31.5.14

com a democracia não se brinca.


António José Seguro, secretário-geral do PS, deu hoje uma entrevista à TVI (Judite de Sousa). No seu conjunto, a entrevista é um caso de estudo, pelo comportamento geral de AJS, pelo número de vezes que se referiu a António Costa e pela forma como falou dele, por um tipo de discurso que me dispenso de qualificar em toda a sua extensão. Quero, de tudo aquilo, chamar a atenção apenas para um aspecto: Seguro explicou a verdadeira razão para ter avançado com aquelas propostas sobre as primárias para o candidato a primeiro-ministro. Deixo o excerto vídeo abaixo, mas transcrevo o essencial para facilitar a reflexão sobre o que verdadeiramente foi dito.

Judite de Sousa – António José Seguro, gostava que me esclarecesse o seguinte. Quando defende e vai propor eleições primárias para a escolha do candidato do PS a primeiro-ministro, admite que possa existir um secretário-geral e uma outra pessoa como candidato a primeiro-ministro em 2015? (…)
António José Seguro – (…) Esta é uma situação nova, surgiu um problema na terça-feira, a minha responsabilidade como líder foi encontrar uma solução para o problema. Podia ser uma solução interna ou uma solução como a que apresentei. Eu optei por esta solução: abertura à participação dos eleitores.

Quer dizer: António José Seguro afirma (confessa) que avançou com a ideia das primárias para escolher o candidato a PM para resolver o problema interno, o problema da liderança. Aquilo que devia ser responsabilidade e reflexão sobre pontos essenciais da melhoria da qualidade da democracia, acaba por ser usado como mero truque para tentar salvar um lugar político. (Diz que pediu à Presidente do Partido para fazer um estudo de direito comparado, sobre o assunto, numa semana.) Não surpreende: tinha de haver uma explicação para atirar para cima da mesa, apressadamente, aquilo que antes rejeitou (quando foi proposto por Assis) e que no último congresso impediu que se discutisse.

É lamentável. Com a democracia não se brinca. A necessária reforma das instituições democráticas não pode ser usada para fins particulares.



alta traição ?!


António José Seguro ganha sempre mais imaginação quando se vira para o combate interno. Fica mais vibrante para atacar José Sócrates e o governo do PS por ele liderado, ou para apontar defeitos em António Costa (como João Soares, que esta semana se lembrou de sugerir a Costa que tapasse os buracos das ruas de Lisboa), do que costuma conseguir ser para tratar do país. Aqueles que o ouvem aqui ou ali e o acham sonso - têm de ir ouvi-lo à Comissão Nacional ou à Comissão Política do PS, porque aí o homem transfigura-se.
Mas nem é isso o mais preocupante. O pior é que, em poucos dias, AJS revela uma enorme falta de sentido de Estado ("e depois encher a boca com populismos") e mostra, agora, que não se importa de tratar assuntos importantes de reforma da democracia, de transformação da política e dos partidos, como manobra dilatória para ganhar tempo em assuntos internos. Aquilo que antes rejeitou como reforma democrática do PS, e que no último congresso impediu que se discutisse, agora coloca em cima da mesa - porque precisa de alguma coisa para disfarçar a vontade (aqui) férrea de não deixar discutir a liderança.
Para usar uma triste expressão usada recentemente por um destacado apoiante de António José Seguro: manipular as questões de reforma da democracia como estratagema de sobrevivência pessoal - não será alta traição ?!

Bravo, Tsipras.



Alexis Tsipras, líder do Syriza na Grécia e candidato da Esquerda Europeia a presidente da Comissão Europeia, anunciou o seu apoio a Jean Claude Juncker para ter a prioridade a tentar formar uma maioria no Parlamento Europeu que suporte a sua eleição para chefiar o executivo.
Vejo que muitos camaradas e amigos meus estão espantados - e até chocados - com esta declaração de Tsipras. Parece que julgam que ele traiu as suas ideias por "apoiar" o candidato da direita. Eu estou espantado - e até chocado - é com essa reacção dos meus camaradas e amigos.
Explico-me.
No meu entender, não se pode ser de esquerda sem ser democrata. Juncker era o candidato a presidente da CE apoiado pelo partido mais votado. Todas as grandes formações políticas candidatas ao Parlamento Europeu apresentaram a figura que, a seu ver, deveria ser presidente daquele órgão - e todas defenderam que o candidato do partido mais votado devia ser presidente, desde que conseguisse formar maioria. Não vejo outro raciocínio democrático que não seja: temos que deixar os vencedores tentarem cumprir esse compromisso eleitoral. Juncker deve poder tentar formar uma maioria que o leve à presidência. Se isso não acontecesse assim, os partidos que entraram naquele compromisso estariam a desprezar o jogo eleitoral em que entraram livremente.
Eu não apoiei o partido de Juncker nas Europeias. Mas penso que ele deve ser presidente da Comissão se conseguir formar maioria para tal. E mais: espero que consiga formar essa maioria. Se acontecer de outro modo, ganharão os cínicos que viam naquele compromisso uma farsa. E aos eleitores poderá dizer-se: era só conversa, os lugares decisivos não dependem nada do vosso voto, a Europa nunca será democrática.
Tsipras explica bem: não apoia as políticas de Juncker, mas foi este que ganhou. Concordo inteiramente. E mais: o grego dá uma lição de democracia a outros que andam por aí a conspirar para que aquele compromisso eleitoral não sirva para nada.

A isto eu chamo ser de esquerda sem deixar de ser democrata. E não tenho de apoiar as suas propostas para aplaudir vivamente esta tomada de posição.

(Alexis Tsipras has announced he will support Jean Claude Juncker to seek majority for the EC Presidency.)

política nacional.


Este é o meu comentário às notícias que me chegam hoje sobre política nacional.


(Ilustração de Ed Linfoot.)

30.5.14

e depois encher a boca com populismos.


A direcção do PS andou mal ao declarar apoio a uma moção de censura do PCP que trata todos os governos constitucionais da democracia abrilista como malfeitores e que pretende a saída do euro. Esse voto a favor seria uma tolice política, mas, enfim, cada partido tem direito às burrices que bem entenda.
Agora, que se desprezem as instituições democráticas, já me parece inadmissível. O SG do PS faltar ao debate da moção de censura, um dos actos mais importantes da prática parlamentar, constitui uma falta de respeito pelo partido censurante, pelo governo do país e pelo próprio parlamento. Se criticamos o populismo, não podemos ir ainda mais longe do que os populistas no aviltamento das formas que a democracia toma no concreto. Nem o PCP, partido revolucionário para quem a democracia representativa é um mal menor, se permite faltar ao respeito à Assembleia da República, como fez hoje António José Seguro, líder do maior partido da oposição. Proceder assim e depois encher a boca com críticas aos populismos...

As sugestôes do João Miguel.




[o que é isto?]



Para conseguirmos faire marcher le devoir et l'amour. (Carmen, 2º acto)


Por vezes é difícil conciliar a escrita das sugestôes e o seu aproveitamento, havendo semanas mais compensadoras que outras… Desta vez beneficiei, no facebook, da indicação de um link relativo à exposição de Relógios de Sol (aqui).
Já está disponível a programação das Festas de Lisboa 2014.

A decorrer:

  • De 30 de Maio a 1 de Junho, na Atouguia da Baleia, 5º Encontro de Música Improvisada de Atouguia da Baleia - MIA 2014
  • Das 8h00, de 31 de Maio, às 24h00, de 1 de Junho, Serralves em Festa! 40h non-stop (mais de 250 eventos; directos na RTP2 às 10h00, 12h00, 19h00 e 21h40, no domingo não está prevista a emissão das 21h40) (0€)
  • Até dia 2 de Junho, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para o curso História da Europa (por Lourenço Pereira Coutinho; 8 sessões, às 15h30 de segundas e quartas, com início a 16 de Junho) (www.elcorteingles.pt)
  • De 4 a 6 de Junho, no Salão Nobre do Palácio Azurara, Museu de Artes Decorativas Portuguesas/ Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, colóquio Luso-Brasileiro: A Casa Senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (sécs. XVII, XVIII e XIX). Anatomia dos Interiores, (0€, inscrição prévia: 218 814 695, ou casa.senhorial.lisboa.rio@gmail.com.)
  • Até 15 Junho, no Parque Eduardo VII, Feira do Livro


(Se o texto parece acabar aqui, clicar em Read More para ver as sugestões por dia.)

28.5.14

suspender a democracia ?


As autárquicas foram um argumento da direcção de António José Seguro contra uma disputa interna pela liderança. "Deslealdade, esta coisa de quererem disputar a liderança; temos de nos concentrar nas batalhas eleitorais externas, não podemos distrair os socialistas com batalhas internas", diziam.

Os descontentes calaram e esperaram duas eleições: as autárquicas e as europeias. Esperaram, quer dizer: meteram-se nas batalhas, junto com os outros. No caso de António Costa, brilhantemente: foi sua a fatia de leão dos resultados do PS nas últimas autárquicas. Em qualquer uma delas, a direcção do PS viu "grandes vitórias", implicando a continuidade gloriosa do líder. Mesmo quando um mínimo de comparação dos números mostrava que as vitórias não eram tão estrondosas quanto apregoado.

Agora, mais uma vez, a ideia de voltar a discutir a liderança é representada como uma deslealdade, porque é preciso concentrar todas as forças no combate exterior. Pelo menos assim proclamam os mais apressados porta-vozes dos leais conselheiros de António José Seguro. Segundo esse modo de ver, AJS é o bem amado líder da mudança, coisa que todos parecem ver em todos os recantos do universo - embora outros julguem que se está a tentar tapar o sol com a peneira. O que, aliás, será mais fácil se o sol não brilhar mesmo nada.

O argumento, mais uma vez, são as eleições seguintes. Caramba, mas será que é preciso suspender a democracia no país para os socialistas poderem fazer escolhas internas? Nos últimos anos tivemos esta sequência de eleições:

07/06/2009 – Europeias

27/09/2009 – Legislativas

11/10/2009 - Autárquicas

23/01/2011 – Presidenciais

05/06/2011 – Legislativas

09/10/2011 – Regionais na Madeira

14/10/2012 – Regionais nos Açores

29/09/2013 - Autárquicas

25/05/2014 – Europeias

Como poderiam os partidos funcionar e fazer escolhas se precisassem sempre de um ano e tal de "pausa" no debate interno para se mostrarem "fortes e preparados" para os combates externos?

