Jardim desmentido por ofício do chefe de gabinete. Despacho confirma que Alberto João Jardim mandou mesmo executar as dívidas de eletricidade das câmaras perdidas pelo PSD nas últimas eleições.
Alberto João Jardim é, mais uma vez, pioneiro.
Explico-me.
O Governo da República, em lugar de usar os impostos como instrumento para equilibrar as contas com critérios de equidade e progressividade, usa os cortes em grupos escolhidos para aplicar a estratégia "dividir para reinar" - e para arranjar uma desculpa (culpar o TC).
O Jardinismo leva a estratégia mais longe: se é preciso cobrar as contas em atraso, para conter os brutais desequilíbrios das finanças regionais, vamos cortar só nos municípios geridos pela oposição. É uma estratégia brilhante: usa a máquina do Estado para servir os seus interesses partidários (aperta financeiramente as câmaras que lhe não são afectas, favorecendo comparativamente as câmaras do PSD) e, ao mesmo tempo, recolhe alguma receita.
Ficamos à espera das modalidades que tomará esta inovadora radicalização da estratégia "até arrancar olhos" quando transposta para "o continente". Sim, porque, em tempos extraordinários, vale tudo: se podemos atropelar a Constituição em nome da crise, por que não adoptar medidas "mais arrojadas" para punir os malfeitores (as oposições) e, do mesmo passo, "sacar mais algum" ?