23.10.09

Galileu e Saramago



Sob este título, Galileu e Saramago, Carlos Fiolhais escreve hoje no Público um texto de opinião, do qual respigo:
«Saramago falou sobre a Bíblia de uma maneira que, seja-se ou não crente, não é intelectualmente séria. Não foi apenas chamar-lhe "manual de maus costumes" e "catálogo de crueldades". Foi também ter dito que o Génesis tinha "coisas idiotas", exemplificando: "Antes, na criação do Universo, Deus não fez nada. Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê. Fê-lo em seis dias, apenas seis dias. Descansou ao sétimo. Até hoje! Nunca mais fez nada! Isto tem algum sentido?". A pergunta é que não tem nenhum sentido! É o grau zero da crítica religiosa ou mesmo literária. O que não seria dito se alguém analisasse O Memorial do Convento desta maneira tão tosca? Tão errado é levar a Bíblia à letra, aceitando o que lá está, como levar a Bíblia à letra, recusando o que lá está. Francamente, não consigo distinguir entre a teologia básica dos que condenaram Galileu e esta antiteologia igualmente primitiva de um escritor contemporâneo
Certíssimo. O significado cultural (e até político) do que Saramago tem andado a fazer, que é reaccionário, e não progressista como alguns parecem pensar, vê-se melhor com a ajuda deste ponto avançado por Carlos Fiolhais.

(Nota 1.O negrito na citação é meu, não de Fiolhais.)
(Nota 2. Para governo dos leitores, a título de declaração de interesses: eu não sou crente.)