É tempo de os partidos compreenderem que a democracia se reforça praticando-se. Que a democracia precisa de partidos vivamente democráticos, que não fogem aos seus próprios problemas, que não tentam resolver burocraticamente as diferenças internas. A democracia não se renova com exércitos de leais seguidores. A democracia no país precisa de democracia nos partidos, não de arregimentação.

Os portugueses percebem isto. Tentar enganar os portugueses, contando-lhes histórias cor de rosa para os entreter, não resultará.

Não será preciso suspender a democracia no país para que os socialistas possam fazer, maduramente, as suas escolhas internas. Aquelas escolhas internas de que o país precisa. Sim, porque não se pode continuar a falar contra "o populismo" e continuar a dar-lhe argumentos (como escrevi aqui).

27.5.14

aquilo de que o PS não precisa.



A Google renovou o seu logotipo. As mudanças estão expostas na imagem acima.
Não percebem? Passamos a explicar:
(1) o segundo 'g' foi desviado um pixel para a direita;
(2) o 'l' desloca-se um pixel para baixo e um pixel para a direita.

À atenção do PS. Com votos de felicidades.

(fonte)


e agora, PS ?


A escassa vitória do PS nas Europeias não pode deixar esperançoso nenhum cidadão que queira uma alternativa de governo para Portugal, que queira ter direito a uma política diferente - e uma política realizável, não apenas o sonho do céu na Terra. Espera-se que, dentro do PS, haja inteligência e energia suficientes para compreender isto e para criar as condições que, eventualmente, permitam mudar tudo o que seja preciso mudar.
Entretanto, isso não se fará com um sonho de "regresso ao passado", nem se fará reduzindo a equação ao papel que António Costa possa vir a ter. (A "novela" António Costa ameaça desgastar o próprio António Costa, um dos políticos mais capazes que temos no activo.) Nem se fará esquecendo que Seguro tem, a seu crédito, ter querido ser secretário-geral quando outros pensaram que era demasiado cedo para se cansarem na liderança do PS. É que, se é certo que há uma questão de protagonistas, também há uma questão de políticas: um PS morno e titubeante às segundas, quartas e sextas e radical às terças, quintas e sábados, não transmite confiança nem a moderados nem a radicais. É perigosa a confusão entre arrojo e radicalismo: precisamos, ao mesmo tempo, de mais capacidade para questionar os alicerces desta sociedade, por um lado, e, por outro lado, mais capacidade para gerar aproximações e convergências entre forças que têm estado de costas voltadas e marginalizadas do cerne da decisão política.
Um grande partido como o PS tem, certamente, mais recursos políticos do que o mero rolar de cabeças. Na verdade, se o PS não souber dar a volta a uma difícil situação interna, quem acreditará que poderá dar a volta à difícil situação do país?

26.5.14

populismos: uma reflexão.


Gostamos de nos colocar do lado dos eleitores sérios e de nos separarmos higienicamente dos populismos. E fazemos bem. No meu entender, populistas são aqueles que fazem de conta que são simples e fáceis de resolver os problemas que são complexos e difíceis de atacar. Os populistas dificultam a resolução dos problemas porque, com as suas fantasias simplificadoras, impedem a comunidade de compreender quão complicado é o mundo e estorvam o esforço de costurar soluções que o sejam mesmo, em vez de ilusões.

Neste sentido, há grupos claramente populistas, à direita e à esquerda, e também na zona que tem a cor do burro quando foge, mas há igualmente laivos de populismo em agremiações que se consideram sérias. Todos os que escondem dados essenciais dos problemas para, assim, obterem apoio para as suas ideias, estão nisso a alimentar a besta populista no que ela tem de essencial.
Por exemplo, todos aqueles que apresentam, como alternativa à actual governação austeritária, a ideia do puro e simples "não pagamos", estão nisso a ser populistas: porque escondem as verdadeiras consequência, imediatas e a longo prazo, de deixarmos abruptamente de ter acesso a financiamento externo, que resultaria da estratégia unilateral do "não pagamos". É menos espalhafatoso dizer que temos de tentar renegociar a dívida, mas que esse processo é lento, difícil e incerto, e que teria de passar por uma capacidade de entendimento interno que tem estado arredada da nossa política há demasiado tempo - mas é mais sério. É menos popular, mas mais honesto. É essa honestidade e seriedade, pouco espectacular, que o populismo despreza.
Ainda por exemplo: é mais fácil fazer um discurso antagonista face às demais forças políticas, porque as pessoas parecem ser mais facilmente enganadas com radicalismos verbais, do que promover a negociação e o compromisso - embora o país precise mais de quem saiba juntar do que dos que só sabem dividir. E os populismos só sabem viver nas rupturas.
Por isso digo: o pecado populista é alimentado por mais gente do que parece, em todos os quadrantes políticos.

O populismo é um fenómeno mais complexo do que possa parecer à primeira vista. E devemos acautelar qualquer pressa excessiva em dar receitas para o contrariar. Porque o escape populista também é um efeito da opacidade do mundo político. Se a política não fosse uma prática mais ou menos reservada a uma "classe", se os partidos em geral não tivessem filtros tão pesados a separar as pessoas "normais" da cidadania plena, se fosse mais fácil a qualquer cidadão chegar-se à frente e tomar parte - as pessoas poderiam ser convencidas a fazer mais pelo bem comum em clima de normalidade. Mas, ao contrário, as pessoas sentem que a generalidade dos partidos são fortalezas inacessíveis, que a política é assunto para uns poucos e bizarros "militantes" - razão pela qual, em momentos de crise, se revêm em cavaleiros andantes que prometem furar a muralha dos políticos e invadir o terreno "deles". Os Marinho e Pinto que por aí andam prometem às pessoas a miragem de contrariar a impenetrabilidade das lógicas partidárias instaladas - e as pessoas apreciam essa lógica de cavalo de Tróia. Isso pode não resolver problema nenhum, mas permite a algumas pessoas mostrarem que são capazes de perturbar a paz dos cemitérios que evoca "o estado a que isto chegou".

O carácter incoerente e confuso de alguns grupos populistas são um óbvio ponto de ataque dos que racionalizam demais a política. Mas aí temos outro erro: as inconsistências dos populistas limitam-se, por vezes, a ser o espelho daqueles aspectos do pensamento "popular" que não cabem nas nossas leituras intelectuais. Por exemplo, a homofobia de Marinho e Pinto, conjugada com ideias de esquerda em matéria social, escandalizam a nossa boa consciência - mas traduzem formas de pensar que andam por aí à solta. Não temos de estar de acordo, nem temos de renunciar a combater essa misturas - mas elas chamam a nossa atenção para realidades vivas do povo que somos. E não vale a pena querer substituir a luta política pela tentação de mudar de povo.

Alguns dirão que, com isto, estou a piscar o olho ao populismo. Não é o caso. Não me acomodo é a leituras demasiado simples de fenómenos complexos. Convém não esquecer que o populismo é, muitas vezes, o caminho mais directo a ligar o povo de esquerda e o povo de direita: o túnel por onde se fazem transferências rápidas. Se nos lembrarmos disso talvez consigamos perceber a importância de olhar para a vida com olhos de ver.

juntar os cacos: a Europa aqui tão perto.


A Europa mete água por todo o lado: partidos dos extremos entram pelos territórios habituais dos partidos do sistema, fascismos de vários tons chegam-se descaradamente à frente no voto do povo, europeus votam em grande escala contra esta Europa, partidos de governo são humilhados nas urnas e partidos da oposição clássica (à direita e à esquerda) são desfeiteados. O cenário é de desastre para o "bloco central" europeu: Populares e Socialistas continuam a ter a maioria no Parlamento Europeu mas, em vez de serem o duo de alternativas que se oferece aos povos como mecanismo de uma democracia a funcionar, ficam agora como o pólo único do sistema cercado por todos os lados, a terem de se juntar para não soçobrarem. Os senhores da Europa já têm pouco para delapidar: o tesouro está em manifesta decomposição.

A nível nacional, a direita no governo, que passou a campanha toda a falar de política interna, entre a narrativa esquálida do despesismo e o papão de Sócrates, descobre na noite das eleições, depois de um desastre eleitoral sem precedentes, que as eleições eram europeias e não se deve falar de política interna a propósito desse assunto distante que é a Europa. Como se ainda não tivessem percebido que a política europeia e a política nacional são uma e a mesma coisa.

O Partido Socialista, que, depois de três anos de massacre, consegue chegar umas migalhas à frente da direita, recuar em relação às últimas eleições autárquicas, ter menos 12 ou 13% do que a percentagem obtida nas últimas europeias em que estava na oposição, reclama uma grande vitória - e consegue fazê-lo sem se rir, o que é espantoso. Com um novo pequeno PRD em campo (Marinho e Pinto), com o Livre a obter resultados que lhe dariam deputados numas legislativas, com a esquerda da esquerda em recomposição, com uma vitória tangencial para si próprio, o SG do PS aparece para dizer banalidades e para a costumeira propaganda, para mero uso interno, com que tenta vender a preço de ouro o mero chumbo que conseguiu nesta jornada. O nível de compreensão da realidade mais uma vez demonstrado por António José Seguro está ao nível da moção de censura de Jerónimo de Sousa, cuja aversão ao parlamentarismo o leva a confundir sistematicamente o ritual com a vida real.

A esquerda, a começar pelo PS, pode optar por fazer de conta que ganhou o país nestas eleições. Mas será uma pena se insistir nessa cegueira. Mesmo o PCP, que avançou eleitoralmente, estará a ser obtuso se fizer de conta que isso, só por si, tem alguma utilidade para o avanço da sua proposta política. Os fiéis de sempre em cada máquina partidária vão propalar as maravilhas do costume acerca do desempenho dos seus atletas, mas isso não vai mudar o país para melhor, apenas pode aprofundar a actual incapacidade dos opositores para juntar os cacos do país e apresentar um programa alternativo mobilizador que seja capaz de arrancar algo de bom à realidade tão real que insiste em não se vergar às meras utopias de conveniência.

Para não abandonarmos o país aos derrotados que nos governam, é preciso que algo de novo aconteça do lado das alternativas. E o que falta acontecer só pode acontecer se muitos compreenderem quão próximo estamos do abismo - e compreenderem que a retórica habitual já nem chega para manter os rebanhos na cerca, quanto mais para inventar soluções novas que caibam no estreito caminho que ainda nos é possível e necessário.

