Já ontem demos aqui conta de uma nota sobre o concurso para "Investigador FCT". É um concurso para escolher os poucos que ficam entre os muitos que são postos no olho da rua.
Quero voltar a insistir num ponto.
A propaganda oficial (da Fundação para a Ciência e Tecnologia) diz que tudo isto é feito com base na avaliação criteriosa de um júri internacional, que é como quem diz, "seguimos os melhores critérios e só fica quem é mesmo bom", sendo que o "internacional" é a legitimação: isto não tem nada a ver com capelinhas cá dentro.
Pois, também nesse ponto a propaganda oficial é uma pura mentira. Na verdade, há uma pré-selecção interna que elimina muitos candidatos antes que tenham qualquer hipótese de verem os seus processos avaliados pelo júri internacional. Os eliminados não sabem sequer quem os eliminou. E, na verdade, são atirados para a rua por um processo com a chancela "júri internacional" - mas foram eliminados por alguém, cá da terra, que só serve ao altar do "júri internacional" aquilo que (bem?) entendeu.
Desta vez terão ficado de fora uns 1000. E de dentro uns 200. Tradicionalmente, quase ninguém diz nada, porque ninguém quer colocar a cabeça de fora quando as balas estão a passar. E a angústia de ser atirado para o estatuto de pária é grande. Desta vez, sendo grossa a coluna, talvez a voz também engrosse. Oxalá.