11.11.14

JunckerLeaks.



Eurodeputados querem que Juncker explique se ajudou empresas a fugir aos impostos.

Depois das eleições europeias de Maio passado, defendi que Juncker devia tornar-se presidente da Comissão Europeia. Não porque o apoiasse, mas porque isso significaria cumprir a promessa feita por quase todas as forças políticas europeias, quando apresentaram antes do voto os rostos que apoiariam para esse cargo se chegassem em primeiro lugar nas preferências dos eleitores. Até com o líder do Syriza eu partilhava, então, este ponto de vista, apenas na óptica do funcionamento democrático e não como escolha programática.

Antes das eleições europeias, apoiei o candidato dos socialistas a presidente da Comissão Europeia, Martin Schulz. Defendi que esse voto era necessário para mudar de maioria nas instituições, uma vez que a direita clássica do PPE tinha seguido políticas erradas, sob a batuta do egoísmo alemão e com Barroso a tomar conta da pequena intendência partidária na máquina de Bruxelas.
Contudo, durante essa campanha das europeias, fui demasiado complacente com Juncker. Defendi publicamente que ele era do melhor que restava na direita europeia. Não fui ao extremo de dizer, como Marcelo, que o voto em Portugal era em Juncker e não em Pedro e Paulo. Mas concedi que o homem era um europeísta e daria um novo impulso ao espírito comunitário. Apesar de, claro, eu pugnar por uma mudança política e votar nos socialistas.

Ora, hoje devo confessar que, quanto a Juncker, errei no meu juízo.

Como se vê pelo escândalo dos favores fiscais, o europeísmo de Juncker era uma treta.

Mas, antes disso, já se tinha percebido, pela montagem da nova Comissão, que Juncker tem pouco tempo ou pouca energia para levar a sério o seu novo cargo. A constituição da nova (?) Comissão foi uma balbúrdia, a deixar ao Parlamento Europeia a correcção de alguns disparates grossos, como querer entregar a um fascista húngaro o cuidado por questões de cidadania.

Por outro lado, se se pensava que estava para acabar o partidarismo barrosista na gestão da máquina, desenganem-se: Juncker está nas mãos dos homens que o camarada Abel deixou por lá espalhados.

Chegados a este ponto, lembro-me de me ter irritado com alguma imprensa britânica por ter usado contra a designação de Juncker o argumento dos seus hábitos etílicos. E, agora, penso que, se isso for verdade, esse é um argumento político. Um argumento político cuja base empirica estará por provar, mas um argumento político: quanto menos horas por dia ele estiver livre dos efeitos dos vapores, mais horas por dia estará a ser controlado e manipulado pelos sargentos. Os tais que o camarada Abel deixou por lá espalhados.

Ai Europa, Europa, com estes europeístas, quem precisa de eurocépticos?!