24.5.14

A nave dos loucos.


O Presidente do Instituto Superior Técnico, Prof. Arlindo Oliveira, escreve um artigo no Público. Deixo-vos o seguinte excerto:

Considere-se o exemplo de uma portaria recentemente publicada que impõe a obrigatoriedade de consultar a Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas (anteriormente designada e ainda conhecida por Instituto Nacional de Administração, INA) antes da abertura de qualquer concurso que implique a criação de uma relação jurídica de emprego público. Se a ideia base é, em si, louvável, uma vez que, conceptualmente, permite usar mais eficazmente os recursos do Estado, a sua aplicação cega a todas as posições na administração pública, sem exceção, e a todos os contratos de prestação de serviços é inconcebível, ridícula e inexequível. Considere-se o caso de uma escola de engenharia como o IST que, numa perspectiva de manutenção da competitividade internacional, decida abrir, por exemplo, um concurso internacional para uma posição de Professor Catedrático em Fusão Nuclear (ou em Tecnologia Mecânica ou em Informática Industrial ou em Nanomateriais). Fomos devida e inequivocamente esclarecidos pela entidade competente que, a partir de 26 de Março passado, deve o IST consultar sempre o INA antes de abrir qualquer destes concursos para inquirir se não estará porventura disponível, naquela instituição, um funcionário público com as condições e competências necessárias para exercer o cargo. Só por si, esta abstrusa situação, caso venha a ser conhecida no estrangeiro, cobrirá o sistema de ensino superior português e os seus responsáveis de ridículo.

Mas a referida portaria vai mais longe. Ao equiparar qualquer prestação de serviços a uma relação jurídica de emprego público, obriga as universidades (e as outras instituições públicas) a consultar o INA caso necessitem de adquirir uma passagem aérea ou transporte entre o aeroporto e o centro de uma cidade. Presume-se que o legislador terá imaginado que o INA tem à sua disposição pilotos, aviões e um batalhão de taxistas em todas as cidades do mundo, para além, naturalmente, de técnicos de manutenção de microscópios eletrónicos, e de espectrógrafos de massa (para dar apenas dois exemplos), e de um sem fim de outras especialidades. A implementação e regulamentação do que era originalmente uma ideia positiva é tão desastrada que acaba por impor mais um nível de ineficiência e de burocracia a um sistema já tão sobrecarregado com obrigações inúteis.

Para ler na íntegra: A nave dos loucos.

23.5.14

as sugestôes do João Miguel.




[o que é isto?]



Para conseguirmos faire marcher le devoir et l'amour. (Carmen, 2º acto)


No cumprimento do objectivo de acinzentar (mais rigorosamente: enegrecer) as nossas vidas, o Ali Bábá de Massamá vai acabar com a gratuitidade das visitas dominicais aos Museus: a partir de 1 de Junho só é aplicável no primeiro domingo de cada mês. O mesmo diploma fixa em 10€ a entrada nos Jerónimos e cria 14 modalidades de bilhetes-circuito (agregação de várias entradas num único título, válido por um ano). Esta iniciativa pode atenuar o agravamento de preços, mas quando do assalto aos utentes dos transportes públicos não usaram o argumento da simplificação tarifária para eliminarem as modalidades menos dispendiosas? (Um exemplo: acabaram com o passe do Metro, obrigando à compra do Passe Metro e Carris). Claro que ele tem mentiras maiores …
Já está disponível a programação da Gulbenkian Música 14/15 (vou analisar logo que conclua esta edição).

Fui a Cascais para:
  • visitar a exposição: Os Relógios de Sol e a Matemática, no Forte de S. Jorge de Oitavos. Interessantíssima! Pena que não tenha um «catálogo» para guardar, estudar e recordar. Assim, tive de tirar apontamentos (4 preciosas páginas A5), ultrapassando a hora de fecho, sem ser interrompido nem incomodado!
  • assistir à conferência: A Viagem em William Shakespeare, por Mário Vítor Bastos (apresentado como Prof. Universitário especialista em Shakespeare). Uma desgraça! Um alinhamento de lugares comuns ao nível da TV generalista. Completa ausência de associações e de ideias relativas ao tema. O Sr. Prof. nem se lembrava da outra peça, para lá do Mercador de Veneza, que se passa em Veneza … Se (por lapso) voltar a sugerir uma conferência dele, não vá!

Uma sugestâo do Jorge Calado (recebida às 23h30): Vim agora da Gulbenkian do "Written on Skin" - uma experiência inolvidável. A melhor ópera dos últimos cem anos? Avisa os subscritores das Sugestões. … e para notarem a harmónica de vidro (copos), instrumento fundamental no Written on Skin. (Dica: falo da harmónica no Haja Luz!, a propósito do Benjamin Franklin) Os detalhes: última oportunidade, sexta-feira, dia 23, às 19h00, na Gulbenkian (imensos lugares disponíveis de 11 a 22€).


A decorrer:
  • Abertas inscrições para a visita guiada Um Percurso pelo Modernismo Português: Bairro Residencial de Nova Oeiras, às 10h00, de 28 de Maio (0€; 214 408 536, 214 408 544, dct@cm-oeiras.pt)
  • De 29 de Maio a 15 Junho, no Parque Eduardo VII, Feira do Livro.

(Se o texto parece acabar aqui, clicar em Read More para ver as sugestões por dia.)

22.5.14

Rei Só.



Se querem teatro de sofá, coisa burguesa e bem aperaltada, podem largar aqui.
Ainda aí estão? Tenho uma coisa para vos dizer.

O Rei passa os dias a mandar.
Quando o Rei não manda, é preciso adivinhar o que ele quer.
O Ministro passa os dias a ser mandado. Escreve as leis e gere o Reino.
A Dama joga e dá opiniões, mesmo quando não lhe perguntam nada.
O Palhaço serve para fazer o Rei rir. E o Rei gosta de rir.
O Rei, às vezes, não quer ser Rei, quer mandar de outras maneiras.
Tudo está como deve estar.
Uma invasão surge no horizonte.
O Rei é o alvo do inimigo.
O Rei não aceitará tal coisa.

Isto é como eles falam da peça REI SÓ.
É uma alegoria do poder e do povo e das manhas. As manhas do poder e do povo, porque o povo também tem manhas. As alegorias não pegam o animal de frente, pegam o assunto de cernelha. Vêm de cernelha, para não nos fazer a papinha toda, porque quem come só papinha acaba por dar cabo do aparelho digestivo. E nós precisamos de ter todos os aparelhos a funcionar. Os olhos e o resto.

Fui à estreia, ontem, e recomendo. O texto é original, escrito pelo António Pedro Lima, que é também encenador, e que é também o Palhaço. As interpretações são perfeitamente adequadas a um universo que tem tanto de muito sério como de divertido. Sim: eles dizem as coisas e fazem-vos rir e, se vossas mercês quiserem ficar pelos risos, divertem-se - mas não terão percebido nada. Não terão percebido o aviso. Quem não percebe os avisos... bem, pode acabar mal quando chegar o fim dos tempos. Há por aí muitos avisos. Vejam e ouçam o que mostra esta gente nova que anda por aí a ferver e não se armem em distraídos.

Não é propriamente uma novidade pegar nestas personagens para falar da política para lá do dia-a-dia, mas julgo que aqui as coisas seguem um caminho diferente do que é mais costumeiro. E talvez dê que pensar, especialmente aos que (queixando-se ou gabando-se) julgam que "o povo é sereno" e encaixa tudo. Acautelem-se! Eles não vos explicam tudo, é preciso ver mais além...

Interpretação: Alice Medeiros, António Pedro Lima, João André, Jorge Albuquerque.

REI SÓ está na Adamastor Studios, na Praça dos Restauradores, 13. É no 2º andar. Podem ir de elevador ou, subindo umas escadas daquelas que denunciam o descuido do prédio, seguir as deusas das escadas. Ah, quando lá chegarem verão de que falo (verão do que eles falam, essa coisa da deusa das escadas). O espaço está perfeitamente arranjado, podem ir à janela espreitar a praça de um ponto de vista próprio. Reservem, só entram 18 pessoas em cada sessão.

Não sejam invejosos: tenho aqui comigo o bilhete nº 1. Mas não tive nenhum privilégio por causa disso. Apenas cheguei primeiro.

Até 1 de Junho.
De quarta a sábado, às 21h30.
Domingo, às 16h00.
Na sexta-feira 30 de Maio não há.
Reservem pelos telefones 213.460.945 ou 966.526.532.
Ou para info@adamastorstudios.com



21.5.14

vamos sair do euro, vamos?


Uma das teses que fazem as delícias de algumas pessoas que se acham radicais, embora isso nem sempre seja mau e nem sempre seja bom, é a da conveniência de Portugal sair do euro. Não vou tecer grandes considerações sobre isso. Limito-me a deixar-vos um material que me parece relevante.

Como saberá quem me acompanha, não sou admirador de Francisco Louçã. Mas reconheço, desde sempre, que é um pensador consistente, muito bem preparado, actualizado e profundo, além de um político combativo e pessoa que considero honesta. Por isso vê longe as consequências que certos passos poderiam ter e não quer ficar associado a confusões. Em Março de 2012 deu à estampa um livro, com Mariana Mortágua, "A DIVIDADURA - PORTUGAL NA CRISE DO EURO", que na altura interpretei como um testamento político num ponto essencial, que resumiria assim: "não me misturem com essa malta que defende a saída do euro, porque não quero arder na fogueira dessa irresponsabilidade, se vier a acontecer".

Deixo-vos largos excertos do primeiro capítulo desse livro. É uma leitura longa, mas vale a pena.

(Se vê abaixo um "Read More", clique lá para continuar)



Os nove cantos d'Os Lusíadas.


O meu post hoje foi em papel (jornal "i").


20.5.14

Monstros Antigos.


Nuno Júdice sobre "Monstros Antigos":

"em termos globais, é um livro que marca este ano, (...) que tem muitos poemas que são já poemas para ficar"




19.5.14

Cristóvão Colombo e Jean-Claude Juncker.


