Há uma série de "companheiros de estrada" da blogosfera que, com mais ou menos piada, insistem na tese de que a crise política precipitada pelo PSD, com a amável contribuição dos restantes partidos da oposição, não teve nada a ver com a embrulhada financeira que levou ao pedido de "ajuda externa". Nem comentam os números, acham suficiente citar opiniões que dizem o contrário dos números. A ideia é a do costume: se há economistas para citar, se até se pode citar o governador do Banco de Portugal, o tal que esconde o brasão para parecer mais independente do que realmente é, não interessam nada os números.
Há uma via alternativa: podiam perguntar aos porta-vozes dos próprios especuladores. No próprio dia da rejeição do PEC IV no Parlamento, a Fitch cortou o rating da República. E explicou-se: «O corte do "rating" é justificado com a crise política em Portugal, depois de o chumbo do PEC, ontem no Parlamento, ter provocado a demissão do Governo. “A revisão em baixa reflecte os riscos acrescidos em torno da implementação das políticas e do financiamento do défice à luz da inviabilização, pelo Parlamento português, das medidas de consolidação orçamental e da demissão do primeiro-ministro”, argumenta Douglas Renwick director da Fitch para o "rating" de soberanos.»
É sabido que é José Sócrates quem escreve o que dizem os directores das agências de rating...