22.10.09

governo


Aí está o novo governo. Uma questão que se coloca ao país é se o esforço de reforma feito em algumas áreas da governação será sacrificado às novas realidades de uma maioria relativa. A substituição de figuras à frente de certos ministérios torna legítima a pergunta. O futuro dirá se se trata apenas de refrescar os titulares, para manter essencialmente o mesmo rumo; de mudar de política para poupar as baterias para futuras batalhas eleitorais; ou de manter as políticas mas sofisticar as abordagens, para melhorar as condições de aplicação. Nem o programa de governo, se mantiver a tradição PS de ser o mesmo programa apresentado ao eleitorado, vai desfazer esta dúvida. Talvez as primeiras intervenções de Sócrates no novo Parlamento o façam. Ou, eventualmente, só a governação em velocidade cruzeiro fará luz sobre esse ponto.

Uma nota específica, numa pasta que julgo crucial, por razões que já aqui apresentei: a nova Ministra do Trabalho, Helena André, vice-presidente da Confederação Europeia de Sindicatos, tem o saber, a experiência e a visão política que poderão fazer dela uma peça chave da governação. Ela sabe o que valem os sindicatos - ou, pelo menos, o que deveriam valer. E não partilha nenhum dos cinismos que, acerca disso, abundam entre nós. Sabe como os sindicatos são importantes para a democracia, sabendo que a democracia na empresa é indispensável a qualquer democracia decente. E sabe como maus sindicatos podem ser os piores inimigos dos trabalhadores. Como será, com o peso de vir da liderança sindical europeia, ver o mundo do lado do governo? Acredito que Helena André dará uma excelente resposta a esta pergunta.

Nota final. Escrevi aqui antes que ficaria a contar quantas ministras teria o próximo governo do PS. São (além do PM) 11 ministros e 5 ministras. Podia ser pior. Mas também podia ser melhor (para quem acredita no valor do simbólico, como é o meu caso).

[Produto A Regra do Jogo]