Jean-Claude Juncker, candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, estando em Portugal com os seus correligionártios do PSD e CDS, terá querido fazer umas graças (as campanhas parece que pedem graças) e terá escolhido adoptar circunstancialmente a teoria (que outros levam a sério) segundo a qual Cristóvão Colombo era, afinal, português.
A "teoria" teria a seguinte explicação: Colombo "partia nunca sabendo para onde ia e, quando chegava, nunca sabia onde estava". Enfim, se era para os portugueses acharem piada, deixo a intérpretes mais doutos do que eu a explicação do motivo para se pensar que nós devamos gostar que nos tratem assim. Mas, enfim, haverá quem ache que, se votamos nestes partidos que nos governam, deve ser por gostarmos que nos tratem assim.
Entretanto, mais interessante, Juncker continua a sua teoria dizendo, ainda na chacota com Colombo, que "era o contribuinte que pagava a viagem”.
Pois, se a malta que, tirando a tropa, a polícia, os tribunais e pouco mais, diz mal de qualquer acção do Estado, estivesse lá para decidir, não tinha havido descobertas para ninguém - porque nada teria começado sem o Estado e não seriam os privados a meter-se por sua conta e risco no arranque dos descobrimentos. Como ainda acontece hoje em dia. E como alguns continuam a querer esquecer.
Mas, enfim, Colombo ainda nos lembramos dele - e é pouco provável que daqui a outro tanto tempo ainda alguém se lembre do próximo presidente da Comissão Europeia. Seja Juncker ou outro - e eu até não regateio alguma simpatia por Juncker, embora me pareça mau para a Europa e para Portugal que os seus amigos vençam as eleições europeias.
Às vezes as graças eleitorais até merecem mais reflexão do que pretendiam os seus autores.


16.5.14

o eterno cadáver de Sócrates.


Há um jornal diário que relata hoje o que seriam as hesitações da direcção do PS acerca de deixar ou não deixar José Sócrates entrar na campanha eleitoral do seu partido. A história começou na edição em papel, evoluindo depois, na edição em linha, para a versão de que Sócrates está guardado para o último dia. Não sei o que será exacto ou especulação nesses relatos, mas nem interessa: que isto seja "notícia" mostra bem por onde tem andado o PS nos últimos tempos.

Há candidatos a deputados europeus, parecendo dar voz aos receios da direcção do PS, que temem que o aparecimento de Sócrates "levante velhos fantasmas" e "forneça argumentos aos partidos do governo". E temem bem: a actual direcção do PS foi a principal responsável pela legitimação da narrativa do PSD e do CDS acerca da crise.

A actual direcção do PS, por palavras e por silêncios, suportou as estórias da direita acerca da natureza socrática da crise: afinal, não foi uma enorme crise internacional - mas uma crise provocada pela má governação de Sócrates; afinal, não foi a União Europeia a incentivar uma resposta "despesista" à crise, tendo mudado depois de agulha e deixando à sua sorte quem ficou mais exposto aos mercados - mas um devaneio socrático; afinal, aqueles que provocaram a crise política (empurrando o governo para a demissão com o chumbo do PEC IV, que era aquilo em que a UE estava disposta a apostar) não tiveram responsabilidade nenhuma no resgate - como se sabe, os mercados adoram investir em países em crise política. A actual direcção do PS sentiu necessidade de deixar passar essa narrativa da direita, para efeitos internos (esmagar o fantasma socrático) e não pensou um segundo sequer no efeito que esse silêncio cúmplice teria na legitimação da política governamental.

Mesmo depois da crise interna, quando Seguro e Costa pareceram dar as mãos em nome do superior interesse do partido, o sectarismo da direcção do PS não mudou nada no essencial. Seguro é mais sorridente, mais redondo ainda do que o costume, mas não perdeu nenhum dos preconceitos e leituras erradas acerca do passado recente - e não deu nenhum passo relevante para uma abertura do partido a valores que circulam fora do seu círculo. A abertura de Seguro a Assis é inconsequente: Assis fala bem mas não tem um pingo da adesão à realidade da governação de um país, adesão à realidade que caracteriza António Costa e o torna diferente no contexto actual da política nacional. Aliás, candidatar Assis ao Parlamento Europeu foi uma mera jogada interna, para poder dividir algum resultado eleitoral que fosse menos risonho. Esta abertura a Assis não esconde que Seguro continua a ter uma ideia acerca dos mais recentes anos da vida nacional que é uma leitura, na melhor das hipóteses, infantil - e, na pior das hipóteses, criminosa, porque o deixa incapaz de perceber o que é preciso fazer no futuro.

O regresso do fantasma de Sócrates mostra que o PS de Seguro continua a pensar que somos todos tolos. Se Sócrates é que teve a culpa da crise internacional, não é por esconder o homem na RTP que isso deixa de ser importante na avaliação política. Se Seguro pensa isso, está errado, mas pelo menos que seja consequente: que o diga ao país, com todas as letras. O que não vale a pena é andar a jogar às escondidas. Os portugueses só podem esperar que contribua para o nosso futuro comum quem seja capaz de assumir o passado; quem tenta esconder o passado na gaveta, por fraqueza pessoal ou por falta de senso político, dificilmente poderá convencer os portugueses da sua capacidade para liderar um caminho de futuro.

Entretanto, a campanha segue às mil maravilhas: tanto a direita como a esquerda da esquerda estão a conseguir passar a mensagem de que, em termos europeus, PS e PSD/CDS não diferem muito. O próprio Assis parece apostado em deixar marinar essa colagem. Entretidos a fazer das Europeias uma espécie de treino para as legislativas, os socialistas não percebem que "esta" Europa não diz nada de bom aos portugueses - e que, por isso, estão a prestar um mau serviço à alternativa europeia com este discurso de convergência mole. Aproveitar as Europeias para falar de governo não deveria servir para deixar cair o europeísmo português numa modorra que não augura nada de bom.

As sugestôes do João Miguel.




[o que é isto?]



Para conseguirmos faire marcher le devoir et l'amour. (Carmen, 2º acto)


Gostei francamente do concerto de Mário Laginha!
Já o salão nobre do Ministério das Finanças foi uma desilusão. Até o Almada (2 telas, das menos interessantes que lhe conheço). Valeu a pena ouvir os jovens músicos da Metropolitan.
No dia 21 há uma possibilidade de visitar o Palácio de Palhavã no âmbito do ciclo Portugal e Espanha – através dos tempos, último século (organizado pelo Instituto Adriano Moreira da Academia das Ciências)

Dias 17 e 18, Dia Internacional dos Museus 2014 - Museus: as coleções criam conexões . Imensa oferta! Cada museu desenvolveu o seu programa. Eu respiguei um número muito limitado dessas iniciativas, (algumas, relacionadas com a inauguração de exposições, estão na matriz de exposições) mas sugiro que consulte http://www.igespar.pt/media/docs/2014/05/15/18_maio_2014a.pdf e construa um roteiro pessoal. Muito mérito das equipas em conseguirem manter o espírito da data.

  • De 16 a 18, no Pavilhão de Exposições da Tapada da Ajuda, 4ª Festa da Flor de Lisboa (www.isa.utl.pt)
  • Até dia 18 (quarta a domingo às 22h00), no Teatro Meridional, Rua do Açúcar Nº 64, Menos Emergências, de Martin Crimp, pelo Teatro do Eléctrico (8€)
  • Até dia 18, ciclo de cinema: 8 ½ Festa do Cinema Italiano
  • Até dia 18, nas lojas da DGPC (direcção geral do Património Cultural = lojas dos museus e palácios, Ajuda, Restauradores …) Feira do Livro dos Museus e Monumentos (descontos até 80%)
  • Até dia 22, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para o curso História do Pensamento (por José Carlos Pereira; 7 sessões, às 15h30 de terças e quintas, com início a 5 de Junho) (www.elcorteingles.pt)
  • Abertas inscrições para a visita guiada Um Percurso pelo Modernismo Português: Bairro Residencial de Nova Oeiras, às 10h00, de 28 de Maio (0€; 214 408 536, 214 408 544, dct@cm-oeiras.pt)

Sexta-feira, dia 16

  • às 9h30, no Farol Museu de Santa Marta, Cascais, Faróis de Cascais, visita a este farol e aos faróis da Guia e do Cabo Raso (0€; inscrições fmsm@cm-cascais.pt, ou 214 815 328/9)
  • às 10h00, na LX Factory, início da 12ª edição do Open Day (a programação vai até às 28h00; detalhes: http://www.lxfactory.com/ficheiros/openday/openday_537357f3bd3a3_15_1.pdf )
  • às 11h35, TV5, Les Châteaux de la Loire (55’)
  • às 13h00, nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, Antonín Dvořak (Terzetto e Quarteto de Cordas n.º 9), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • às 16h03, TV5, L'Euro et Maintenant ? (debate, 57’)
  • às 18h00, no Parque Quinta das Conchas, Out Jazz: Trisonte (0€)
  • às 18h00, no Museu da Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria, Monte Estoril, recital de flauta e piano (N. Paganini e L. V. Beethoven), por Claudio Ferrarini (flauta) e Riccardo Sandiford (piano) (0€)
  • às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Recital a Quatro Mãos (Rachmaninov, Schumann e Liszt), pelos solistas da metropolitana: Anna Tomasik (piano) e Savka Konjikusic (piano) (0€)
  • às 21h00, no Teatro Ibérico, O Basculho da Chaminé, partitura de Marcos Portugal e libreto de Guiseppe Maria Foppa e A Saloia Enamorada, partitura de Leal Moreira (repete dias 17,18 às 17h00, 23 e 24 às 21h00 e 25 às 17h00; 12,5€ max)
  • às 23h20, na RTP2, Livre Pensamento - episódio 11/13: Portugal: Dívida Pública e Défice Democrático, de Paulo Trigo Pereira

