departamentos governamentais conseguiu impedir Tucker de colocar o seu automóvel maravilha à venda. Para aqueles que pensam que o mercado nasceu livre e se mantém naturalmente livre, para aqueles que gostam de ser distraídos de todo o envolvimento institucional que é necessário ao funcionamento do mercado, vale a pena ver este filme.
Abaixo: amostras.







5.3.09

o Público faz anos (enciclopédia da trapalhice)


No dia de anos do Público, isto é que é serviço público do bom: no A Pente-Fino, um pequeno Top do disparate do quotidiano do sr. Fernandes. Como eles escrevem, os erros que o Público hoje reconhece, comparado com o verdadeiro jornal que temos vindo a ler, é como "ter um homicida a reconhecer a sua má conduta, pedindo desculpa por não ter pago o café". Aplausos. Noitadas e noitadas de instrução para nunca esquecer a saga do jornal capturado.

homilia aos ortodoxos de pacotilha a propósito da hipocrisia


Um determinado blogueiro vem à caixa de comentários do meu blogue e, a propósito de um apontamento meu de tema político, acusa-me de estar entre os "rapazes" que o PS "envia" para fazerem "trabalho sujo". A caixa de comentários do meu blogue é "moderada" desde que se tornou mais do que suportável a quantidade de arruaceiros que aqui vinham exclusivamente para me insultar (insultar é insultar, no sentido mais estrito da palavra,como se pode vez por tesouros que ainda estão em linha). Isto quer dizer que a publicação de um comentário significa que eu "carreguei no botão" para ele ser publicado. Há uma troca de piropos em linha, a seguir a esse comentário tão "elegante", com várias insistências do mesmo comentador. Isto passa-se no dia 2 de Março.
No dia 4 de Março, o mesmo blogueiro publica no seu blogue um arrazoado contra mim, criticando o facto de este blogue ter moderação de comentários, sugerindo que há um qualquer vício nesse facto - mais precisamente o vício de eu me considerar "o dono da verdade". Vício esse que se declinaria ainda em outro traço do meu comportamento: insultar os que discordam de mim.
Parabéns! Mais um blogueiro que, depois de vir aqui insultar-me, e de considerar isso normal e educado, esperava que eu lhe oferecesse flores num raminho. E note-se que não é a primeira vez que isso acontece.
Eu nem devia perder tempo com estas pérolas. Mas, já que a história se repete, e se repete um padrão reconhecível, sempre acrescento o seguinte, a proveito desse e de outros que têm feito o mesmo. Há certos militantes de certas correntes de opinião que, por se julgarem iluminados, se acham no direito de vociferarem tudo e mais alguma coisa, com a fúria dos fanáticos, contra os "hereges". E desejariam que os tais hereges se curvassem à sua "arrogância revolucionária". Desenganem-se. Não prescindo de pensar, de dar a minha opinião, de criticar o que acho criticável, de louvar o que acho louvável. E não o faço segundo a agenda mediática da blogosfera. Faço-o segundo a minha própria agenda, que é apenas a agenda da liberdade pessoal e da cidadania sem complexos.
E aos que se abrigam nestas manobrazinhas a ver se disfarçam o rationale do seu comportamento, apenas digo: não me surpreendem.
By the way: quem quiser saber de quem falo, procure: não faço publicidade gratuita a certas coisas que considero de baixo nível.

4.3.09

política à portuguesa

Não linko para nenhuma notícia para não dizerem que sou sectário...



Ron Mueck, Angel, 1997

3.3.09

para não deixar os discursos ligeiros banalizar o medo verdadeiro


Memorial às Vítimas da Guerra e da Tirania.
Berlim. Dezembro de 2006. Foto de Porfírio Silva. Clicar amplia.

o culto da falta de personalidade, seria melhor?


Manuela Ferreira Leite: Congresso do PS foi culto de personalidade excessivo e impróprio em tempo de crise.


