5.3.15

Um Contrato com Deus.



O Público faz hoje anos. 25 anos. Parabéns. Com fases boas e com fases más, desde que apareceu que o Público é o jornal que eu leio. Parabéns, repito, e continuem.
Mas, claro, como sou um chato, não venho só dar os parabéns. Deixo dois apontamentos de amigo.
Primeiro, é um apontamento crítico. A edição de hoje é magnífica. E é gratuita. Que bom, gratuita. Sim, mas faz parte das armadilhas da vida. Comprado, o jornal arranja-se sempre. Gratuito, em muitos postos de venda é preciso reservar para não ficar sem ele - logo no dia de hoje. Em prejuízo dos que normalmente compram. Eu percebo o método, mas é uma armadilha para os amigos de todos os dias. É como a história da edição digital: quem compra em papel não tem nenhuma vantagem no acesso à edição digital (contrariamente a outros exemplos que andam por aí). É preciso estimar os amigos!
Segundo apontamento, um elogio. O Público é sempre mais do que o Público. Agora está a sair uma colecção de novela gráfica. Já vai hoje no segundo de doze volumes. Não é novidade, mas em geral este esquema para vender mais é aproveitado pelo Público para fazer melhor. Gosto. Sou apreciador de Banda Desenhada (como sabem os que me conhecem) e esta colecção começou com uma obra magnífica: "Um Contrato com Deus", de Will Eisner. Leiam esta novela gráfica, uma forma intelectualemnte sofisticada de combinar desenho com palavras, e compreenderão completamente por que dizemos que BD é cultura. E, em concreto, este "Um Contrato com Deus", talvez o primeiro clássico do "género" novela gráfica, oferece uma extraordinária oportunidade de reflexão sobre a capacidade que temos para distorcer o que poderia ser importante no mundo.