Sábado, dia 17

  • das 10h00 às 20h00, no Jardim do Tabaco, visita ao NRP Álvares Cabral e ao NTM Creoula (0€)
  • às 11h00, no Museu do Azulejo, visita guiada, pela comissária Drª Alexandra Curvelo, à exposição O Exótico nunca está em casa?
  • às 12h10, na TSF, Encontros com o Património: Dia Internacional dos Museus - As Coleções criam Conexões
  • às 15h00, na Fábrica da Pólvora de Barcarena, visita temática A Azulejaria da Fábrica da Pólvora de Barcarena, por José Meco (0€; inscrição prévia: 210 977 422/3/4, museudapolvoranegra@cm-oeiras.pt)
  • às 16h00, no Museu do Oriente, Quintetos de Sopros (Françaix, Favre e Ibert), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • às 16h30, o CAM (Centro Arte Moderna da Gulbenkian), Blind Date - Encontros Inesperados: Eisen (5€)
  • às 17h00, no Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Teles (Jardim da Gulbenkian), Conversas ao Entardecer: O jardim no judaísmo, com José Ramos (5€)
  • às 18h00, no Museu do Azulejo, Dia Internacional dos Museus 2014, visita guiada ao Museu (0€)
  • às 18h40, no Museu de Lisboa (Palácio Pimenta), Dia Internacional dos Museus 2014, palestra: A Ginginha Lisboeta, por Ana Marques Pereira (0€)
  • às 19h00, no Museu do Azulejo, Dia Internacional dos Museus 2014, visita guiada à exposição O Exótico nunca está em casa?, pela comissária Dr.ª Alexandra Cuvelo (0€)
  • às 19h30, no Museu Nacional de Arte Antiga, Antonín Dvořak (Terzetto e Quarteto de Cordas n.º 9), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • às 20h00, no Museu do Azulejo, Dia Internacional dos Museus 2014, O Fascínio do Oriente: Cerimónia do Chá, Dança do Leão, … (0€)
  • às 21h20, na ARTE, Naturopolis - Et si Paris se mettait au vert... (52’)
  • às 21h30, na Basílica Real de N.S. da Conceição, em Castro Verde, 10º edição do Festival Terras Sem Sombra, Theatrum Sacrum: Obras-primas do barroco napolitano, pelo Cappella della Pietà de' Turchini (0€)
  • às 21h30, no Centro Cultural Franciscano - Largo da Luz, café concerto (5€=entrada, aperitivos e uma bebida)
  • às 21h30, na Fábrica da Pólvora de Barcarena, Homenagem a L. Freitas Branco (L. Freitas Branco e F. Lopes Graça), por Solistas da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras (0€)
  • às 21h30, no Palácio Nacional de Mafra, concerto Sons do Mundo (0 €)
  • às 21h30, no Auditório Carlos Paredes, concerto Homenagem a Édith Piaf, com António Vitorino D'Almeida e convidados (0€)
  • às 22h00, no Espaço Nova Morada . Paço de Arcos, Mostra de Teatro Amador de Oeiras: Não se ganha, não de paga, de Dario Fo, pelo Grupo Cénico Nova Morada
  • às 22h30, na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Dia Internacional dos Museus 2014: concerto, pelo New Music jazz Quartet
  • às 24h10, na TV5, Degas, Le Corps Mis À Nu (documentário, 52’)
  • às 25h02, na TV5, Gérard Garouste, Retour Aux Sources (documentário, 52’)

Domingo, dia 18

  • Dia Internacional dos Museus 2014 - Casa-Museu Medeiros e Almeida: abertura excepcional, entrada grátis, visita guiada às 16h00, seguida de cocktail
  • Dia Internacional dos Museus 2014 - Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves: visitas livres das 10h00 às 18h00
  • às 10h20, na ARTE, Metropolis – Vienne (43’)
  • às 11h00, no Museu do Azulejo, Dia Internacional dos Museus 2014, visita guiada à exposição O Exótico nunca está em casa?, pela comissária Dr.ª Alexandra Cuvelo (0€)
  • às 11h00, no CAM (Centro Arte Moderna da Gulbenkian), Um olhar sobre o peso e a leveza na obra de Rui Chafes, usando a aguada como técnica (0€)
  • às 11h05, na ARTE, Sublimes Bars Du Monde: episódio 3/4 – Drôle d’abri pour un cocon
  • às 11h30, na ARTE, Philosophie: Montaigne (29’)
  • às 12h00, na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Dia Internacional dos Museus 2014: visita às reservas, por Maria Teodora Marques
  • às 14h30, no CCB, Pequeno Auditório, dia Óscar Lopes (0€)
  • às 14h30, no CAM (Centro Arte Moderna da Gulbenkian), A mão imaginante: um percurso pelo imaginário de João Tabarra em forma de diário gráfico (0€)
  • às 15h00, no Museu do Azulejo, Dia Internacional dos Museus 2014, visita orientada ao Museu e Convento da Madre de Deus
  • às 16h30, no CAM (Centro Arte Moderna da Gulbenkian), visita às reservas do CAM (0€)
  • às 16h40, na ARTE, LaM Lille métropole (museu de arte moderna e contemporânea; 50’)
  • às 17h00, no Jardim da Torre de Belém, Out Jazz: The Mingus Project (0€)
  • às 21h50, na RTP2, Memórias do Século XX – episódio 2/4: Eduardo Gageiro (50’)

Segunda-feira, dia 19

  • às 13h02, na TV5, Des Racines & Des Ailes: La nouvelle Seine; Tout un monde à Paris; Hôtels particuliers (110’)
  • às 17h00, na Academia das Ciências, conferência do ciclo Portugal e Espanha – através dos tempos, último século: A Cimeira das Lajes: Portugal e Espanha e a Guerra do Iraque, por Bernardo Pires de Lima (0€)
  • às 21h30, na Barraca (Largo de Santos, 2), Encontros Imaginários: Himmler (José Zaluar), Infante D. Henrique (Gomes Marques) e Che Guevara (Tino Flores) (7€)
  • às 21h30, na Casa da Achada, Les murs d'une révolution (1976, 8 min.), de Jean Paul Dekiss e Nós por cá todos bem (1978, 80 min.) de Fernando Lopes (0€)
  • às 22h00, na RTP2, Visita Guiada - episódio 12/13: Museu Nacional de Etnologia, Lisboa
  • às 23h20, na RTP2, Livre Pensamento - episódio (estreia! No site da RTP2)

Terça-feira, dia 20

  • às 8h50, na ARTE, Naturopolis – New York La révolution vert ... (52’)
  • às 12h30, na RTP2, Visita Guiada - episódio 10/13: Universidade de Coimbra
  • às 14h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): Um Lugar na Alta Roda, de J. Clayton (senhas a partir das 13h30)
  • às 17h00, no Auditório da Biblioteca da F. Ciências Tecnologia, Universidade Nova, Caparica, CineClube: The African Queen (A Rainha Africana), de J. Huston (0 €)
  • às 17h00, na Academia das Ciências, conferência do ciclo Portugal e Espanha – através dos tempos, último século: O Futuro das Relações Luso-Espanholas, por D. Eduardo Junco (0€)
  • às 17h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): Um Lugar na Alta Roda, de J. Clayton (senhas a partir das 16h00)
  • às 18h30, no Institut Français du Portugal, conferência-debate: Os exilados políticos portugueses em França face à Revolução do 25 de Abril, com Mário Soares, Teresa de Sousa, Manuel Villaverde Cabral e José Gil (moderador) (0€)
  • às 18h30, no Auditório do Instituto Cervantes, projecção: La hija del engaño, de L. Buñuel (0€)
  • às 21h20, na ARTE, Schulz contre Juncker - Le duel pour l'Europe (52’)
  • às 22h00, na RTP2, Entre Imagens - episódio 12/13: João Pina (25’)
  • às 23h30, na RTP2, Livre Pensamento - episódio ?

Quarta-feira, dia 21

  • às 12h30, na RTP2, Entre Imagens - episódio 10/13: Patrícia Almeida (25’)
  • às 18h00, no Museu N. do Teatro, debate: Museus de Futuro, o que Abril nos ensinou, com Simonetta Luz Afonso, Samuel Rego, António Carvalho, José Carlos Alvarez e Pedro Delgado Alves (moderador) (0€)
  • às 21h30, no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, conferência do ciclo Livros Proibidos: História Universal da Infâmia, de José Luís Borges, com pedro Mexia e Ricardo Costa (moderador) (0€)
  • às 21h35, na ARTE, Écrivain d’O (63’)
  • às 23h20, na RTP2, Livre Pensamento - episódio ?

Quinta-feira, dia 22

  • às 7h38, na TV5, Mediterrâneo: Lisboa, Balkans, … (27’)
  • às 13h25, na Casa-Museu Medeiros e Almeida, Pausa para a Arte: Os cartonniers da Casa-Museu (0€)
  • às 18h30, no Grande Auditório da Gulbenkian, apresentação da nova Temporada da Gulbenkian Música (0€)
  • às 26h45, na ARTE, Yves Saint Laurent - Le dernier défilé (52’)

A seguir:

  • Dia 23, às 16h30, na Culturgest, ciclo Portugal – Propostas para o Futuro, conferência: Investimento para competir na Globalização, com André Jordan, Carlos Brazão, Pedro Lima e Fernando Bello (moderador) (senhas a partir das 16h00, com transmissão em http://www.culturgest.pt/)
  • Dia 23, às 17h00, na Mezzo, La Bohème, de Giacomo Puccini (2009; MET; maestro Nicola Luisotti, encenação Franco Zeffirelli, Angela Gheorghiu (Mimi) Ramón Vargas (Rodolfo), Ainhoa Arteta (Musetta), Ludovic Tézier (Marcello), Oren Gradus (Colline), Quinn Kelsey (Schaunard) e Paul Plishka (Benoit, Alcindoro); 132’; repete dia 27, às 17h00)
  • Dia 23, às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Premiados PEN Clube: Rosa Maria Martelo e Fernando Rosas (0€)
  • Dia 23, às 19h00, no El Corte Inglés, sessão do ciclo de conferências e debates Pensar Portugal: Educação e Liberdade de Escolha, com o autor Paulo Guinote (0€, inscrição prévia em: Ponto de Informação, Piso 0, ou relacoespublicas@elcorteingles.pt)
  • Dia 23, às 21h10, na ARTE, Naturopolis – Tokyo, de la mégapole à la ville-jardin (50’)
  • Dia 23, às 21h30, na Cinemateca, Oxalá, de A. P. Vasconcelos
  • Dia 23, às 22h00, no Café Saudade, Sintra, Saudade ao Vivo, com os Terraza
  • Dia 23, às 23h00, na ARTE, Mademoiselle Kiki et les Montparnos (14’)
  • Dia 23, às 27h30, na TV5, Mediterrâneo: Lisboa, Balkans, … (27’)
  • Dia 24, às 16h00, na Livraria Bulhosa (Entrecampos), leitura encenada A Selva, de F. de Castro
  • Dia 24, às 16h00, no Jardim da Parada, Instituto Superior de Agronomia, concerto Música na Floresta, com Orquestra de Foles (0€, inscrição prévia em concerto@isa.ulisboa.pt)
  • Dia 24, às 21h30, no Teatro-Cine de Torres Vedras, Temporada Darcos: A Bicicleta do Poeta (J. S. Bach, J. Eduardo Rocha, N. Côrte-Real e W. A. Mozart), com o Ensemble Darcos (5€)
  • Dia 24, às 21h30, no Café Saudade, Sintra, Leituras no Café Saudade (tertúlia literária): Poesia de Alberto Caeiro, dinamizadas por Vítor Pena Viçoso (0€)
  • Dia 28, às 18h30, na Culturgest, ciclo Estética e Política entre as Artes, conferências: Arte, dispositivos e operações, por Teresa Cruz e Será possível uma crítica de arte que não utilize categorias clínicas?, por Nuno Nabais (senhas a partir das 18h00, com transmissão em http://www.culturgest.pt/)
  • Dia 29, às 18h00, no Museu do Oriente, conferência Oriente e Ocidente: Entre a Fábula e a Geometria. Bordados Indianos da Colecção do MNAA, Teresa Pacheco e Patrícia Milhanas Machado (0€)
  • De 29 de Maio a 15 Junho, no Parque Eduardo VII, Feira do Livro
  • De 4 a 6 Junho, no no Salão Nobre do Palácio Azurara, Museu de Artes Decorativas Portuguesas/ Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, colóquio Luso-Brasileiro: A Casa Senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (sécs. XVII, XVIII e XIX). Anatomia dos Interiores, (0€, inscrição prévia: 218 814 695, ou casa.senhorial.lisboa.rio@gmail.com).