O que é que MFL acha que devia ter sido diferente por causa da crise? Devia o congresso ter sido iluminado por velas em vez de electricidade? Os delegados deviam ter dormido ao relento, em vez de dormir em hotéis? Deviam ter tomado o pequeno-almoço e poupado as outras refeições? Deviam ter falado mais baixo para poupar decibéis? Os discursos deviam ter sido mais curtos? Deviam ter usado megafones com energia eólica em vez de microfones? E o que é que isso tem a ver com o culto da personalidade?
O método do vale tudo ainda podia dar algum resultado em Santana, porque ele é um artista. Mas esta Manuela a fazer o pino é de fantasia. Definitivamente, Manuela está a inventar o culto da falta de personalidade.

2.3.09

metafísica


Pormenor de uma instalação no Museu da Ciência e da Técnica, Milão, Outubro 2008.

Hermes em Berlim


Hermes em Berlim. Dezembro de 2006. Foto captada e manipulada por Porfírio Silva. Clicar amplia.

1.3.09

congresso do PS


No congresso do PS gostei especialmente das intervenções de Manuel Alegre. O mesmo para a moção de orientação política que apresentou e defendeu. Tanto como tenho gostado das substanciais alternativas que tem proposto para o país.
Será medo?

visões nocturnas


Teatro alla Scala, Milano, Outubro 2008. Foto de Porfírio Silva. Clicar amplia.

"Para que serve o congresso de um partido?"


O sr. Fernandes escreve, com este título, um editorial na edição da passada sexta-feira do Público. Tema: o congresso do PS. O texto é tão rigoroso como o preço de capa estampado nessa mesma edição. Vejamos.
O sr. Fernandes diz que o congresso do PS não se compara às convenções dos partidos americanos, porque, tendo o mediatismo, não tem o debate prévio vivo e detalhado. O sr. Fernandes é um aldrabão: também nos States há campanhas com muito e com pouco debate prévio. Frequentemente, na recondução de um candidato, por ocasião de um segundo mandato, o debate é virtualmente nulo. Quando se tratou de escolher Sócrates ou Alegre, houve debate de qualidade. Porque havia diferenças postas como alternativas.
O sr. Fernandes gostaria que o PS estivesse profundamente dividido acerca de quem propor para próximo primeiro-ministro. Por isso lamenta o "unanimismo" em torno do líder. Mas essa divisão que tanto gozo daria ao sr. Fernandes - simplesmente não é o caso. Isso não devia autorizar o sr. Fernandes a ser míope. Voltará a haver debate quando houver verdadeira escolha, o que acontece nas mudanças de ciclo. Isso é que é natural. O que não seria natural seria que o partido de governo estivesse sempre, enquanto governa, com angústias existenciais e hesitações acerca do que fazer. Naturalmente, estando a governar, tem de se concentrar em cumprir o seu programa de governo. Que, neste caso, foi o próprio programa com que o PS se apresentou às eleições.
O sr. Fernandes também repete, com falinhas mais mansas do que Manuela, o argumento proto-fascista de que Sócrates devia ter faltado ao congresso do seu partido para ir à cimeira de Bruxelas. Navegando na miopia anti-partidos, esquece-se de indicar onde há democracia sem partidos. (Preferirá sovietes?) Manuela não percebe nada de filosofia política, pelo que se calhar nem se apercebe da gravidade do que disse. O sr. Fernandes, que é um ideólogo, tem outras obrigações. Por isso temos de temer que o seu modo de proto-fascismo seja consciente – o que é gravíssimo.
O sr. Fernandes diz que há medo dentro do PS. Para esse peditório já demos. Podemos antes falar do medo do director, sobre o qual provavelmente algum jornalista da redacção do Público poderia ter elaborado nos tempos de “dispensas” massivas. Mas isso seria entrar em casa do sr. Fernandes, coisa que nos arrepia só de imaginar.
O sr. Fernandes ainda tem mais umas pérolas, mas daquelas que vão bem no Twitter, não num jornal que costumava ser de referência. Deixemos essas de lado. O que vem acima já basta para mostrar o calibre do sr. Fernandes. Apesar de tudo, não chamemos sofista ao sr. Fernandes. Não há razão para estar agora a ofender os sofistas.

[Comissão Nacional do PS: João Cravinho sai, Santos Silva e Silva Pereira sobem na lista de Sócrates.Mulheres são 38 por cento.]