Não deixe de consultar a matriz de exposições (clicando aqui pode descarregar ficheiro Excel).




9.5.14

revolucionários, radicais e assim.


Para decidirmos se gostamos ou não de revolucionários é preciso saber que não há só revolucionários de uma cor. Há revolucionários de esquerda, há revolucionários de direita. Até há revolucionários religiosos.

Acontece a algumas pessoas pensarem que gostam de revolucionários por só se darem conta da existência de uma cor de revolucionários. Por exemplo, há pessoas que admiram Che Guevara sabendo bem quem foi Che Guevara e o que fez. Mas também há pessoas que admiram Che Guevara porque sabem pouco de algumas coisas que ele fez. Na verdade, algumas pessoas, se pensassem que alguém lhes poderia fazer o que Che Guevara fez a algumas pessoas, deixariam logo de gostar de Che Guevara.

A maior parte das pessoas de esquerda que admiram os revolucionários de forma simples, desconhecem os perigos dos revolucionários de direita. Ou melhor, desconhecem que há radicais de direita que são tão revolucionários como os seus comparsas de esquerda. E vice-versa, para a direita.

Uma das coisas interessantes, por assim dizer, com aspas, no actual estado do país, é que temos um governo radical de um certo tipo de direita (que, tradicionalmente, seria abominado por certa outra direita, por exemplo, pela democracia cristã) e só agora é que algumas pessoas estão a descobrir que não há só radicais de esquerda - também há, afinal, radicais de direita! Radicais no pensamento e nos métodos. E, vejam lá, têm pouso e sede no governo.

Os revolucionários, ou radicais, têm sempre admiradores. Gente que é capaz de descrever o mais insensível dos "chefes" como uma cândida branca flor. Para conhecerem uma dessas afinidades electivas, leiam o texto que vos deixo em "link": Obrigatório ler.

"Depois da Revolução".




Ontem fui ao Teatro do Bairro ver "Depois da Revolução". Sendo anunciado como "teatro musical", eu normalmente não iria: vejo poucos espectáculos, pelo que sou ferozmente selectivo e o género "teatro musical"... bem, costumo preferir ópera, mesmo, a sério. Fui, desta vez, por estarem lá em cena dois amigos, que fiz por termos sido parceiros no projecto "Ilusão". E o que tenho a dizer é: gostei mesmo.

Dos vários espectáculos a que assisti nesta onda de "saudosas comemorações 40 anos depois", este é o único em que todos os que dão a cara são nascidos depois do "dia inicial inteiro e limpo". Isso tem algum significado: quanto não vale ver gente que já nasceu em liberdade a falar de algo que lhes podia ser indiferente, como a tantos acontece? Esse aspecto é uma centelha de esperança: valeu a pena fazer alguns disparates para que esta gente "normal" (como a Sónia e o Luís) possa representar "a revolução" como história, pronto, isso que se fez e nos trouxe aqui e não é preciso fazermos de heróis, podemos simplesmente fruir e compreender.

Mas isso podia ser pouco, se fosse só isso. Não foi só isso. Não há ali propriamente uma história (o espectáculo é uma sucessão de quadros) e isso poderia ser irritante, mas, por outro lado, aquele mosaico é muito equilibrado a dar vários ingredientes: tem uns pós de crítica da situação actual (logo no início alguém diz para outro "tu és pós-pós-pós-doutorada"; o desemprego larvar não está ausente; "este parte, aquele parte, todos todos se vão" é uma canção que não é cantada mas cujo referente é evocado), retoma questões candentes de outras revoluções historicamente relevantes (o episódio da guilhotina, uma outra referência que julgo ser aos cartistas ingleses, mas não estou certo), suscita questões básicas de filosofia política mais relevantes hoje em dia do que gostaríamos (não terá de haver sempre uma "classe baixa" para a "classe alta" fazer o progresso?) - e, claro, evoca textos e situações reais da revolução portuguesa, fazendo-o sem pudor e sem excessivo respeito, porque a veneração não é para estas santidades. E a receita é equilibrada também nas emoções: um pouco de revolta, um pouco de preocupação, um pouco de ironia, também alguma alegria.

Como eles dizem: "Depois da Revolução é um teatro musical, quase todo ele cantado, mas também gritado, encenado, dançado, sonhado...". E uma comemoração que pode ser amada, entristecer, fazer pensar... e, acima de tudo, ajudar-nos a fazer um balanço: o capitalismo recuperou quase tudo, mas a liberdade está aí e esta gente usa-a para nos dar arte. E "esta gente" é uma nova geração, menos saudosista do que nós, mas que verdadeiramente leva à vida, à prática, o que valeu a pena na revolução.

(Até 18 de Maio. É de ir.)


As Sugestôes do João Miguel.



[o que é isto?]



Para conseguirmos faire marcher le devoir et l'amour. (Carmen, 2º acto)



A Mezzo está «a marcar em cima» o MET. Não são os primeiros sintomas da epidemia de futebolite que se aproxima, mas o facto de a Mezzo transmitir duas óperas do MET que integraram a temporada deste ano. Vai ser fascinante compará-las.
O Teatro D. Maria II acaba de repor, até dia 25, O Aldrabão (Pseudolus), de Plauto. Em São Bento os outros mantêm-se para lá dessa data.

  • Abertas inscrições para o curso (grátis) Ciclo Ideologias Políticas Modernas (por João Pereira Coutinho; 6 sessões; sábados, de 10 de Maio a 28 de Junho; das 15h30 às 16h30; no CCB; inscrições: inscricoes.ciclos.humanidades@ccb.pt)
  • Até dia 11, no Auditório do Casino do Estoril, Estoril Jazz 2014
  • Abertas inscrições para o curso (grátis) Ciclo A Terra e o Homem no Espaço Português (por Raquel Soeiro de Brito; 7 sessões; segundas, de 12 de Maio a 30 de Junho; das 18h00 às 19h00; no CCB; inscrições: inscricoes.ciclos.humanidades@ccb.pt)
  • Até dia 12, no El Corte Inglês (Ponto de Informação, Piso 0), inscrições (grátis) para o curso Uma Viagem pela Literatura Europeia (por António Mega Ferreira; 10 sessões, às 19h00 de segundas e quartas, com início a 26 de Maio) (www.elcorteingles.pt)
  • Abertas inscrições para o curso A China Além dos Mitos, por Sasha Lima (5 sessões; quartas, às 18h00, de 14 de Maio a 11 de Junho; na Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, 213 540 823; 50€, sessão avulsa 15€)
  • Até dia 18 (quarta a domingo às 22h00), no Teatro Meridional, Rua do Açúcar Nº 64, Menos Emergências, de Martin Crimp, pelo Teatro do Eléctrico (8€)
  • Até dia 18, ciclo de cinema: 8 ½ Festa do Cinema Italiano
  • Até dia 18, nas lojas da DGPC (direcção geral do Património Cultural = lojas dos museus e palácios, Ajuda, Restauradores …) Feira do Livro dos Museus e Monumentos (descontos até 80%)
  • Abertas inscrições para a visita guiada Um Percurso pelo Modernismo Português: Bairro Residencial de Nova Oeiras, às 10h00, de 28 de Maio (0€; 214 408 536, 214 408 544, dct@cm-oeiras.pt

Sexta-feira, dia 9

  • às 10h00 e às 11h30, no Palácio da Ega, Calçada da Boa Hora, nº 30, visita guiada ao Palácio e ao Herbário (0€; inscrição prévia: laura.domingues@iict.pt ou 213 616 343)
  • às 11h34, TV5, Les Châteaux de la Loire (60’)
  • às 18h00, na Casa da Achada, Os livros da minha vida: Le Crève-Cœur, de Louis Aragon, com Saguenail
  • às 18h00, no Palácio Foz, recital de piano (Rachmaninoff, Bartók, Wagner e Ravel), por Teresa Palma Pereira (0€)
  • às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Dia Luiza Neto Jorge (1939-1989): conferência de Fernando Cabral Martins e leituras por Natália Luiza (0€)
  • às 19h00, na Escola Alemã de Lisboa, cabaré: Freaks. Eine Abrechnung, pela Kom(m)ödchen (0€; inscrições 21 8824510)
  • às 19h30, na Cinemateca, O Diabo é uma Mulher, de J. Sternberg
  • às 21h30, no Grande Auditório da Gulbenkian, Rising Stars: recital (Mantovani e Brahms), pelo Quatuor Voce: Sarah Dayan (violino), Cécile Roubin (violino), Guillaume Becker (viola), Lydia Shelley (violoncelo) (5 €)
  • às 21h30, na ARTE, Naturopolis - New York la révolution verte (53’)
  • às 22h00, na Cinemateca, A Piscina, de J. Deray
  • às 22h00, na Casa da América Latina, Nuna (música argentina) (0€)
  • às 23h29, na RTP2, Livre Pensamento - episódio 8/13: O Ensino do Português, de Maria do Carmo Vieira

Sábado, dia 10 (Dia das Aves nos Jardins da Gulbenkian)

  • às 10h00, no Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Telles, Gulbenkian, O Canto das Aves (passeio de identificação das aves através do canto) (5€)
  • às 11h30, na RTP2, A Cantiga Era uma Arma
  • às 12h10, na TSF, Encontros com o Património: Museu Nacional Soares dos Reis
  • às 12h30, no Grande Auditório da Gulbenkian, Rising Stars: recital de violino e piano (Beethoven, Granados e Ravel), com Leticia Moreno (violino), Ana-Maria Vera (piano) (5€)
  • às 13h30, no Palácio Foz, visita guiada (0€, inscrição prévia: 21 322 1240 ou visitas.guiadas@gmcs.pt )
  • às 14h30, no Grande Auditório da Gulbenkian, Rising Stars: recital (Beethoven e Dvořák), pelo Trio Van Baerl: Gideon der Herder (violoncelo), Hannes Minnaar (piano) e Maria Milstein (violino) (5€)
  • às 15h00, na Sala 1 da Gulbenkian, palestra: As Aves nos Jardins da Gulbenkian – uma mais-valia natural (0€)
  • às 15h30, no Mosteiro das Monjas Dominicanas do Lumiar (Quinta do Frade - à Praça Rainha D. Filipa), ciclo de Conferências do Mosteiro 2013/14: A caridade dá que fazer, por Alfredo Bruto da Costa (0€)
  • às 16h30, IX desfile (da Praça do Município ao Rossio) da Máscara Ibérica
  • às 16h30, o CAM (Centro Arte Moderna da Gulbenkian), Blind Date - Encontros Inesperados: Eisen (5€)
  • às 17h00, na Igreja de S. Vicente de Fora, concerto de órgão, por Célia Sousa Tavares (0€; reservas: info@althum.com ou 919 745 338)
  • às 19h30, na Cinemateca, O Prazer, de M. Ophuls
  • às 19h30, na Mezzo, La Cenerentola, de Gioachino Rossini (2009; MET; maestro Maurizio Benini, encenação Cesare Lievi, Elina Garanca (Angelina), Lawrence Brownlee (Prince Ramiro), Simone Alberghini (Dandini), Alessandro Corbelli (Don Magnifico), Rachelle Durkin (Clorinda), Patricia Risley (Tisbe); 164’; repete dias 21 às 15h00 e 26 às 17h00)
  • às 19h45, na ARTE, De l'Orient à l'Occident (1/7): episódio 1/7 – Entre le Tigre et l'Euphrate (57’)
  • às 20h45, na ARTE, De l'Orient à l'Occident (1/7): episódio 2/7 – Le triomphe du monothéïsme (56’)
  • às 21h30, no Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra, concerto (Shadows, Beatles, Bee Gees, Otis Redding) comemorativo dos 50 anos dos Diamantes Negros (10€)
  • às 21h30, na Igreja de N.S. da Feira, 10º edição do Festival Terras Sem Sombra, O Sagrado e o Profano: Aliterações húngaro-portuguesas, pela Capella Duriensis, com direção de Jonathan Ayerst (0€)

Domingo, dia 11

  • às 10h20, na ARTE, Metropolis – Graz (43’)
  • às 10h30, no Museu do Azulejo, visita orientada ao Museu e Convento da Madre de Deus (0€)
  • às 11h05, na ARTE, Sublimes Bars Du Monde: episódio 2/4 – Le grand retour de l’ornementation (25’)
  • às 11h30, na ARTE, Philosophie: Violence (29’)
  • às 12h00, Domingos com Arte no CAM (Centro Arte Moderna da Gulbenkian), Rui Chafes: O peso do Paraíso (2€)
  • às 13h45, na ARTE, De l'Orient à l'Occident (1/7): episódio 1/7 – Entre le Tigre et l'Euphrate (57’)
  • às 14h45, na ARTE, De l'Orient à l'Occident (1/7): episódio 2/7 – Le triomphe du monothéïsme (56’)
  • às 16h00, no Grande Auditório da Gulbenkian, Rising Stars: recital (Beethoven, Schubert, Chopin, Dubrovay, Ravel e Liszt), com János Balázs (piano) (5€)
  • às 17h00, no Auditório Senhora da Boa Nova, Galiza – Estoril, Missa Criolla (A. Ramírez) (?€, reservas 91 248 54 64)
  • às 17h00, no Centro Cultural de Cascais, Schumann e Fauré, pelo Moscow Piano Quartet (senhas a partir das 16h00) NÃO CONFIRMADO
  • às 17h41, TV5, Les Châteaux de la Loire (56’)
  • às 19h00, no Grande Auditório da Gulbenkian, Rising Stars: recital (Bassi, Rachmaninov, Fauré, Giacomma, Schumann, Chopin e Sarasate), com Dionysis Grammenos (clarinete) e Karina Sposobina (piano) (5€)
  • às 21h00, no Grande Auditório da Gulbenkian, Rising Stars: concerto de jazz, pelo Pablo Held Trio: Pablo Held (piano), Robert Landfermann (contrabaixo) e Jonas Burgwinkel (bateria) (5€)
  • às 23h45, na ARTE, Pierre et le Loup, Histoire d'un Succès Planétaire (52’)
  • às 24h40, na ARTE, Claude – ópera de Thierry Escaich (partitura) e Robert Badinter (libreto) de denúncia da pena de morte e outras injustiças; Ópera de Lyon; 2013; Jean-Sébastien Bou no papel principal, encenação de Olivier Py (97’)

Segunda-feira, dia 12

  • às 11h00, na Sociedade de Geografia, sessão pública de apresentação (sugiro que não vá, a sugestão é aproveitar o upgrade …) da melhoria do portal i-GEO que passa a disponibilizar os conteúdos SIPA (Sistema de Informação do Património Arquitetónico) do IHRU
  • às 13h05, TV5, Paris Années Folles (documentário, 85’)
  • às 15h30, na Cinemateca, Zazá, de G. Cukor
  • às 21h30, na Casa da Achada, Liberdade para José Diogo (1975, 66 min.), de Luís Galvão Teles e Censura (1999, 75 min.), de Manuel Mozos (0€)
  • às 22h00, na RTP2, Visita Guiada - episódio 11/13: Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Lisboa
  • às 23h20, na RTP2, Livre Pensamento - episódio 3/13: Economia, Moral e Política, de Vítor Bento

Terça-feira, dia 13

  • às 12h30, na RTP2, Visita Guiada - episódio 9/13: Mosteiro de Tibães, Braga
  • às 14h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): Paixão Proibida, de T. Richardson (senhas a partir das 13h30)
  • às 17h00, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, Galerias Alto da Barra, Oeiras, Masterclass da História do Cinema O Melhor do Cinema Inglês (1935-2000): Paixão Proibida, de T. Richardson (senhas a partir das 16h00)
  • às 18h00, no Palácio Foz, recital de canto e piano (Berlioz, Meyerbeer, Massenet, Donizetti e Verdi), com Manuel Pedro Nunes (barítono) e Paule Grimaldi (piano) (0€)
  • às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, conferência: Fernando Pessoa e os Partizans, por Miklavž Komelj (0€)
  • às 18h30, no Auditório do Instituto Cervantes, projecção: Subida al cielo, de L. Buñuel (0€)
  • às 19h30, na Mezzo, La Bohème, de Giacomo Puccini (2009; MET; maestro Nicola Luisotti, encenação Franco Zeffirelli, Angela Gheorghiu (Mimi) Ramón Vargas (Rodolfo), Ainhoa Arteta (Musetta), Ludovic Tézier (Marcello), Oren Gradus (Colline), Quinn Kelsey (Schaunard) e Paul Plishka (Benoit, Alcindoro); 132’; repete dias 23 e 27, às 17h00)
  • às 22h00, na RTP2, Entre Imagens - episódio 11/13: João Tabarra (25’)
  • às 23h30, na RTP2, Livre Pensamento - episódio 4/13: A Ciência em Portugal, de Carlos Fiolhais

Quarta-feira, dia 14

  • às 12h30, na RTP2, Entre Imagens - episódio 9/13: Jorge Molder (25’)
  • às 17h00, no Auditório do Edifício do Banco de Portugal, R. Febo Moniz, Momentos de Música, por Mário Laginha (piano) (0€)
  • às 18h00, no Palácio Foz, recital de harpa e piano (comemoração do Dia Nacional do Paraguai), com Ismael Ledesma (harpa) e Chiara d’Odorico (piano) (0€)
  • às 18h00, na Casa de Santa Maria, conferência: A Talha Barroca - diálogo entre a Arte e a Fé, por Sívia Ferreira (0€)
  • às 18h30, na Culturgest, ciclo Estética e Política entre as Artes, conferências: Devagar, a poesia, por Rosa Maria Martelo; Estética e política: produção e reprodução históricas dos sentidos, por Manuel Gusmão (senhas a partir das 18h00, com transmissão em http://www.culturgest.pt/)
  • às 20h03, na TV5, Des Racines & Des Ailes: La nouvelle Seine; Tout un monde à Paris; Hôtels particuliers (110’)
  • às 21h30, no River Lounge Bar do Hotel Myriad (Torre Vasco da Gama), concerto: Selma Uamusse (?€)
  • às 21h50, na ARTE, Yves Saint Laurent - Le dernier défilé (52’)
  • às 23h20, na RTP2, Livre Pensamento - episódio 9/13: A Morte, de Maria Filomena Mónica

Quinta-feira, dia 15

  • às 13h00, no Salão Nobre do Ministério das Finanças, Quintetos de Sopros (Françaix, Favre e Ibert), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • às 13h25, na Casa-Museu Medeiros e Almeida, Pausa para a Arte: Esmaltes Franceses (0€)
  • às 18h00, no Museu do Oriente, conferência Oriente e Ocidente. Registos Sobre a Porcelana. Séculos XVI a XVIII, por Rui Trindade (0€)
  • às 18h30, na Sociedade Portuguesa de Autores, Trios com Piano (Milhaud, Zemlinsky e Beethoven), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Poesia, Jazz e Tudo: Pessoa, Drummond e caipirinha, com Nicolau Santos, o Quarteto de Manuel Lourenço (3€)
  • às 18h30, no auditório do Goethe Institut, conferência: Small Scale, Big Change - New Architectures of Social Engagement, por Andres Lepik (0€)
  • às 19h00, no El Corte Inglés (Restaurante, Piso 7), ciclo de concertos do Âmbito Cultural: Quartetos de Cordas (Stravinsky, Schubert e Chostakovich), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€, inscrição prévia em: Ponto de Informação, Piso 0, ou relacoespublicas@elcorteingles.pt)
  • às 21h50, na ARTE, Debate entre os candidatos à Presidência da Comissão Europeia
  • às 23h20, na RTP2, Livre Pensamento - episódio 10/13: Difícil é Educá-los, de David Justino

A seguir:

  • Dias 16 e 17, Dia Internacional dos Museus 2014 - Museus: as coleções criam conexões
  • Dia 16, às 9h30, no Farol Museu de Santa Marta, Cascais, Faróis de Cascais, visita a este farol e aos faróis da Guia e do Cabo Raso (0€; inscrições fmsm@cm-cascais.pt, ou 214 815 328/9)
  • Dia 16, às 11h35, TV5, Les Châteaux de la Loire (55’)
  • Dia 16, às 13h00, nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, Antonín Dvořak (Terzetto e Quarteto de Cordas n.º 9), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • Dia 16, às 16h03, TV5, L'Euro et Maintenant ? (debate, 57’)
  • Dia 16, às 18h30, na Casa Fernando Pessoa, Recital a Quatro Mãos (Rachmaninov, Schumann e Liszt), pelos solistas da metropolitana: Anna Tomasik (piano) e Savka Konjikusic (piano) (0€)
  • Dia 16, às 23h20, na RTP2, Livre Pensamento - episódio 11/13: Portugal: Dívida Pública e Défice Democrático, de Paulo Trigo Pereira
  • Dia 17, das 10h00 às 20h00, no Jardim do Tabaco, visita ao NRP Álvares Cabral e ao NTM Creoula (0€)
  • Dia 17, às 11h00, no Museu do Azulejo, visita guiada, pela comissária Drª Alexandra Curvelo, à exposição O Exótico nunca está em casa?
  • Dia 17, às 15h00, na Fábrica da Pólvora de Barcarena, visita temática A Azulejaria da Fábrica da Pólvora de Barcarena, por José Meco (0€; inscrição prévia: 210 977 422/3/4, museudapolvoranegra@cm-oeiras.pt)
  • Dia 17, às 16h00, no Museu do Oriente, Quintetos de Sopros (Françaix, Favre e Ibert), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • Dia 17, às 19h30, no Museu Nacional de Arte Antiga, Antonín Dvořak (Terzetto e Quarteto de Cordas n.º 9), por Jovens Solistas da Metropolitana (0€)
  • Dia 17, às 21h20, na ARTE, Naturopolis - Et si Paris se mettait au vert... (52’)
  • Dia 17, 21h30, no Centro Cultural Franciscano - Largo da Luz, café concerto (5€=entrada, aperitivos e uma bebida)
  • Dia 17, às 21h30, no Palácio Nacional de Mafra, concerto Sons do Mundo (0 €)
  • Dia 17, às 21h30, na Basílica Real de N.S. da Conceição, em Castro Verde, 10º edição do Festival Terras Sem Sombra, Theatrum Sacrum: Obras-primas do barroco napolitano, pelo Cappella della Pietà de' Turchini (0€)
  • Dia 17, às 22h00, no Espaço Nova Morada . Paço de Arcos, Mostra de Teatro Amador de Oeiras: Não se ganha, não de paga, de Dario Fo, pelo Grupo Cénico Nova Morada
  • Dia 18, Dia Internacional dos Museus 2014 - Casa-Museu Medeiros e Almeida: abertura excepcional, entrada grátis, visita guiada às 16h00, seguida de cocktail
  • Dia 18, às 11h00, no Museu do Azulejo, visita guiada, pela comissária Drª Alexandra Curvelo, à exposição O Exótico nunca está em casa? (0€)
  • Dia 18, às 14h30, no CCB, Pequeno Auditório, dia Óscar Lopes (0€)
  • Dia 19, às 21h30, na Barraca (Largo de Santos, 2), Encontros Imaginários: Himmler (José Zaluar), Infante D. Henrique (Gomes Marques) e Che Guevara (Tino Flores) (7€)
  • Dia 22, às 18h30, no Grande Auditório da Gulbenkian, apresentação da nova Temporada da Gulbenkian Música (0€)
  • Dia 24, às 21h30, no Teatro-Cine de Torres Vedras, Temporada Darcos: A Bicicleta do Poeta (J. S. Bach, J. Eduardo Rocha, N. Côrte-Real e W. A. Mozart), com o Ensemble Darcos (5€)
  • De 29 de Maio a 15 Junho, no Parque Eduardo VII, Feira do Livro (julgo que será a 88ª edição, mas vi outro número num site institucional …)



Não deixe de consultar a matriz de exposições (clicando aqui pode descarregar ficheiro Excel).

8.5.14

a grandolada berlinense a Barroso.



Hoje de manhã "partilhei" (no Facebook) a notícia "Barroso interrompido quando discursava em Berlim" com este comentário: "Boas notícias vindas da Alemanha. Barroso interrompido quando discursava em Berlim."

No Twitter alguém respondeu: "sim, ficamos a saber que nas universidades alemãs também há palermas que gostam de interromper os outros. Não é só cá."

Ora bem. Talvez alguns se lembrem que sempre me pronunciei contras as grandoladas sistemáticas, que em certa altura estiveram muito na moda contra ministros deste governo. E também escrevi detalhadamente contra as invasões de galerias no parlamento. Portanto, não tenho muitas explicações a dar quanto ao meu apego à liberdade de expressão de todos os agentes políticos, avesso como sou a métodos que parecem populares mas são facilmente manipuláveis.

Então, estive incoerente? Devo penitenciar-me? Não me parece. Por duas razões.

Primeira: sou contra a perseguição sistemática de pessoas ou de órgãos visando intimidar e evitar que saiam da toca para exercer as suas funções, ou provocar uma perturbação habitual do funcionamento de qualquer órgão. Mas não me parece que estivesse em causa isso neste caso.
Segunda: respeito pede respeito - e Barroso, em período pré-eleições europeias, está a agir como candidato, que não é, para alindar a imagem dos que pensam como ele. E está a fazer isso na Europa e em Portugal. Portanto, a meu ver, neste caso, quem está a abusar é mesmo Barroso. Veja-se, por exemplo, aquela conferência do BCE prevista para começar em Portugal no próprio dia das eleições europeias. É um abuso, uma interferência - e espero que, se a conferência for avante nesses moldes, alguém organize um boicote. O que é demais é demais. A certo ponto, o único modo de fazer ver isso a estes tipos, que funcionam sem escrúpulo democrático, é tratá-los com as mesmas armas.

A candura também cansa.

7.5.14

das emboscadas.


O folclore do governo na "saída limpa", sendo um embuste (que é, e a história da carta escondida ao FMI é apenas um passo da dança), tem muito de uma manobra de judo: aproveitou o impulso do adversário para o derrubar. Quer dizer, aproveitou o barulho das oposições que andaram a clamar contra programas cautelares, fazendo-os equivaler, sem mais considerações, a um segundo resgate.

Infelizmente, isto significa que a esquerda, incluindo o PS, ainda não percebeu uma coisa muito simples: a verdadeira gestão desta crise faz-se a nível europeu. E a gestão a nível europeu não é transparente, não é controlada democraticamente, passa em larga medida por acções que a estrita legalidade proibiria (especialmente no caso da acção do BCE) - e, ponto central, todos os governos querem proteger o status quo, quer dizer, querem proteger os governos que estão, porque isso se confunde com a estabilidade da zona.

No caso específico do PS, parece que só Sócrates percebeu isso - e por isso quis aguentar e evitar o resgate. Sabia que havia maneira de fazer de outro modo e sabia que a Europa queria fazer de outro modo. A actual direcção do PS, que entrou em campo com a primeira prioridade engatada em defender a narrativa passista contra Sócrates, por conveniência interna, nunca mais conseguiu perceber nada do que se passa. E continua numa guerrilha onde, não percebendo a dinâmica europeia, só pode estar sempre a cair em emboscadas do governo. Na verdade, o PSD detesta Portas, mas adoptou em toda a linha o esquema de propaganda do feirante ocasional de camisa aberta. E, para a oposição que temos, isso vai chegando.


6.5.14

da insignificância.



A insignificância da humanidade. Não, não é apenas a nossa pequenez no Universo; somos insignificantes mesmo na "nossa" Terra.
Não passamos de um bando de formigas. Se empilharem todos os seres humanos, não apenas os actualmente vivos, mas todos os que existiram na história, a pilha não dá sequer para encher o Grand Canyon.
Como é que tão pouca massa consegue fazer tanto estrago?!

(fonte)

Notícias da ciência em Portugal em 2014.



«Já Anastácio da Cunha, então penitenciado pela Inquisição, expulso da Universidade, e retido na Casa Pia, em carta descoberta e publicada por Joel Serrão (1971), sob o título “Notícias literárias de Portugal em 1780”, registava a decadência depois de um período de progresso:

Antes desse tempo desditoso já tínhamos logrado alcançar, ainda que com o auxílio dos estrangeiros, e imitando-os, lugar honroso na república das letras. Os nossos sábios eram conhecidos, respeitados, solicitados pelo estrangeiro [...]. Fomos alguma coisa, fomos aquilo a que os ingleses chamam “good scholars”, bons estudantes [...]. Porém, a partir desse século xvi até hoje que é que temos feito? Ai de mim! Escasseia-me a coragem para dizê-lo.

Dir-me-ão: Nunca mais tal acontecerá! Talvez. Por certo, não. Mas de nós depende.»


José Mariano Gago, Notícias da ciência em Portugal em 2014.


um sinal positivo de Bruxelas.


Bruxelas percebeu finalmente a natureza termonuclear da situação que se vive em Portugal.
Pelo menos podemos ter essa esperança, lendo a nota de imprensa que anuncia a nova chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal:
"Desde novembro de 2011, Maria d'Aires Soares desempenhou, como funcionária da Comissão destacada no interesse do serviço, a função de Chefe do Departamento Finanças e Orçamento no ITER (Reator Termonuclear Experimental Internacional) em Cadarache, França."

Na realidade, Portugal está a passar por uma experência termonuclear de grosso calibre.